sexta-feira, 19 de novembro de 2010

COLUNA DE SEXTA-FEIRA - André Monnerat

Até agora, aproveitamento de Luxemburgo é pior que o de Rogério

Venho escrevendo já há um tempo que não acreditava muito nas chances de rebaixamento do Flamengo – mesmo já prevendo a derrota que o time sofreria para o Atlético-MG, na última rodada. Pois bem: se não ganhar do Guarani amanhã, meu amigo, não haverá como alguém ficar tranqüilo quanto à permanência na primeira divisão. A vitória é obrigatória, ou o perrengue vai ficar muito grande.

A inesperada vitória do Avaí sobre o Inter, no Beira-Rio, na última rodada, complicou um tanto a situação. Como o Flamengo tem um número de vitórias baixo, levará desvantagem em um possível desempate contra seus concorrentes mais diretos, que pra mim são Vitória, Avaí e Atlético-GO. Por isso, apenas os três pontos contra o Guarani já não devem ser o bastante para ficar acima da zona de rebaixamento ao final do campeonato, e os dois jogos seguintes – Cruzeiro, lutando pelo título, e Santos, na Vila Belmiro – não são nada tranqüilos. Não ficarei nada surpreso se o Flamengo sair derrotado nas últimas duas rodadas; na verdade, pelo que o time vem jogando, talvez seja o mais provável.

Aí está o grande motivo para insegurança quanto ao destino do Flamengo ao final do campeonato: o desempenho do time em campo não pode animar ninguém. E, apesar de toda a trégua oferecida pela imprensa e pelos agitadores costumeiros a Vanderlei Luxemburgo – “finalmente, um técnico de verdade” -, o atual treinador tem muita responsabilidade pela situação atual.

Luxemburgo assumiu já com o elenco mais completo, jogadores em condições físicas melhores do que as que tinham com seus antecessores e tempo para treinar – nada de maratona de jogos seguidos a cada dois ou três dias. Ainda assim, seus números são desanimadores: seu aproveitamento de 41,7% nas oito partidas que disputou até agora é melhor que os 30% de Silas (que foi mesmo muito mal, mas assumiu o time no momento mais crítico da tabela), mas é pior do que o do “estagiário” Rogério Lourenço, que terminou sua participação no campeonato com 43,8% de aproveitamento em 16 jogos. A diferença é pequena, mas Rogério - do qual, pra deixar bem claro, não tenho nenhuma saudade - ainda leva vantagem por ter empatado menos e vencido mais (o empate foi o resultado de 50% dos jogos sob o comando de Luxemburgo, contra 37,5% dos tempos de Rogério).

E os problemas de Luxemburgo não estão só nos números – basta ver o time jogar. O Flamengo não tem uma cara; é difícil dizer hoje qual a jogada forte deste time, qual a maneira mais provável dele ameaçar o adversário. A bola parada, talvez? Vá lá. Mas em vários jogos, os lances mais perigosos saíram mesmo de arrancadas individuais do garoto Diego Maurício, e hoje ele nem titular do time é. Aí está outro defeito do trabalho de Vanderlei: ele muda o time a cada rodada, tanto na formação quanto na escalação, barrando e promovendo jogadores com critérios que parecem estranhos, o que dificulta a equipe a encontrar um jeito de jogar. O próprio técnico não parece estar convicto do que está fazendo – como, aliás, aconteceu também durante sua péssima campanha no Atlético-MG.

Estimulados pelos animados relatos dos jornalistas que cobrem o dia-a-dia do Flamengo, os torcedores acreditaram em um mágico e rápido efeito dos belos treinamentos que o “técnico de verdade” promoveu assim que chegou. Ele era minucioso, explicava exatamente o que queria e prometia até ensinar Willians a passar. Porém, vendo o time jogar agora, os efeitos de tudo isso não parecem ser tão bons assim. Não vou nem entrar no mérito da escalação escolhida pelo treinador para o jogo de amanhã, da qual não gosto; simplesmente vejo que não dá pra acreditar que vai ser agora que vai surgir milagrosamente um padrão de jogo para esta equipe. Luxemburgo não chegou lá, assim como todos os que trabalharam no clube neste ano de péssimo futebol do Flamengo. Jogaram mal até agora e muito provavelmente continuarão jogando mal nos jogos que restam.

A essa altura, com apenas três jogos para o fim do campeonato e uns quatro pontos por conquistar para alcançar o objetivo que restou, o trabalho do treinador é este: dar um jeito do time se fechar bem atrás e descobrir uma maneira dele achar os golzinhos necessários lá na frente. Pode ser em escanteio, em falta, em chuveirinho, em chute de fora – não sei. Mas têm que dar um jeito.


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Repetindo: a vitória amanhã é obrigatória. Não há desculpas.

O Guarani consegue ser um time que joga ainda pior que o Flamengo. Até a última rodada, estava há seis jogos sem fazer um único gol – ele saiu contra o Vitória, mas num improvável gol olímpico. É o pior ataque do campeonato e, fora de casa, venceu uma única vez (contra o Vasco, ainda no primeiro turno).

Mas os torcedores que lotarão o Engenhão, se querem ajudar mesmo o time, devem passar os 90 minutos esquecendo não só da fragilidade do adversário, mas também da campanha ruim e da antipatia pelo dirigente que for. A hora agora é de encontrar um jeito de fazer os pontos que faltam. Quem estiver por lá tem que jogar a favor.

- ANDRÉ MONNERAT escreve também no SobreFlamengo (www.sobreflamengo.com.br e twitter.com/sobreflamengo)

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