domingo, 7 de março de 2010

O papel da imprensa e o papelão do nosso dirigente

* Por Victor Esteves, diretamente da mesinha do Buteco

Não sei se vou ser escrachado por conta dessa opinião, mas eu preciso falar isso. Durante anos, por conta de um curso de Direito que eu não fiz direito, sempre sonhei em escrever e me tornar um jornalista. A vida seguiu, tomei outros rumos e com quase 50 anos resolvi fazer outra graduação, que completei no final do ano passado, me formando em Jornalismo e me tornando mais um filho da PUC. Isso não me dá o direito de falar mal de todos os jornalistas (toda generalização é o começo de um preconceito, como me ensinou meu filho), mas o fato é que são poucos os jornalistas esportivos sérios, preocupados em apurar a notícia, trazer uma boa pesquisa ou uma entrevista interessante . A grande maioria está mais preocupada com o “Shownarlismo”, uma mistura midiática de notícias bombásticas com insinuações veladas. Nem falo mais do bairrismo descarado, porque, morando em São Paulo e torcendo pro Flamengo, a solução foi fazer a escolha certa dos textos e programas. Alguns ditos “jornalistas” nem me incomodam mais, simplesmente porque não os leio nem os assisto. Quem quiser entrar “na pilha” deles, que faça bom proveito. Eu prefiro prestigiar os bons, os imparciais ou os estudiosos da imprensa.

Mas seria muito fácil colocar a culpa de tudo na imprensa. É fato que uma boa parte da imprensa repercute de maneira exagerada tudo que soa negativo em relação ao Mengão. Não concordo, mas entendo : É maior torcida do mundo, penetra em todas as camadas sociais, em todos os lugares do Brasil, das grandes capitais às pequenas cidades do interior, dos índios à galera da praia do Leblon. Gera público, causa comoção, vende jornal, faz o espectador esperar pelo próximo bloco de notícias… Só que a imprensa, na verdade, só amplifica os fatos que o próprio Flamengo gera. Eu ia começar a escrever este texto, pensando na jurássica decisão da FIFA de não implementar o apoio da tecnologia para evitar erros de arbitragem no futebol, quando a notícia que me aparece em primeira mão é a do nosso dirigente explicando como é o problema do Adriano com o álcool. Meu Deus, para quê essa declaração ? Para quê ir para a imprensa discutir o fato do Pet querer sair do estádio antes do fim do jogo ? Para quê colocar nos jornais a discussão sobre os valores do contrato do Andrade ? Não acredito que este senhor, que tem algum mérito pela conquista do hexa, mas muito menor do que qualquer jogador ou do que o técnico, exiba desta forma desavergonhada esta compulsão imensa de dar declarações “de impacto” na imprensa. Não é possível que o time seja sacudido toda semana por uma “bomba” nova. Já não dá tempo para treinar (pros que gostam, claro) jogando duas vezes por semana. E o tempo livre, ao invés do Andrade estar explicando para a torcida porque entrou com o Mezenga no primeiro tempo, é ocupado por este senhor que ontem, durante o Hino Nacional, fazia pose de palmeirense (camisa pólo verde- porco com listinhas brancas) de frente ao banco rubronegro.

É claro que nossos jogadores podiam evitar dar assunto, não precisávamos desse barraco todo numa noite de quinta feira. Mas ontem a seriedade do time pareceu uma lição de profissionalismo do time ao companheiro “de folga”. Mesmo os que estavam no Funk na quinta foram extremamente comprometidos durante o jogo. Tá certo que o Resende não tem tanta competência assim, mas eu queria estar falando sobre o jogo e não sobre mais uma declaração sobre drogas e álcool. Quem venha a Libertadores, e que a filha do Dunga dê uns conselhos sobre como se vestir na beira do campo ao nosso falastrão.

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