quinta-feira, 1 de julho de 2010

Todos os Brunos da Gávea

Não há muito o que falar do caso do goleiro do Flamengo nesse momento, além de torcer por uma inocência que não manche o esporte. Discutir punição a um sujeito que é inocente até que provem o contrário é, de novo, uma sanha destrutiva que tem mais a ver com o espírito de cada um do que uma preocupação sincera e irrestrita com o clube. Sejamos cidadãos e aguardemos o desfecho do caso e das provas.

O que a gente pode fazer é tentar refletir em como o caso afeta o clube e, principalmente, como as coisas chegaram nesse ponto. Será que realmente demos azar? Será que não havia mesmo como prever que algo assim aconteceria?

Eu considero o caso do Bruno algo totalmente imprevisível. Se rolasse em uma novela ou filme a história de um goleiro acusado de assassinar a ex-amante, que também seria atriz pornô (cuidado ao abrir o link), eu consideraria um enredo confuso e inverossímil. Acho que ninguém, NINGUÉM, em sã consciência pode ler os jornais e dizer algo como "eu já sabia". Pelo contrário, até os que tinham a pior opinião possível se dizem surpresos e ainda aguardam o fim das investigações para decidir se creem ou não. Glória Perez perde fácil.

A questão difícil de se falar, mas que tem que ser dita é que, seja inocente ou não, Bruno errou em algum momento. Se foi um crime ou uma traição conjugal bem suja, é fato que o cara não teve o devido cuidado condizente com a imagem de um atleta de ponta, goleiro de clube grande e capitão do Clube de Regatas Flamengo. Imaginem Fábio Luciano ou Junior nas páginas de fofoca por estarem saindo, sei lá, com a Simone Mattos ou envolvidos com orgias? No way.

Em 2008, Marcinho levou o Flamengo às páginas policiais. Na calada da noite se transferiu, prejudicou seriamente um time líder do campeonato brasileiro que não se recuperou mais na competição. Em 2009 e início deste ano, Adriano se encarregou de firmar o verbete "chatuba" em qualquer enciclopédia sobre o Flamengo e 2010 cobrou a conta que parcelamos no ano passado. E agora, Bruno. Na boa, eu acredito em um raio caindo, admito dois em um mesmo lugar, mas três? O Vasco da Gama já provou que três vezes seguidas é definição de sina e não de coincidência.

É evidente que a formação desse elenco ignorou certos sintomas de comportamento. Pra cada Léo Moura recuperado a gente trouxe um garoto-problema que só fez as farras com que já estava acostumado. Bruno teve problemas de disciplina nos dois clubes que passou antes daqui, Marcinho chegou com fama de baladeiro e Adriano... Nem preciso dizer. Então não era pra contratar nenhum desses? Não digo isso, mas o fato é que um clube com histórico de permissividade se arrisca demais ao trazer atletas que não têm limites fora de campo. Por mais promissores que sejam.

Pegando carona no post do Paulo Lima - com o qual concordo 110%, independente do título polêmico - talvez isso dê uma pista do que Zico quer com os novos contratados. O Globoesporte confirma essa tese. Resta torcer para que o Galinho não se decepcione com Val Baiano, que não só aceita malas brancas como já manifestou isso publicamente. Por mais que o nível técnico caia, é torcer para que o Flamengo evite os bad boys e deixe eles para outros clubes que precisam fazer esse tipo de concessão.

Tiago Cordeiro é jornalista, twita sobre esportes neste perfil e escreve também no Cronista Esportivo.

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