terça-feira, 10 de maio de 2011

Uma lógica incompreensível
Por Vinicius Paiva


Há 5 dias, o portal Lancenet publicou informação de que o Flamengo estaria em negociações com a montadora sul-coreana Hyundai. Segundo a reportagem, a multinacional teria oferecido R$ 18 milhões até o fim da temporada (por 7 meses, portanto), enquanto o Flamengo pediria R$ 23 milhões por igual período, o que teria estabelecido um impasse entre as partes.

Como o Flamengo já perdeu 5 preciosos meses nesta novela em prol do patrocínio-master, não cabe mais falar em valores totais, mas sim no fluxo mensal de receitas que cada um pode vir a proporcionar. Sob esta ótica, depreende-se que uma possível recusa ao patrocínio da Hyundai nos valores propostos constitui mais um erro crasso de avaliação por parte do Flamengo. Explica-se:

Se tomarmos o Corinthians como referência – afinal, trata-se do clube que mais arrecada com patrocínios no futebol brasileiro – veremos que a Hypermarcas (Neo Química + Bozzano + Avanço) gera ao clube um fluxo de receitas de R$ 3,16 milhões mensais – R$ 38 milhões/ano. Somado ao que pagam Tim (R$ 0,16 milhão/mês – R$ 2 milhões/ano) e Fisk (pouco mais de R$ 1 milhao/mês – R$ 7,5 mi até o fim de 2011), teremos que o alvinegro arrecada R$ 4,3 milhões a cada 30 dias com seus parceiros.

Seguindo o mesmo raciocínio, O Flamengo tem garantido R$ 0,9 milhão por mês, fruto dos acordos com Tim (R$ 2 milhões/ano) e BMG (R$ 9 milhões/ano). Caso aceitasse os R$ 18 milhões oferecidos, garantiria uma receita mensal na ordem de R$ 3,4 milhões. Sempre lembrando que o negócio estaria vigente apenas pelos 7 meses que restam em 2011.

Entretanto, parece que a diretoria rubro-negra se recusa a receber valores inferiores aos dos paulistas, exigindo da Hyundai uma verba de R$ 23 milhões até o fim de 2011. Deste modo, elevariam o fluxo mensal do Flamengo à casa dos R$ 4,2 milhões – equiparando-se ao Corinthians.

O que o Flamengo parece não perceber é que sua pedida está definitivamente fora dos padrões de mercado. Todos sabemos que o modelo corintiano de exploração de patrocínios se baseia no extremo loteamento de suas propriedades. Sendo assim, além do peito, das mangas e do número (na parte de trás da camisa), os paulistas expõem ainda marcas na barra da camisa, nos ombros e eventualmente até nas axilas. Esta seria a explicação para que a totalidade dos patrocínios do Corinthians supere a de seus rivais.

Se o Flamengo seguisse o mesmo modelo – equivocado, na minha visão – poderia almejar a liderança neste ranking tão subjetivo. No entanto, já que o clube não explora a totalidade dos espaços, torna-se um devaneio a tentativa de igualar o fluxo mensal do time de Andrés Sanchez. Por isso, uma possível recusa aos valores oferecidos pela Hyundai surge como mais um grande erro de avaliação. Especialmente se considerarmos a perda de poder de barganha do Flamengo no mercado, após inúmeras e mal sucedidas tratativas em prol do patrocínio-master.

Sendo assim, seria inteligente que o rubro-negro firmasse contrato com a multinacional, oferecendo como contrapartida o imenso mercado consumidor constituído por seus torcedores. Uma fidelização do parceiro, aliado ao bom retorno que o clube certamente proporcionaria, culminaria na elevação consistente dos valores a serem pagos pela empresa num possível processo de renovação em 2012.

Em tempo: a suposta dificuldade enfrentada pelo Flamengo por conta do fechamento do orçamento das empresas no início do ano soa mais como desculpa e isenção de responsabilidades. Há dois anos, o Corinthians fechou o excelente patrocínio da Hypermarcas (descrito acima) exatamente nesta época do ano. E há menos de uma semana, firmou acordo com a Fisk em níveis superiores aos anteriormente pagos pelo Banco Panamericano: http://bit.ly/iuIAvX.

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