sexta-feira, 27 de maio de 2011

Feliz Aniversário, Helton

É inevitável não comemorarmos os 10 anos de um dos gols mais sensacionais de todos os tempos. Um gol que pôs as coisas nos seus devidos lugares, um gol que causou lágrimas, êxtase, catarse, alegria e, no meu caso, um desmaio sem desmaiar.

Por isso vou contar a história do gol de Pet que vivi no dia do jogo. Uma história que seria mais divertida se contada num boteco, mas, que é a minha história do gol de Pet.

Curitiba, madrugada de 27 de maio. To num bar, amigos, amigas, todo mundo numa manguaça desgraçada, e eu, de olho numa menina que nunca me dava mole, mais manguaçado ainda. Mas existe um cara de nome Murphy, e ele é implacável em suas leis. A menina resolveu que naquele dia, a parada seria comigo.

Meus amigos mais próximos sabem do grau de superstição que proponho em minha vida. Quando ela veio pra "realizar um antigo sonho", eu só pensei na máxima do futebol "sorte no jogo, azar no amor". Jogo do Flamengo em algumas horas, pensei: "Já era, não posso colocar um título em risco". Resumindo, vazei pra casa, convicto de que tinha fechado com o certo.

2 e meia da tarde, toca meu telefone. Era Maurício Neves, de Lages, perguntando se um amigo dele, Luciano, podia ver o jogo lá em casa. Àquela época, a Net não vendia jogos do carioca. Ou seja, era globo ou globo. E, na globo, ia passar a decisão do paranaense. Falei pro Mau: "Manda ele vir pra cá, a gente vai dar um jeito". Quem me conhece sabe que dia de jogo é dia de isolamento. Não gosto de visitas. Mas, cazzo, o Luciano viajou comigo pra sermos campeões em 2000. Aquela visita jamais poderia dar errado.



Quando ele chegou, eu já tava na terceira dose de whisky, e havia conseguido uma forma de "ver" o jogo. O Capiotti, rubro-negro morador de PoA, ia transmitir o jogo via ICQ. Isso mesmo, ICQ.

A transmissão dele era puramente monossilábica. "Pênalti". "Gol". "Gol deles". "Defesa". Foram, literamente, 86 minutos de transmissão. E eu, supersticioso, tive um sinal lá de cima que nada daria errado.

Ao término do jogo entre CAP e Paraná, o então goleiro paranista, Marcos (meu amigo pessoal, rubro-negro declarado) comemorou o fato deles irem pro terceiro jogo. Com os punhos cerrados, Marcos vibrava, e, num segundo seguinte, a imagem foi pro Maraca. No exato momento em que Edilson tomou a falta.

Daqui pra frente, vocês sabem, todos sentiram, a nação viu o que aconteceu. Eu me lembro de ter aberto a porta do apartamento e, quando vi, estava no terceiro andar. Eu morava no oitavo. Foi uma das maiores emoções da minha vida. O que o Pet fez naquele jogo está até hoje na minha memória.



Pouco me importa se ele fez isso ou aquilo. Importa, sim, é que ele foi crucial naquela decisão. Importa que ele soube, como poucos, vestir o mais sagrado dos Mantos: o de número 10. Importa que ele fez um gol que calou toda aquela gentalha que já comemorava, calou aquele pulha que comprara chopp antecipado. Pet pôs no seus devidos lugares pessoas e coisas. Pet mostrou do que o Flamengo era feito. Fez história.



Aquele gol, aquela bola que fez uma curva que só vemos desenhada em provas de matemática, foi um dos mais lindos que vi. Pela importância, pela pintura, e, acima de tudo, por ter saído da camisa 10.

Pet fez história. Mas era apenas o começo. Teve 2009. E a história de um cara que eu considero ÍDOLO vai terminar no Flamengo. Pet fechou com o certo. Enquanto foi nosso, nos trouxe alegrias.

Obrigado, Pet, pelos capitulos que contastes no Flamengo.

Essa história é dedicada aos amigos Maurício Neves, PC Capiotti e Luciano, parceiros, cada um à sua forma, em decisões.

E nada mais digo.

Eu no twitter@ @alexsout e @alextriplex

P.S.: Sim, alguns dias depois, eu reencontrei a menina. Sem decisão, sem supersticão.

Flamengo Net

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