As mudanças nas principais fontes de receita do Flamengo para os próximos anos
2010 vai chegando ao fim com o Flamengo em meio a grandes dúvidas sobre três das suas quatro principais fontes de receita. O contrato com a Olympikus continua valendo, sem problemas; mas há mudanças à vista quanto às bilheterias dos jogos, os contratos de TV e o patrocínio de camisa.
A Batavo, todos sabem, não vai renovar o contrato para 2011 – e parece que já estão inclusive tendo dificuldades para pagar as parcelas mensais do contrato atual. Encontrar outro patrocinador que pague algo no mesmo alto nível do contrato atual é um bom desafio para o marketing do clube, que em 2010 produziu bem menos do que se poderia esperar. Dependendo do que acontecer no fim deste Brasileiro, pode ficar bem complicado para o Flamengo continuar em 2011 ganhando algo no mesmo nível que o Corinthians, como aconteceu este ano.
O Diretor Executivo Harrison Baptista diz que a intenção é que o time já comece o Estadual com o patrocínio novo, mas não há nada de concreto ainda. O que sabemos é que ao menos a BMG deverá continuar ocupando as mangas, pagando mais do que paga este ano – a proposta, segundo o Globoesporte.com, é de quase R$10 milhões para patrocinar tanto o futebol quanto o basquete. É impressionante notar como o patamar mudou em relação a 2008, último ano da parceria com a Petrobras, que pagava R$14 milhões pela exclusividade não só no futebol, mas em todos os esportes do clube.
O contrato será discutido e votado pelo Conselho Deliberativo do Flamengo no dia 9/11, em sessão em que também será assunto um inquérito sobre a dívida com Romário (!).
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O contrato atual de transmissão dos jogos do Brasileiro pela Globo continua valendo em 2011, mas o contrato para os anos seguintes já tem sido assunto. Sem cláusula de preferência para renovação com a Globo, o Clube dos 13 acena com uma inédita licitação para escolher quem terá os direitos pelos próximos anos. E as mudanças podem ir além do valor pago.
Diz-se que a Record pode fazer uma oferta dobrando o valor pago atualmente pela Globo. Mas, fora isso, há especulações de que ela não pediria a exclusividade de todas as partidas, mas apenas de algumas datas – o que criaria uma situação parecida com algo comum nos EUA, em que uma rede fica com partidas, digamos, segundas e sábados, enquanto outra transmite jogos quartas e domingos, por exemplo. A Record ainda permitiria que as partidas durante a semana sejam disputadas às 20h30 ou às 21h, horários mais atraentes para quem quer ir ao estádio. As mudanças de horários podem ir além disso: o colunista Ricardo Perrone publicou hoje que os clubes estudam jogos em horários diferentes – sextas à noite, por exemplo – que possam agradar ao mercado asiático, buscando novas receitas no exterior.
Além disso, os direitos para diversas formas de transmissão – TV aberta, TV por assinatura, internet, pay-per-view – devem ser vendidos de maneira separada, e não em um pacotão só, como foi feito até hoje. E aí a Globo seria grande favorita apenas no pay-per-view, pelo know-how que já tem – e é justo o pay-per-view que tem feito mais diferença nos valores pagos nos últimos anos. De um tempo pra cá, o número de vendas por clube tem servido para influenciar a divisão da receita entre os clubes; e, por conta disso, o Flamengo – líder de vendas – foi quem mais arrecadou com TV em 2009, mesmo estando no contrato do Brasileiro no mesmo nível de Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco, não tendo jogado Libertadores e disputado um campeonato estadual que paga bem menos do que o Paulista.
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Falando em TV: está sendo divulgado que o Corinthians lançará ainda este mês a TV Corinthians. Não é mais uma das muitas iniciativas com vídeos online de clubes brasileiros, mas um verdadeiro canal de TV por assinatura, vendido pela Net e pela Sky a la carte, pelo preço de R$6,00 por mês. Não serão transmitidos os jogos do time profissional, mas estão tentando uma parceria com a TV Cultura para poderem exibir VTs de partidas históricas. Além disso, estarão na programação disputas do clube em outros esportes e programas apresentados por figuras como Vampeta e Marcelinho Carioca.
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E há ainda a questão do estádio para 2011. Parecia já resolvido que Flamengo e Fluminense mandariam seus jogos quase todos no Engenhão, mas agora já parece que isso não é tão certo assim. Os tricolores reclamam das altas taxas do estádio (apesar de ter sido divulgado que o Botafogo teria negociado com seus “coirmãos” um bom acordo) e já falam em levar suas partidas menores para outros campos; ao mesmo tempo, surgem notícias de que o Flamengo estaria avançado em negociações para jogar no novo estádio de Macaé.
Realmente ainda me impressiona a maneira como este assunto, primordial para o clube tanto dentro quanto fora de campo, foi tratado nas coxas. A antecedência com que se soube que o Maracanã estaria fechado – e deveria ter sido já há bastante tempo, pelas primeiras previsões – permitia que já tivessem chegado a todas as conclusões necessárias há muito tempo.
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Entre as principais fontes de receita do Flamengo, hoje não estão seus sócios – nem os “normais”, nem os sócios-torcedores. O Cidadão Rubro-Negro, até hoje, não conseguiu gerar o dinheiro que um clube como o Flamengo poderia esperar de um programa deste tipo.
Hoje o GloboEsporte.com divulgou pela primeira vez a entrada do Flamengo no ramo do varejo online, dando a informação de que a nova loja oficial do clube na Internet vem de uma parceria com a Hermes e o CompraFácil. Harrison Baptista aparece na matéria com uma rápida declaração sobre o tema, que será um relançamento do Cidadão Rubro-Negro. Ele já havia falado disso com mais detalhes – embora sem citar os nomes destes parceiros – em um evento recente na Gávea com representantes das Embaixadas Rubro-Negras. Para conhecer melhor estes novos planos do marketing do clube, clique aqui para ler o texto que escrevi sobre o assunto. Vamos ver se agora vai.
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