domingo, 3 de junho de 2012

O que você quer sonhar agora?

Redigir sobre o reality show protagonizado por Ronaldinho Gaúcho, vai ser chover no molhado após inúmeros blábláblás sobre o grande ex-craque em atividade. Pra resumir, uma bela atuação contra o Santos e só. Muito pouco para quem ganhava uma bagatela exorbitante para a realidade de um clube como o Flamenguinho desta pífia Patrícia. Até Obina foi mais importante - e muuuito mais barato – que o dentuço. Mas tudo bem, este não é o viés a minha humilde coluna hoje. Na verdade, esta breve introdução é o gancho para lembrar que este caso é apenas mais um reflexo de uma péssima gestão que, já já fará o “torcedor” se esquecer da família Assis. Ou vocês realmente acham que o capitão R10 era o único responsável por este momento cabuloso que vive o futebol rubro-negro?

O histórico do clube é um prato cheio para jogadores - e treinadores - que querem ganhar dinheiro durante e após vestirem o Manto sem honrá-lo. Amadorismo, ações impulsivas, imediatismo. É isso o que acontece quando, para se tapar o sol com a peneira, trazem Dimbas, Duplas D2, Joéis e Ronaldinhos com salários pra lá do que merecem. Contratos feitos por debaixo dos panos, sem planejamento ou inteligência. Muitas vezes sequer tem contrato, né não tia Paty? Pra quê se preocupar com orçamento, se podem pegar a cota de televisão de 2020, pra gastar? Dirigentes que agem como torcedores, gerindo o clube com paixão, no impulso rumo ao abismo. Depois vão à TV pedir perdão. Ou voto.


É muito fácil se apegar no clichê que reza “O Flamengo é Maior Que Tudo e Todos” para justificar a vergonha e a incompetência. A culpa sempre é de quem deixa o Mais Querido. Ora bolas, até o Zico virou vilão! Só que poucos enxergam o clube além das quatro linhas. A Nação é movida por esse amor, fanatismo e devoção. E é mimada, claro. Que nem criança que vê brinquedo na televisão e pede para os pais: “Mamãe, eu quero o Adriano agora”, “Papai, quero o goleiro Bruno de volta”. Daí rapidinho se esquecem de tudo, deixam de lado a raiva por um vexame – ou por um abandono -, e o ciclo vicioso perdura. E, enquanto isso, a corja permanece no clube articulando alianças políticas, mantendo a administração do Flamengo nas mãos de quem não tem cacife pra sequer gerir um time de botões.


Repito e me incluo nisso: Somos a torcida mais iludida do Brasil. Nos apegamos a 81 e ficamos parados no tempo, batendo no peito por um título maravilhoso, mas que hoje só nos serve como trunfo pra fazer chacota com a arcoirizada do Rio de Janeiro. Daqui a pouco até um minúsculo ganha um Mundial e a gente vai viver de quê? Trinta e tals Carioquinhas?

Não é apenas a gestão do clube que precisa mudar. 
É a torcida do Flamengo que precisa reaprender a cobrar, reaprender a torcer.

Bruno Cazonatti
@cazonatti

Flamengo Net

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