Flamengo, a razão de ser
Olá pessoal, Saudações Rubro Negras!
Algumas coisas nessa entrevista me chamaram a atenção. Isso me aguçou a curiosidade de tal forma que fui vasculhar teorias sobre o existencialismo. Mas não foi puro acaso.
Ao ser questionado sobre sua primeira lembrança no futebol, Ruy respondeu:
“Ecos de jogos do Flamengo ouvidos pelo rádio, com a voz de Jorge Curi na Radio Nacional. Era uma voz que vinha do alto – talvez de um alto-falante em algum lugar, ou de um rádio ligado no andar de cima –, como se estivesse anunciando a chegada do anjo vingador ou coisa assim. A voz de Jorge Curi era bonita e tonitroante como a de um deus. Ou Deus, sei lá. Era essa voz que me anunciava o Flamengo. Eu tinha uns quatro anos ou pouco mais. A partir dali, deixei de acreditar em Sartre, Heidegger e Husserl, e passei a acreditar no Flamengo.”
Sartre, filósofo Francês, dizia que no caso humano (e só no caso humano) a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma "essência" posterior à existência. Hidegger, filósofo alemão, desenvolveu seus trabalhos com uma visão concreta sobre a questão do sentido do ser. E Husserl, também filósofo alemão, fundador da “fenomenologia”, que propõe a extinção da separação entre "sujeito" e "objeto" e examina a realidade a partir da perspectiva de primeira pessoa.
Findada a aula de filosofia, logicamente me perguntei: Porque acreditar no Flamengo?
Me perdoem a arrogância, peculiar a quem tem sangue Rubro Negro nas veias, mas afirmarei como nosso, do torcedor, aquilo que acontece comigo: o Flamengo invade, se mistura e tranforma a nossa maneira de viver.
Porque se o Flamengo está bem, tudo é mais fácil. Você sorri mais, trabalha melhor, ama melhor. E não é simplesmente porque alguém um dia já escreveu algo do gênero e sim porque tudo isso se renova a cada manhã. É o sono leve e satisfeito de quem dorme com os melhores momentos , os gols, o grito de vitória passando por sua mente. É a certeza de poder compartilhar a alegria de ser Rubro Negro já na portaria do prédio, ou no jornaleiro da esquina, ou na padaria próxima ao trabalho.
Não há dúvidas: Ser Flamengo é ser diferente e muitas vezes recompensador.
Acreditamos no Flamengo sempre e quando ninguém mais, a não ser nós, mostra acreditar. Niguém conta, espera ou acha possível.
E acredita-se nele por ser esse um amor total, permanente e incondicional.
A partir daí, não é mais uma questão de existência ou essência, sentido do ser, separação entre sujeito e objeto. Não é somente por ganhar pontos fora de casa ou vencer de forma convincente um candidato direto ao título.
O Flamengo não precisa mostrar mais nada para que possamos acreditar nele. É intríseco, ser Flamengo é acreditar ser possível sempre. É acreditar na arrancada final, afinal quantas antes já não houveram? É acreditar que as vitórias importantes virão no momento certo. É acreditar que essa química entre time e torcedor reacende no exato momento necessário.
Por tudo que temos visto nos últimos jogos, pela raça e dedicação de quem usa esse Manto, pelo apoio vindo das arquibancadas e pelo insistente descrédito dos demais: Que o Flamenguista acredite, pois é possível.
Grande abraço, até segunda e Saudações Rubro Negras, sempre!
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