terça-feira, 28 de setembro de 2010

Alfarrábios do Melo

Olá, saudações rubro-negras a todos. Como a quase totalidade da nação flamenga, ando irritado, mal-humorado e preocupado com a indigência técnica e tática da equipe atual, cuja promiscuidade com as áreas mais lodosas da tabela de classificação é algo que enrubesce e se mostra incompatível com as nossas tradições.

O avanço dos dias e das rodadas já demonstrou que o horizonte flamengo neste esquecível 2010 parece bastante estreito. A tão propalada e desprezada busca por um fim de ano digno é o que resta às ambições rubro-negras. Logo nós, que sempre almejamos por títulos, conquistas, glórias, estamos apenas em busca de paz. Parece pouco. É pouco. Não consola. Não empolga. Entretanto, nem isso parece assegurado. Mesmo para alcançar esse famélico objetivo várias correções de rumo se mostram necessárias.

A história recente do futebol brasileiro e internacional tem ajudado a cravar uma espécie de premissa, um tipo de axioma, que reza que o primeiro mandamento para que se formem equipes vencedoras é dispor de um sistema defensivo sólido e confiável. Um bom exemplo é a campeã mundial Espanha, que a despeito de um futebol brilhante tecnicamente e de um estilo aclamado pela crítica, saiu da Copa com apenas dois gols sofridos, não tendo sido vazada nos mata-matas.

Em 2007, o Flamengo encontrava-se em plena zona de rebaixamento. Ney Franco já se mostrava completamente perdido, sem comando e sem conseguir ajustar um time que perdera vários jogadores. Ao assumir, Joel Santana penou dois ou três jogos que, a despeito das doloridas derrotas, serviram para que se traçasse um diagnóstico limpo, preciso. Zagueiros foram afastados, chegou Fábio Luciano, um novo esquema defensivo foi montado e o time enfim se acertou, chegando à Libertadores.

O próprio hexa de 2009 só começou a se desenhar depois que o Andrade conseguiu viabilizar um sistema de contenção no meio-campo, possibilitando ao Pet desfilar suas peripécias no relvado. O time, antes pouco confiável, passou jogos e jogos sem sofrer gols, tornando-se uma referência defensiva.

Enfim, cabe ao Silas (ou a seu sucessor, não vejo um horizonte muito amplo ao nosso atual treinador) perceber que, antes de tudo, é preciso arrumar a cozinha, montar um sistema de proteção que harmonize a equipe. Não adianta “estourar a boiada” pra cima do adversário, é bonito mas não funciona. As equipes se organizam, hoje, a partir da defesa. Da defesa.

(Em tempo: o Rogério não tomava gols. Mas também não tinha um sistema defensivo. Aliás, não tinha sistema nenhum. Aquilo era um amontoado de jogadores dando bicuda. O time do Rogério me lembrava a Irlanda da Copa de 1990, talvez o futebol mais tosco que meus olhos já contemplaram).

Finalizando, o Silas tornou-se conhecido, incensado, celebrado e propalado por ser um treinador pretensamente adepto de novas idéias, novos conceitos. Se isso procede, chegou a hora, Silas. Afaste jogadores improdutivos, promova garotos, não escale o time pelo nome, assuma o comando dessa bagaia. O momento pede decisões fortes, ásperas. Pede um líder. Lidere, Silas. Lidere!

Se bem que, com o Jean nessa zaga, nem o Mourinho arruma...

Uma boa semana a todos.

Flamengo Net

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