sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Flamengo de pai para filho: um milagre de Natal
*Por Maurício Neves de Jesus, com acervo de fotos de André Dória
Atribui-se a Bill Shankly,
lendário treinador do Liverpool, a seguinte frase: “O futebol não é uma questão
de vida e morte. É muito mais importante do que isso”.
Shankly não está mais entre nós,
faleceu um pouco antes da decisão do Mundial de 1981 entre Flamengo e
Liverpool. Mas quem passa por Anfield Road, pode ver sua estátua em frente ao
estádio, a dizer que o futebol é a coisa mais importante da vida mesmo após a
vida.
Lembrei-me da frase de Bill Shankly
ao receber o e-mail que reproduzo abaixo, de meu amigo André Dória. Assim como
tantos de nós, André herdou o amor pelo Flamengo de seu pai. Wilson Baptista da
Fonseca Dória criou os filhos sob o manto do rubro-negrismo.
Ano passado, o Dória – como era
mais conhecido entre os amigos – faleceu. André encontrou entre os pertences do
pai várias preciosidades rubro-negras. Um exemplar intacto do álbum gigante da
Manchete Esportiva sobre o Flamengo campeão do mundo. Também com estampa do
título mundial, uma toalha de banho, ainda lacrada. Long plays com as narrações de gols do melhor Flamengo de todos os
tempos.
Pequenos tesouros flamengos que, ao invés de guardar, André confiou aos
meus cuidados, em um dos gestos que mais me emocionou ao longo dessas quatro
décadas de vida rubro-negra.
Porém, uma coisa André não havia
conseguido encontrar. Já há alguns anos ele me contou de uma tarde que passou
na Gávea, em 1979, junto com seu irmão Alexandre Dória, hoje um oficial
Fuzileiro Naval, que herdou a carreira militar que o pai fez no Exército,
também como oficial. Havia um álbum de fotos com registros deles junto aos
jogadores, mas André não conseguia localizar o álbum. Imperdoável, disse eu, na
esperança de que André revirasse cada gaveta desse mundo em busca das fotos.
Ontem, 22 de dezembro de 2011, exatos
11.849 dias após aquela mágica tarde na Gávea (contados em uma Planilha Excel ),
ao fazer a penúltima visita ao apartamento onde o Dória viveu até nos deixar,
André encontrou o tal álbum com várias fotos 12x8. Dezoito fotos de uma tarde
de inverno na Gávea em 1979, mais precisamente um 14 de julho de 1979 conforme
escrito na contra-capa do álbum.
A emoção da descoberta só pode
ser medida através das palavras do próprio André. Uma emoção rubro-negra que
ensina que o Flamengo é muito mais do que um time de futebol. É uma força que
nos aproxima ainda mais de quem amamos durante toda a vida e, como comprova
este milagre natalino de as fotos terem sido encontradas, até mesmo após a
vida.
Abaixo, três gerações rubro negras na foto: Vô Dória
acompanhando a estréia do neto Enzo no Maraca. Missão cumprida.
Obrigado, Dória.
Obrigado, André.
Feliz Natal, Flamengo.
Abaixo, todas as fotos do acervo de André Dória.
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