sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Edital de Convocação - Flamengo x Grêmio - 06/12/2009

*Por Raphael Perret

Senhoras e senhores, o dia 6 de dezembro de 2009 poderá ser o dia em que o Clube de Regatas do Flamengo restabelecerá a ordem do universo, abandonará as trevas a que foi condenado há mais de uma década e meia e cumprirá seu papel ante sua fantástica e descomunal torcida.

Quem tem, no máximo, vinte anos não vivenciou 1992, último suspiro mais harmônico com a grandeza do Flamengo. Desde então, conquistamos alguns Estaduais – com direito a dois tricampeonatos –, uma Copa do Brasil sobre o nosso maior rival e uma Mercosul arrebatada contra o Palmeiras na casa dos caras. Títulos emocionantes, que nos valeram cada minuto de atenção às suas disputas.

Mas nenhuma (NENHUMA!) dessas taças coaduna com a verdadeira magnitude do clube, símbolo máximo da paixão de 40 milhões de torcedores, uma autêntica nação cujo território se confunde e ultrapassa as extensões do Brasil. Não se entende por que o Flamengo foi tão ingrato a esta população, a ponto de repudiar a conquista do título máximo do futebol nacional por 17 anos.

Portanto, é hora de o clube corrigir esta distorção histórica, retomar a carreira de glórias condizentes com seu tamanho e retribuir o ilimitado amor de quem lhe fez tão grande.

A chegada a este momento tão especial foi árdua. No hiato entre o penta e hoje, ficamos sempre distantes do topo. Campanhas medíocres e esquecíveis deram a tônica do final dos anos 90. Já no início do século, provamos do fel das ignomínias ao lutar anos seguidos contra o rebaixamento, envergonhando ancestrais acostumados a somente brilhar e engrandecer o Flamengo.

Graças a Deus e a São Judas Tadeu, recentemente a história foi entrando nos eixos. Há três anos ficamos entre os cinco melhores times do Brasil e os encontros com a Libertadores voltaram a ser frequentes. O destino escrito, porém, não significa deitar na cama e deixar rolar. Na narrativa flamenga, não há espaço para os sucessos fáceis.

O campeonato foi aflitivo do início ao fim. Não se esqueçam das dificuldades que todos nós enfrentamos e fizeram muitos torcedores jogarem tão cedo a toalha: várias partidas seguidas sem marcar gol; corpo mole dos jogadores para derrubar técnico e que nos custou pontos preciosos; goleadas sofridas para timecos que se agarraram à rabeira da tabela; lateral-direito xingando a torcida; goleiro em má fase durante boa parte do torneio; empates ridículos em nosso monumental lar... Olha, foi duro.

Mas os consertos vieram a tempo e as habituais vitórias retornaram. Como esquecer os 3 a 0 sobre o Coritiba, com três golaços de Pet, Adriano e Willians? A virada sobre o São Paulo no Maracanã já está gravada na antologia rubronegra. Sob a desconfiança de quem acreditava que o Flamengo só vencia no Rio, as vitórias categóricas nos terrenos hostis do Palestra Itália, do Mineirão e dos Aflitos mostraram o quão temeroso é o Mengão. E só não vencemos o Internacional em Porto Alegre porque o Beira-Rio não tem drenagem.

Quais as razões deste progresso? Álvaro e Maldonado acertaram a defesa, Petkovic surpreendeu e é um dos melhores do campeonato, Adriano foi decisivo em muitos jogos, Bruno fechou o gol na reta final...

...e temos, no banco, um treinador que se revelou fantástico (até para a minha surpresa, diga-se de passagem). Sério, corta qualquer clima de oba-oba, mas sem o pessimismo do discurso do técnico anterior. Sereno, não se exalta e atende bem a imprensa (ao contrário de outros medalhões mal-educados e tão reverenciados). Eficiente, renunciou a um esquema dependente dos laterais e repetido à exaustão no Flamengo, corrigindo o setor defensivo. Ousado, jamais abdicou da busca pelo gol mesmo jogando fora de casa.

Andrade é o maior responsável por esta ascensão rubro-negra na competição. O cara entende de Brasileiros: ganhou “só” cinco, e será, tanto quanto o Flamengo, um hexa legítimo. Se, na época de sua efetivação, temi pela inexperiência, hoje só posso dar a mão à palmatória e agradecer ao Tromba por esta arrancada final e este maravilhoso presente que está nos prestes a dar. Mais um presente, aliás, depois de tantos inesquecíveis, como o gol que definiu os famosos 6 a 0 sobre o Botafogo e o passe para Bebeto marcar o gol do título de 1987.

Mas, amigos, não pensem que a conta já está fechada e o hexa está garantido às 19 horas de domingo. Este papo de que o Grêmio vai entregar o jogo é conversa dos adversários, dispostos a tudo para diminuir o mérito do título e amplificar um possível “mico” no Maracanã lotado. Lamentável a atitude da torcida arco-íris, que prefere atribuir o hexa à irregularidade dos principais rivais em vez de reconhecer os méritos do Flamengo, que ganhou no confronto direto contra Internacional, Palmeiras, São Paulo e Atlético-MG.

Ora, não importa quais jogadores desembarcarão de Porto Alegre no Rio de Janeiro, é mais do que óbvio que o time do Grêmio não vai entregar o jogo. Irá enfrentar o principal candidato ao título com decência, pois são profissionais sérios.

Para vencer, futebol o Flamengo tem. Estamos em primeiro lugar, invictos há cinco jogos, com quatro vitórias e apenas um gol sofrido. O Grêmio está em sétimo lugar e é o segundo pior visitante.

Entretanto, senhoras e senhores, o que fará a diferença, domingo, no Maracanã, será a gana de vencer. E, nisso, o Flamengo precisa ser insuperável. Ao Grêmio, não resta nada, apenas a honra de ganhar o jogo. A nós, rubronegros, resta tudo. A partida vale a mais importante taça do futebol brasileiro, vale a supremacia nacional, vale 17 anos de uma espera longa e sofrida.

Amigos, onde quer que estejam, no Maracanã, diante de uma televisão ou com um rádio grudado no ouvido, estaremos todos conectados, numa só vibração, emitindo força positiva para esse time nos dar a maior alegria que ele poderia oferecer em quase vinte anos. Esqueçam tudo por 90 minutos, e concentrem-se na energia necessária para que possamos gritar, ao fim de tudo, “HEXACAMPEÃO!!”, e recolocar o Flamengo na sua verdadeira estrada de glórias e sucessos.

Boa sorte aos jogadores, comissão técnica, torcida.

Boa sorte a nós.

Saudações rubronegras,

Raphael Perret Leal

Flamengo Net

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