Ele veio. E agora?
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
*Por Lucas Dantas
Em 2010, Patrícia Amorim surpreendeu o mundo com o retorno de Zico. Mas o que parecia ser a volta dos melhores momentos, não foi. Pelo contrário. Alguns meses depois, com muita bagunça, confusão, desconfiança, traição, denúncia e nada de ajuda por parte da diretoria, Zico deixou o clube, que lutou até o fim contra o rebaixamento. Para alguns, culpa Dele que não soube montar uma equipe. Para outros, culpa, claro e sempre, da presidente e seus comandados políticos.
Toda a desconfiança virou-se contra Patricia Amorim. Todos duvidamos que ela conseguisse montar um time digno do Flamengo para 2011. Nem deu o 11 de janeiro e já temos Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves aportando na Gávea. Festa? Alegria? Fogos para Patricia Amorim?
Calma.
Não preciso dizer que até o @PCPereira_Fla ficou contente com a contratação e admite que a diretoria fez o certo. E fez tudo conforme manda o script, mas isso é obrigação! Desde os tempos daquele lá de 1995 que a torcida clama por silêncio na hora de contratar. O que eu quero ver é agora.
É unânime que o marketing do Flamengo ganhará um objeto de desejo daqueles. Todos já sonham com lucros e um montante de dinheiro para rivalizar com os grandes clubes mundiais. Mas o que é marketing? O Andre Monnerat com certeza saberá dissecar as opções e não quero parecer "o chato" ou "o pessimista", mas eu só vejo duas formas de marketing no futebol brasileiro: camisa e bonequinho. Isso paga a conta?
Citam o Real Madrid e a venda absurda das camisas. Exemplos foram Zidane e Beckham, que em camisas conseguiram o mesmo valor gasto nas suas contratações. Ok, mas lembram que as vendas foram no Japão, para onde o time se mandou nas duas ocasiões para fazer pré-temporada com ingressos caríssimos pagos pelos japoneses apaixonados pelos europeus? O Flamengo fará pré-temporada paga em algum lugar? Lá no clube espanhol, os jogadores obrigatoriamente repassam uma bela porcentagem de todos seus ganhos de publicidade para o clube. Ronaldinho fará isso?
Não indo tão longe, Adriano vendeu 1 milhão de camisas no Fla. Ronaldinho deverá vender seu milhão também, ou mais, dependendo do desempenho e com o tempo que ficará. Como o repasse para o clube não é tão alto assim, a grana será no máximo boa. Mas a imagem, essa sim, será maravilhosa.
Abro para um sacrilégio.
Sempre critiquei, mas à Kléber o que é de Leite. Em 1995, de posse do verdadeiro melhor do mundo (recém-eleito pela FIFA), o então presidente abusou das campanhas de marketing. Era Fla-Bingol, raspadinha, spots na TV convocando torcida, participações em programas como novelas e sei lá mais o que. Sem mencionar os amistosos que o time jogava o tempo todo, torneiros na Europa e Japão, e o lançamento da revista do Flamengo que vendia como água e não tinha capas atrasadas como a atual.
Os resultados em campo não ajudaram, mas ali sim ocorreu um aproveitamento do marketing em cima do jogador. Kléber Leite pagava caro (na verdade não pagava, porque sempre atrasava salários), mas tirava proveito.
Porém, a melhor ideia foi a campanha "Sou Sócio". Foi a única vez na história que vi o Flamengo de fato procurar sócios e dar a eles benefícios de verdade. Eu fiz parte e tive fácil acesso à ingressos, os mesmos eram mais baratos, podia ver o jogo na "arquibancada da Brahma", usava o clube e depois de um ano pagando (ou se quisesse pagar antecipado) ganhei uma camisa oficial no modelo usado no mês. Foi um sucesso, muita gente entrou nessa e o clube teve um boom de sócios. Isso sim foi dinheiro na conta. E dinheiro para o Flamengo!!
Mas como coloquei ali em cima, os resultados não ajudaram (nem Kléber Leite) e todos os movimentos morreram. Futebol é assim: se dentro de campo não vingar, fora dele já era. O Internacional é o melhor exemplo. Enquanto o time deitava, ganhava Libertadores, ia bem e tranquilo para o Mundial, 105 mil sócios. Perdeu pro Mazembe e a inadimplência chegou a níveis nunca antes vistos neste país.
Numa conversa via skype, Arthur Mulamba me disse que "a torcida precisa entender que só entrando de sócio é que mudaremos o rumo do Flamengo". Eu pergunto, "isso interessa ao comando rubro-negro atual?". Mulamba, preciso como sempre, lembrou que "qualquer sócio que entre agora, só poderá votar em dois anos caso Proprietário e três se Patrimonial, então isso não preocupa tanto os caras". É verdade. Então, qual o problema em agariar sócios, além de vender camisas e bonequinhos?
É o que eu gostaria e ver. Um clube cheio de sócios, votantes, pagantes e influenciando a vida futura do Flamengo. Dando recursos que ajudem a fazer o CT, comprando produtos oficiais, essa coisa toda. Com Ronaldinho, isso é possível, mas precisa acertar dentro de campo. É primordial.
O temor da galera é que se repita 1995. Bom, não temos mais Kléber Leite por lá :-). O mesmo temor se deu quando veio o Adriano. Temos uma taça na Gávea que prova que era infundado. Tudo depende de como Luxemburgo e Patrícia administrarão o time. A oportunidade de ouro está aí. Depois da vergonha com a saída de Zico, a presidente tem uma arma e tanto nas mãos. O que sei é que 2011 promete. Para o bem ou para o mal.
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