sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

2010 – O Ano do Macaco Neurótico



* Do brothaço e amigo de coração Benito "Muhlemberg" di Paula, do excepcional Urublog.

Feliz Natal a todos os amigos que nos acompanharam durante o ano. Muita paz, saúde, rango na mesa e bons vinhos. São os votos do amigo Triplex, Mari e Alice.

Fiquem com Deus.

Alex do triplex - O ditador.

Ok, ok, se você acredita no poder curativo dos cristais, em pulseirinha power balance e em horóscopo chinês não precisa me xingar de burro. Qualquer débil mental com uma pós vagabunda em marketing é capaz de pesquisar e descobrir que o ano do macaco na milenar astrologia chinesa só vai começar com a lua nova de 8 de fevereiro de 2016. Relevem esse deslize astrológico intencional, mas havia uma missão a ser cumprida.

Era preciso fazer uma retrospectiva sobre esse detestável 2010 que se em breve se encerra e não havia nada melhor pra ilustrar o desempenho do Fuderoso Flamengo #1 Entre os Primatas do que os nossos simpáticos e folgazões primos peludos. Infelizmente, a própria natureza do subgênero retrospectiva não nos permite mais ficar tentando tapar o sol com a peneira.

Melhor assumir logo que o ano pra nós foi um mico atrás do outro antes que algum engraçadinho da arcoirizada sem vergonha e mal vestida o faça. E vamos logo com isso, como dizem na Gringolândia, vai ser mais divertido que um barril de macacos.

Mico Numero 1: Perder a Taça Guanabara

Apesar de ser um fenômeno muito raro, cujos intervalos entre suas ocorrências são comparáveis ao avistamento de certos cometas, perder taças Guanabara faz parte, é do esporte. Nós, rubro-negros, já somos todos bem crescidinhos e aprendemos a aceitar a vida como ela é. Entretanto, o Mengão perder TG pro Foguinho depois da implantação do profissionalismo em 1939, sob quaisquer condições, é inaceitável. Mico indiscutível.

Mico Numero 2: Perder o Carioca

Ao contrário de competições mais equilibradas, onde se enfrentam equipes quase tão boas quanto o Flamengo, no Carioquinha só tem os mortos de fome que compõem nossa vasta, longeva e fiel clientela municipal. Não há desculpa. Mesmo quando foram roubados, perseguidos e discriminados pela impiedosa sociedade de consumo, os atletas do Flamengo jamais poderiam perder duas vezes no mesmo ano para o Foguinho-Sem Ônibus. O Mengão, por morar mais perto da praia, se vestir muito melhor e por ser tudo o que é, tem obrigação de ganhar essa competição pelo menos uma vez ao ano. Perde-la será sempre um mico-leão dourado.

Mico Numero 3: Jogar a Libertadores como se fosse o Carioca

Vamos logo esclarecendo uma coisa, ninguém tem obrigação de ganhar a Libertadores. É uma competição cascuda, eliminatória e impiedosa. Mas existe sempre a obrigação de disputa-la com o empenho, a dedicação e a seriedade proporcionais à importância da competição. Apesar da aparente motivação que os jogadores tentaram passar nas entrevistas e nas declarações à imprensa a realidade foi bem outra. O que os jogadores nos mostraram foram expulsões idiotas, ausência de treinamentos e até mesmo de partidas, atuações bizarras no Maracanã e total ausência de brilho nas partidas disputadas fora de casa. Desde a primeira fase que o Flamengo claudicou e só foi se mantendo na competição na base da cagada. Deus nos livre de ficar disputando a xexelenta Copa do Brasil, mas pra jogar Libertadores assim é melhor ficar em casa. Mega Mico

Mico Numero 4: Se Perder na Fogueira das Vaidades

Não dá pra entender como o Flamengo, desde 1912 um verdadeiro Olimpo futebolistico, acostumado a alinhar entre suas fileiras deuses, semi-deuses e popstars do mundo da bola, se deixou chamuscar pelas labaredas da fogueira das vaidades que ardeu livremente na Gávea em 2010. Adriano faltou ao treino, Pet brigou com Marcos Braz, fulaninho brigou com o Andrade, que brigou com a Patrícia, que brigou com Adriano porque a zona estava demais e assim passamos o ano. Com briguinhas estúpidas transmitidas em tempo real para delírio da arcoirizada. Um mico comportamental e administrativo que nos leva imediatamente ao mico seguinte.

Mico Numero 5: Perder a Guerra da Comunicação

Não se iludam, os repórteres que vão diariamente à Gávea ou ao Ninho do Urubu não vão atrás de boas notícias. Seguindo as recomendações de suas editorias eles vão atrás de sangue. A vida é assim e o Flamengo tem a obrigação de saber administrar essa volúpia pela tragédia e pela catástrofe, que é o que vende jornal. Não é uma tarefa fácil, mas existem ferramentas, técnicas e estratégias para tal. Durante o ano inteiro o Flamengo apanhou do monstro da mídia. Não foram poucas as vezes em que o Flamengo, seus atletas ou dirigentes se viram emparedados pela mídia. Logo o Flamengo, protagonista de nascença, agiu como um timinho desacostumado aos holofotes se deixando pautar pela imprensa, e às vezes até pela torcida. Quando deveria ser o contrário. Mico Parrudo.

Mico Numero 6: Perder a Guerra dos Gabinetes

Nem no ano negro de 1995, ou no igualmente aziago 2005, o Flamengo foi tão mal sucedido em tudo que emanou dos gabinetes de seus mandatários. Todo ano a politica ferve na Gávea e atrapalha mais do que ajuda, mas em 2010 o Flamengo não se planejou, contratou mal e demitiu pior ainda. Um King Kong administrativo que só foi superado pelo mico seguinte.

Mico Numero 7: Perder o Zico

A terceira chegada de Zico ao Flamengo foi um acontecimento que tinha tudo para ser a aurora de uma nova era no clube. Um novo tempo de profissionalismo, seriedade e respeito à instituição com o futebol sob a supervisão do nosso maior ídolo. Para nossa eterna depressão deu tudo errado e depois de muitas frustrações, decepções e traíragens o ídolo maior deixou o Flamengo cuspindo marimbondos. Zico saiu derrotado, não no campo onde sempre foi um vencedor, mas pela pressão dos atores da politica rasteira e fisiológica que se pratica hoje na Gávea. Um dos maiores micos dos 115 anos de glória do Flamengo.

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Esse é o miserável resumo do ano. Como se pode facilmente comprovar, não houve em 2010 nada que prestasse para ser guardado. A não ser as lições para que esses erros jamais voltem a ser repetidos. 2010 foi um ano tão sem vergonha que nos faz até mesmo rever nossos desejos para o ano que vem chegando. De acordo com a minha proverbial modéstia descobri que preciso de muito pouco pra ser feliz. Ano que vem é lógico que é Rumo ao Hepta!, mas só peço uma coisa: em 2011 eu quero um Flamengo sem mico.

Feliz Natal pra vocês.

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