quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O ressurgimento da Arena
Por Vinicius Paiva

Ao longo desta atribulada semana, muito do que se falou com relação aos projetos de marketing do Flamengo em 2010 acabou por sair do papel, ou ficou bem próximo disto. Os tijolinhos – cujo projeto foi rebatizado de “Rubro-Negro Para Sempre” - começaram a ser comercializados. O novo portal de e-commerce (que venderá de produtos licenciados a geladeiras e fogões) e as alterações no projeto Cidadão Rubro Negro parecem estar às vésperas de serem anunciados. Mas o que ninguém esperava, definitivamente, era que de uma hora para outra, o Flamengo voltasse a ventilar reais possibilidades de construir seu estádio.

De fato, estas possibilidades parecem sólidas, com direito até mesmo a nota oficial do prefeito Zito, de Duque de Caxias. E aí vem a primeira surpresa. Duque de Caxias?

Quem quiser procurar a localização do “possível estádio” no Google Maps, basta colocar “R. Silva Fernandes – Parque Duque”. Verão que a localização, em termos de entroncamentos rodoviários, é boa. Fica logo depois de um grande trevo em que se cruzam Linha Vermelha e Rodovia Washington Luiz (Rio-Petrópolis). Caxias é o que há de mais próximo ao Rio de Janeiro, no que se refere a Baixada Fluminense. E o que se fala é que o terreno foi “oferecido” pelo prefeito à presidenta. Tudo lindo.

Mas será que tudo vai ser tão florido assim? Quais as condições deste “terreno oferecido”? Dado? Existe almoço grátis?

Ao que parece, o “alinhamento ideológico” entre dois políticos de um mesmo partido seria o responsável pelo estreitamento das relações, como bem descreve Tiago Cordeiro, na coluna anterior. Na cidade do Rio, alinhada até o último fio de cabelo ao governo Lula, é que este estádio não seria.

Há de se temer a reação do rubro negro carioca a esta inesperada localização. O fechamento do Maracanã deixou claro que este torcedor rejeita estádios localizados em regiões menos nobres e mais inseguras – possivelmente o caso do terreno em Caxias. Mesmo localizado em área populosa e às margens de uma via expressa (Linha Amarela), o Engenhão vive às moscas. Em Duque de Caxias seria diferente?

E a Barra da Tijuca? Nova fronteira do crescimento da cidade do Rio, sede da maioria das instalações olímpicas, abarrotada de terrenos disponíveis e destino final de uma mega estrutura que contará com vias expressas, VLTs e até metrô. E ainda, próxima ao Centro de Treinamento. A partir de meados de 2016, só não chegará à Barra de Tijuca quem não quiser. Não seria uma melhor opção?

Enfim, dúvidas e questionamentos são naturais em se tratando de um projeto recém anunciado. Certamente, respostas surgirão em breve. Deixo claro que, na minha opinião, entre um estádio em Seropédica e nada, fico com a primeira opção. A Copa do Mundo fez com que a oportunidade de se construir arenas batesse à porta dos grandes clubes sem estádio, e o Flamengo estava vendo o bonde da oportunidade ir embora. Até o Corinthians - rei dos factóides nesta seara – já viabilizou o seu, e o Flamengo não poderia ficar parado. Mas que tudo seja feito às claras e com parcimônia. Afinal, já dizia o poeta, o apressado come cru.


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Outra discussão (cheirando a naftalina) que ressurgiu esta semana foi a possibilidade de reconhecimento, por parte da CBF, dos títulos da Taça Brasil e do torneio Roberto Gomes Pedrosa. Na minha modesta opinião, é justo que se reconheça. O futebol brasileiro não pode fechar os olhos ao período hegemônico do Santos de Pelé. Nada começou em 1971. No entanto, tenho algumas considerações a fazer:

1) “Aos amigos, tudo. Aos inimigos, o rigor da lei”. Este é o pensamento da dona CBF, que não reconhece pleitos daqueles que lhe fazem oposição – como o hexacampeonato do Flamengo.

2) A Taça Brasil, disputada entre 59 e 68, não passava de uma espécie de “Copa do Brasil”. Foi nesta competição que o Santos avassalou a concorrência, com um pentacampeonato entre 61 e 65 – batendo o Flamengo em 1964. Portanto, aqueles que venceram este torneio (Santos, Bahia, Palmeiras, Cruzeiro e Botafogo) podem, no máximo, se dizer “campeões de um título nacional”. “Campeões brasileiros”, nunca.

3) Já o Roberto Gomes Pedrosa – vencido pelo Palmeiras em 1967 e 1969, pelo Santos em 1968 e pelo Fluminense em 1970 - este sim tinha moldes de Campeonato Brasileiro, apesar da ausência de mecanismos de acesso e descenso.

4) Desta forma, se fizéssemos um ranking de “títulos nacionais” entre os clubes brasileiros, considerando Campeonato Brasileiro + Copa do Brasil + Taça Brasil + Robertão, a configuração seria a seguinte:

1) Palmeiras e Santos - 9 títulos;
2) Flamengo - 8;
3) Corinthians – 7;
4) Cruzeiro, Grêmio e São Paulo – 6;
5) Vasco e Inter – 4;
6) Fluminense – 3;
7) Botafogo e Bahia – 2;
8) Atlético-MG, Atlético-PR, Coritiba, Santo André, Paulista, Guarani, Criciúma, Juventude, Sport (campeão APENAS DA COPA DO BRASIL 2008) - 1 título.

Perderíamos, por pouco, nossa “hegemonia nacional”. Mas devemos admitir que seria uma contagem justa.

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