sexta-feira, 3 de março de 2006

A incógnita Waldemar

Primeira observação. Qualquer técnico, no momento, seria uma opção melhor do que continuar com Espinosa. Insistir em sua continuidade seria burrice. Não porque Espinosa seja um mero churrasqueiro - como gostamos de chamá-lo - ou porque não entenda nada de futebol. É claro que entende. No entanto, Espinosa aparentemente virou o fio, tornou-se um "ex-técnico em atividade", do tipo que já trabalha sem tesão. Teve o mérito de saber gerir um time cheio de bons jogadores, o do Grêmio de 1981, e ganhou no início da carreira o maior título que um técnico pode querer. Talvez justamente por isso aparentemente preferiu viver desses louros; parece que perdeu a ambição, a vontade de ir mais longe como técnico. Hoje em dia, temos que nos curvar ao seguinte fato: um técnico sem mercado em São Paulo não é um técnico respeitável. É o caso de Espinosa.

Segunda observação: ninguém sabe o que esperar de Waldemar. Parece ser um cara que não inventa muito e que deixou boa impressão por primar pela simplicidade, o que funcionou no final de 2003 com um elenco de qualidade bem razoável, diga-se passagem. O restrospecto em oito ou dez jogos foi muito bom, mas por outro lado isso aconteceu num momento em que o Flamengo nem corria o risco de cair nem aspirava uma vaga na Libertadores - a expectativa era reduzida. Cabe lembrar que desde então Waldemar preferiu voltar a ser assistente do irmão e, portanto, não tem currículo que permita qualquer avaliação que não seja apenas uma aposta. Aplaudir sua contratação é nada mais do que um wishful thinking.

Terceira observação: é bobagem depositar num técnico toda a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso de um time. Tomemos o exemplo de Luxemburgo - quase uma unanimidade como treinador no Brasil. No Real Madri, mesmo com todos aqueles craques, mesmo com toda aquela estrutura, mesmo sendo um estudioso tenaz, mesmo com ene qualidades, ele não teve o sucesso que ele mesmo esperava.

Para treinar em dois períodos - como quer o visitante Paulo Mora e todos que frequentam este blog - o time precisa de um clube que lhe ofereça condições. Um lugar para almoçar; um lugar para descansar do almoço; um lugar para treinar sem bola (piscinas térmicas, por exemplo); um lugar para assistir vídeos; tudo integrado, funcional. Itens que não podem ser desprezados quando o assunto é esporte de competição.

Cito como exemplo a equipe de ginástica olímpica, sediada aqui em Curitiba, onde eu moro. Ela aumentou seu desempenho não só por causa da contratação de um treinador ucraniano, Oleg Stapenko, mas também porque o centro de treinamentos está ao lado da vila de apartamentos onde os ginastas tomam café da manhã, almoçam, jantam, descansam, vivem. Simples assim.

O Flamengo oferece aos seus atletas e comissão técnica condições estruturais abaixo das oferecidas por São Paulo, Cruzeiro, Atlético-PR - para citar somente alguns. É evidente que isso não serve de desculpa para resultados ridículos perante quarenta mil torcedores numa quinta-feira. Mas que a torcida saiba: é grande a probabilidade de continuarmos patinando no Brasileiro enquanto o CT não estiver verdadeiramente pronto.

Que Waldemar tenha a capacidade de minimizar os problemas e a devida sorte para superar tantos desafios.

Flamengo Net

Comentários