sexta-feira, 21 de maio de 2010

COLUNA DE SEXTA-FEIRA - André Monnerat

Hora de olhar pra frente

O Flamengo esteve em três das últimas quatro Libertadores - um avanço em relação aos deprimentes anos anteriores. Ganhar e perder é do jogo, e em todas estas oportunidades o time esteve bem próximo de conseguir ao menos avançar mais uma fase. Em 2007, foi assaltado pelo juiz em pleno Maracanã; em 2008, também teve um pênalti escandaloso não marcado e viu o América fazer três gols basicamente nas únicas três vezes em que conseguiu se aproximar da área rubro-negra em todo o jogo; ontem, jogou melhor que o adversário mesmo em condições extremamente adversas e poderia ter conseguido os dois gols de diferença de que precisava.


Mas, infelizmente, nas três oportunidades, os motivos "de jogo" para as eliminações rubro-negras acabaram ficando em segundo plano. Em todas elas, a impressão que ficou é que fatores extracampo acabaram sendo mais determinantes para o insucesso. Em 2007, os jogadores viajaram ao Uruguai ignorando o Defensor, falando abertamente que a preocupação era com a final estadual contra o Botafogo, e ainda houve uma inacreditável briga entre Juninho e Ney Franco no vestiário; em 2008, o time chegou atrasado ao Maracanã, onde a partida foi precedida por uma animada festinha de despedida para Joel Santana no gramado, diante dos adversários; e este ano, depois de tudo o que aconteceu na temporada - será que vale fazer uma lista? -, o atraso do ônibus de dois anos antes voltou a acontecer e o time entrou em campo no Maracanã sem aquecimento. E fica a impressão de que o Flamengo avançou, mas ainda tem muita coisa por lá sendo empurrada com a barriga que, na hora H, acaba pesando.

Patrícia Amorim se elegeu com a bandeira da moralização, do trabalho sério, da profissionalização da gestão. Porém, sua imagem para boa parte dos torcedores hoje é de uma presidente que cuida da piscina, mas não do futebol. Mas vejam: até onde se sabe, mesmo nos esportes olímpicos a promessa de implantar uma gestão tocada por profissionais remunerados e com metas a cumprir ainda não saiu do papel. Será que o processo está mesmo andando?

É claro que não é trabalho que se faça do dia para a noite. No caso do futebol, ainda foi atrasado pelo conquista do Brasileiro 2009, que criou um clima para que se mantivesse muito do que vinha do ano anterior - por mais que agora a gente possa discutir se isso era correto ou não, foi o que aconteceu. Porém, tudo isso já passou.

Vamos entrar no sexto mês deste mandato. O Estadual acabou, a Libertadores acabou, o técnico do Hexa já não está lá, o Vice-Presidente de Futebol também não, os contratos de boa parte daquele time estão se encerrando - todas as amarras ao trabalho anterior estão sendo finalmente desfeitas e é hora de olhar pra frente. Quem se candidata a presidente do Flamengo deve saber no que está se metendo e as desculpas para a nova gestão não mostrar de vez a que veio estão se encerrando. Daqui pra frente, todas as decisões a serem tomadas representarão a cara que Patrícia Amorim quer dar ao seu Flamengo.

A presidente declarou hoje que ainda esta semana (hoje? amanhã? domingo?) será anunciado o novo Departamento de Futebol do Flamengo - e eu fico muito curioso para saber o que vem por aí. Que Patrícia Amorim tenha coragem, aja como a estadista que seu cargo demanda, se cerque das pessoas certas e realmente se guie agora por suas promessas de campanha na hora de definir de vez o rumo que dará ao futebol rubro-negro.

Quem sabe, nas próximas oportunidades, a gente possa analisar qualquer vitória ou derrota do Flamengo falando apenas da escalação, do esquema tático, dos chutes, dos passes, das faltas e defesas. Porque ganhar e perder é do jogo. Desde que não seja por conta de ônibus atrasado, briga no vestiário...

• ANDRÉ MONNERAT trabalha com Marketing e Internet e escreve também no SobreFlamengo (sobreflamengo.blogspot.com e twitter.com/sobreflamengo)

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