sexta-feira, 17 de setembro de 2010

COLUNA DE SEXTA-FEIRA - André Monnerat

Como a vitória sobre o Prudente pode ajudar Silas

Antes do jogo, a preocupação: o Flamengo poderia terminar a rodada na zona de rebaixamento, o que acabaria de vez com a tranqüilidade de todos na Gávea e poderia levar a uma crise incontornável. Mas uma única vitória, sobre o lanterna do campeonato, jogando com um a mais por todo o segundo tempo, com uma atuação ruim e o gol da virada vindo no último lance do jogo, de forma improvável. É o bastante para que comecem a aparecer aqui e ali matérias falando do início da arrancada, inclusive com contas mostrando que o hepta é possível e declarações de jogadores dizendo que o time pode vencer qualquer um. Isso é Flamengo!

A maneira como o time jogou na quarta-feira, na verdade, não foi de animar ninguém. Mas os três pontos foram importantes – sempre são, mas mais ainda num momento como este – e o resultado pode até ter mesmo algum impacto no desempenho do time nas próximas rodadas, fazendo com que ao menos as preocupações com rebaixamento fiquem pra trás.

O primeiro efeito, menos palpável, é o ganho de confiança. Ganhar do Grêmio Prudente, ainda mais do jeito que foi não pode ser visto como uma grande conquista, mas um peso foi tirado das costas – e todos os setoristas que cobrem o Flamengo, que até três dias atrás tocavam as trombetas do apocalipse e falavam do pior clima da história na Gávea, são unânimes em suas matérias ao afirmar que a atmosfera agora até parece mais leve. E afinal de contas, o time conseguiu fazer dois gols em duas partidas seguidas, uma incrível façanha para os seus padrões recentes. Confiança é tudo para um jogador de futebol e se os jogadores realmente conseguirem entrar em campo com a cabeça um pouco mais leve, o time só tem a ganhar.

Mas o segundo pode ser mesmo na escalação e na maneira de jogar do time. Depois de mais de uma dezena de jogos, um atacante voltou a marcar gol com a camisa do Flamengo – e, vejam só a coincidência, foi o mesmo que havia conseguido pela última vez, na longínqua partida contra o Avaí (que aliás, era visto na época como um time respeitável e de boa campanha e, no momento, já está atrás do Flamengo – vejam como é este campeonato). O ataque do Flamengo esteve longe de convencer enquanto Diego Maurício era titular, mas ele voltou a ser a bola da vez, a esperança de todos – e não dá pra negar que ele, ao menos, se apresenta pro jogo e não tem medo de tentar, o que, neste momento, já é bastante.

E nos dois últimos jogos, a entrada de Diego Maurício não representou a saída de outro atacante. Como parece mesmo difícil que Silas pense em barrar Deivid ou Diogo – e nem eu pensaria nisso -, o desejo da torcida de ver o garoto como titular pode significar uma boa mudança no jeito do time jogar.

Escalar os três juntos pode ser uma maneira de ter mais gente com jeito e disposição de se mexer em busca de oportunidades de gol, inclusive entrando na área para concluir – coisa que valeu todo o destaque para Kléberson na rodada anterior (contra o Prudente, ele até conseguiu também se apresentar para uma boa cabeçada, mas entrou impedido em muitos outros lances), mas que Renato e Pet não mostram ter força hoje para fazer. O treinador parece já ter chegado à conclusão de que não dá pra jogar com Pet e Renato juntos neste momento, mas bem que poderia agora dar o passo seguinte e se questionar: é realmente preciso ter um dos dois no time titular?

A minha impressão, neste momento, é de que não precisa não. Todo time tem a ganhar com a presença de um grande armador, de um camisa 10, em seu meio-campo, e Pet mostrou isso em 2009 – mas hoje o Flamengo não tem um cara desses pronto pra jogar como titular. Diogo e Deivid já jogaram no meio-campo, podem recuar e ajudar nesta ligação, ao mesmo tempo em que chegam ao ataque. E com Diego Maurício em campo, este recuo de um ou outro não vai fazer o time perder força na frente.

- ANDRÉ MONNERAT também escreve no SobreFlamengo (www.sobreflamengo.com.br e twitter.com/sobreflamengo)

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