O time para o jogo de domingo
Uma pesquisa divulgada pelo BEE da PUC comprova: a economia brasileira desacelerou 73,5% durante esta semana, fazendo a projeção do PIB deste ano despencar. Lula entrou em contato com Ricardo Teixeira pedindo a antecipação do Flamengo x Grêmio para quarta-feira, preocupado com os efeitos desta ansiedade rubro-negra na economia e na campanha de Dilma Roussef, mas infelizmente LDU e Fluminense já ocupavam o Maracanã. A expectativa dos economistas do Ministério da Fazenda, no entanto, é que o consumo de cerveja no pós-jogo seja o suficiente para reaquecer a economia e recuperar o preju causado por tanta falta de produtividade da torcida do Flamengo nestes dias.
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O que podemos torcer é que o grande núcleo de produtividade flamenga no país, durante esta semana, tenha sido em Teresópolis - afinal, se apenas pensar no jogo de domingo atrapalha o trabalho de professores, engenheiros, médicos, contínuos e pedreiros, é exatamente esta cabeça 100% no Maracanã e no Grêmio que deve ser esperada de Andrade e comandados.
Normalmente, eu diria que o time do Flamengo já está definido para a partida, seguindo o que vem entrando em campo já há muito tempo - apenas com a entrada de David no lugar do suspenso Álvaro. No entanto, Andrade andou falando de outras opções e efetivamente as testou no treino de ontem. Pode não querer dizer nada; não será novidade nenhuma o treinador fazer experiências durante a semana e esquecê-las na hora de escalar o time pra valer. Mas...
Embora a imagem construída por todos sobre Andrade seja a de um treinador feijão-com-arroz, aquele que tem méritos justamente por não inventar, o fato é que ele já tomou antes decisões inesperadas para a maioria. Vocês devem lembrar o discurso que reinava: "o time tem que jogar com três zagueiros mesmo, com estes laterais não há opção" ou "eu até gostaria de outro esquema, mas não dá pra mudar agora, no meio da competição". Pois Andrade mudou - ousando até em escalar por um longo tempo um time com dois zagueiros e um meia ofensivo improvisado na lateral. Há mais exemplos - ou alguém esperava a entrada do então desprezado Petkovic no lugar do zagueiro Fabrício, no intervalo da partida contra o Náutico no primeiro turno, uma substituição ousada que mudou os rumos do campeonato?
Assim, pode danar mesmo de Andrade resolver mudar o time, usando Fierro ou Kléberson de início. Vocês devem saber, a essa altura, que comigo o chileno seria mesmo titular do time, ocupando a função que Willians vem fazendo - mas também não sei se, pra última rodada, eu ousaria mexer no que vem dando resultado. Mas Andrade sabe o que está fazendo - e, independente de quem entrar, o principal é a postura e a concentração do time em campo. Se todos tiverem se preparado bem e entrarem em condições de fazer o seu melhor, domingo tem tudo pra dar certo.
Foi bom descobrir, graças a estes testes de Andrade no coletivo, que Éverton já tem condições de jogo. Sua saída para a entrada de Juan, em minha opinião, prejudicou o rendimento do time - embora errasse demais na hora de definir os lances, o garoto fazia diferença na dinâmica do time por sua movimentação, ultrapassagens, por dar mais sequência às jogadas. Não é o caso de lançá-lo novamente como titular numa hora dessas, por mais que Juan, que um dia já foi o grande jogador decisivo do time, hoje seja talvez o seu ponto mais fraco. Mas é interessante ter esta opção a mais para usar durante o jogo.
E o Grêmio?
O Grêmio é o time mais esquisito do campeonato. Quando jogou o seu melhor - sempre no Olímpico -, pareceu sempre pra mim um time muito bom: um grande goleiro, defesa sólida, muita marcação no meio, bom nos chutes de fora da área e nas bolas paradas e ao menos um atacante muito enjoado, o argentino Maxi López. No entanto, quando sai de Porto Alegre, foi sempre um desastre, com uma diferença de aproveitamento gigantesca e difícil de explicar. Se o Grêmio tivesse fora de casa o aproveitamento do Santo André, estaria agora com 62 pontos, jogando contra o Flamengo com chances de título. Já pensou?
Mas não dá pra saber que Grêmio é esse que vem ao Rio. Muitos titulares já estão de fora e não se sabe bem quem será escalado. Mas que mudanças seriam capazes de piorar um desempenho já tão ruim da equipe fora de seus estádio? Em princípio, qualquer alteração só pode melhorar a equipe. E, com todo o circo em torno do entrega-não entrega, não me surpreenderei em nada se vários dos jogadores que entrarem em campo resolverem mostrar dose extra de raça e entrega.
De qualquer forma, o Flamengo obviamente tem tudo para vencer. Mas é bom tomar seus cuidados - e eu chamaria a atenção, além do já citado Maxi López, para o garoto Douglas Costa, habilidoso, abusado e enjoado.
E seja o que Deus quiser.
- ANDRÉ MONNERAT trabalha com marketing em Internet e escreve também no SobreFlamengo (sobreflamengo.blogspot.com e twitter.com/sobreflamengo).
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