quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A noite em que o Flamengo curvou a mídia

* Por Vinicius Paiva

Conforme explorado aqui no Blog da Flamengo Net antes da partida de ontem entre Flamengo e Universidad Católica - estreia do Mengão na Libertadores - as Organizações Globo haviam cometido o extremo devaneio de deixar grande parte da torcida do Flamengo Brasil afora sem a transmissão da partida. Isto porque a grade original da Rede Globo contemplava transmissão apenas para algumas praças (aquelas dominadas pela Globo SP ou as que possuem futebol próprio, como MG ou SC, não veriam o rubro negro pela Globo). Quanto ao Sportv, ele transmitiria a partida do Corinthians para todo o Brasil, e o Flamengo apenas para o Rio. Tudo por conta das famigeradas Olimpiadas de Inverno, que dominam a programação do canal Sportv 2, uma vez que nas Libertadores de 2007 e 2008, todos os jogos do Flamengo eram transmitidos por um dos dois canais fechados da Globosat, inclusive para a cidade de São Paulo, onde resido.

O resultado da incompetência do departamento comercial da Globo foi uma violenta pressão da Magnética de norte a Sul do Brasil, com o próprio site oficial do Flamengo cumprindo papel fundamental no processo (http://www.flamengo.com.br/site/noticias/noticia.php?id=8305), resultando na mudança do esquema de transmissão da partida. Na prática, o que aconteceu foi que nas regiões desabastecidas da transmissão da estreia do Fla, as operadoras Sky e Net disponibilizaram canais exclusivos onde seus assinantes puderam assistir ao jogo, tudo em cima da hora. Este processo foi fruto do poderio inimaginável de uma torcida, tecla que há anos vem sendo batida por todos nós, mas que boa parte da mídia (e daqueles que a controlam) insiste em não acreditar.

No fim das contas, nem todos ficaram felizes. O canal disponibilizado pela Net em São Paulo, por exemplo (122) apenas serviu àqueles assinantes da TV digital, e com pacote de pay per view. A net analógica, segundo me consta, nem chega a ter o canal 122. Além do mais, assinantes de outras TVs a cabo (como a da Telefonica) continuaram chupando o dedo. A isto, soma-se o fato de a TV Globo ter realizado uma reportagem ao vivo no Bar da Fla Sampa na noite de ontem, e tivemos o cenário de uma superlotação jamais visto no bar oficial dos flamenguistas na capital bandeirante.

A propósito, para se precaver, a Fla Sampa adquiriu um equipamento de antena parabólica, que retransmite os jogos da TV Globo RJ para todo o território nacional. Se tudo der certo, a compra terá tido serventia apenas para o jogo de ontem, pois não se pode tolerar dois erros vindos de um mesmo canal, ainda mais quando o mesmo se viu obrigado a alterar sua grade de programação de maneira jamais vista anteriormente.

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Dominou o noticiário de negócios o fato de o Corinthians ter fechado mais um patrocínio - desta vez a "barra" da camisa para o Banco Panamericano, mesmo empresa a ocupar o referido espaço na temporada de 2009. E como não poderia deixar de ser, o Corinthians vem sendo exaltado por supostamente possuir o maior contrato do Brasil, e um dos maiores do mundo. O Diário Lance chega mesmo a projetar que, em caso de conquistas (por conta dos bônus pagos pelos patrocinadores), o time paulista poderia atingir a sexta colocação no ranking mundial de patrocínios, perdendo apenas para Real Madrid, Bayern de Munique, Manchester United, Liverpool e Schalke 04.

É mas não é. A verdade é que, como escrevi há cerca de um mês, esse "maior patrocínio do Brasil" vinculado ao Corinthians possui peculiaridades. A primeira é o tão falado "efeito Ronaldo", que até ano passado abocanhava 80% do valor de todos os patrocínios do clube, menos o patrocínio principal. Neste ano o esquema mudou, e a diretoria preferiu pagar ao atacante um valor fixo de R$ 12 milhões, além do salário de R$ 400 mil. Mudou a forma, mas não o conteúdo, pois se a fonte para o pagamento da remuneração de Ronaldo são os patrocinadores, os R$ 45 milhões angariados pelo Corinthians tornam-se, de imediato, R$ 33 milhões.

Outra controvérsia reside no fato de que o Corinthians comercializou bem mais espaços do que o Flamengo, numa estratégia de banalização que eu sinceramente não desejo ver no meu clube. A Hypermarcas, patrocinadora principal do alvinegro, paga R$ 38 milhões (além de R$ 3 milhões a título de marketing) pelo espaço da cota master (peito e costas), mangas, ombros e axilas. Já o pacote Batavo + BMG rende ao Flamengo R$ 30,5 milhões (além dos mesmos R$ 3 milhões para ações de marketing), mas usufrui apenas da cota master e das mangas. Nada de axilas ou ombros. Sendo assim, essa diferença de R$ 8 milhões é mais do que justificável, e coloca os patrocínios das duas maiores torcidas do Brasil no mesmo patamar. Com a diferença de que o Corinthians vive o ano mais importante de sua história (o do centenário) enquanto o Flamengo vive apenas um ano como outro qualquer.

Por fim, cabe lembrar que o patrocínio total do Corinthians atingiu R$ 45 milhões (R$ 35 da Hypermarcas mais R$ 7 milhões do Banco Panamericano na barra da camisa)
e que o Mengão deve atingir R$ 35,5 milhões (R$ 22 milhões da Batavo, R$ 8,5 milhões do Banco BMG e uma empresa ainda a ser anunciada, a pagar R$ 5 milhões pelos calções, em espaço equivalente ao da "barra" da camisa). É muito dinheiro, que pode proporcionar um grande ano ao atual campeão brasileiro, e que torna injustificável a choradeira de tantos torcedores por conta do logotipo da Batavo ou da cor laranja do logo do BMG.

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É ESTARRECEDORA a reação do departamento de marketing do Flamengo mediante seus primeiros grandes questionamentos públicos, conforme veiculado em notícia de dez dias atrás em alguns portais pela internet (http://www.lancenet.com.br/noticias/10-02-14/701329.stm). A verdade é que este natimorto projeto só teve algum destaque no âmbito da diretoria anterior, criadora do mesmo. E nem naquela época chegou a funcionar decentemente - eu mesmo passei enormes dificuldades e tive que pegar a mesma fila quilométrica que os não-sócios, quando da última partida do Brasileirão 2009.

A propósito, e as tais perucas de Vágner Love, prometidas como a grande coqueluche do Carnaval carioca?

Lamentável.

E-mails para a coluna: viniciusflanet@gmail.com

Flamengo Net

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