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Senso de proporção perdido...

Senhores, sou um adepto de jogos da Copa do Brasil no meio da semana. Em especial, esses da primeira fase, quando encaramos times fracos de todos os rincões do país. Sempre gostei de ir nesses jogos para beber, conversar com profissionais de arquibancada e ver um jogo sem a companhia de uma multidão. Em geral, são boas ocasiões para analisar mais detidamente o time.

Ao assistir o jogo contra o ASA, assustei-me um pouco. A torcida estava animada, empolgada e vibrante, cantando durante todo o segundo tempo em que desperdiçamos gol atrás de gol. Nunca tinha visto isso nesse tipo de jogo, onde o normal é o torcedor assistir a peleja com uma certa visão cínica e debochada de quem sabe que não está diante de um espetáculo fascinante ou de um clássico disputado. Às vezes, o cara vai lá pra implicar com alguns jogadores, encher a cara, xingar o técnico e rir do time adversário. Contudo, quarta feira parecia que enfrentávamos o Arsenal.

Nada contra o entusiasmo do torcedor. Flamengo em campo, queremos ver o máximo. Está certo. Mas nada consegue tirar da minha cabeça que, pouco a pouco, estamos perdendo o senso de proporção. Estamos entre os últimos colocados gerais (ainda matematicamente ameaçados de rebaixamento) de um Estadual cujos destaques são Americano, América, Volta Redonda e outros. Nenhum desses times oferece perigo nacionalmente, revezando-se em participações pífias nas séries B e C. São sistematicamentes batidos nas primeiras rodadas da Copa do Brasil. São como um ASA, que ocupa as últimas posições do Campeonato Alagoano. A despeito de tudo isso, brigamos, sofremos e nos matamos em jogos contra adversários banais.

Há algo de errado com esses tranquilos jogos de meio de semana. Temo o dia em que a torcida lotará o Maracanã na primeira rodada de uma Copa do Brasil, atraída não por um elenco fabuloso do Flamengo ou por uma boa promoção, mas por um "decisivo" jogo contra adversários da mesma estirpe que o ASA. Como se cada jogo medíocre oferecesse a última chance de nos redimirmos nacionalmente e vencermos uma competição relevante. Espero que esse dia não chegue, mas quando percebo que estamos nervosos diante de um enfrentamento com o Volta Redonda, temo o pior.