O Tamanho da Hiprocrisia
Já consigo imaginar um repórter entrevistando algum atleta do time catarinense mais tarde, antes do jogo:
- "E aí, Fulano? É partir pra cima do Flamengo e buscar o resultado? O Avaí é o favorito?"
Ao que o boleiro, do time 10 rodadas invicto, responde:
- "Não! De forma alguma! O Flamengo é uma grande equipe, com excelentes jogadores, um técnico inteligente e muito perigoso! Nós vamos jogar como o professor nos pediu, usando a vantagem de estar em casa. Mas não podermos descuidar, afinal do outro lado está O Flamengo..."
Balela! Bull-shit!
Eu queria poder colocar um microfone oculto no vestiário adversário, pois para mim, o verdadeiro discurso que deve ser exaustivamente repetido numa preleção adversária deve ser algo como: "vamos jogar sério, porque o Flamengo não sabe o que é isso há anos..."; ou "basta botar a bola no chão porque não há padrão de jogo na Gávea..."; ou ainda: "Não há condições de ganhar de pouco de um time que não treina. Tanto é que há anos que acumulam mais vexames do que glórias... Há anos não se joga futebol profissional na Gávea."
Eu, honestamente, duvido que algum jogador realmente acredite nas suas próprias palavras nestes momentos. Tirando o Vampeta - a quem eu considero um jogador de caráter comparável ao de Renato Gaúcho, de Romário ou de Dunga -, eu já não condeno tanto os jogadores que saem tacando pedras na zona em que se tornou a Gávea. Seja o Alexotan, que respondeu "Flamengo" sem pestanejar quando a Playboy perguntou-lhe qual o time mais "punheteiro" em que havia atuado; ou seja o Douglas "side-show-bob" Silva, que quando saiu do Flamengo cansou de fazer propaganda contra para os colegas que eram sondados pelo rubro-negro. Muitos desses jogadores deixaram a torcida revoltada e o clube na mão. Foram relacionados a panelas, chamados de chinelinhos e preguiçosos, e outras coisas que mais cedo ou mais tarde, fez-se com que suas saídas do clube fossem comemoradas. Mas na verdade, suas atuações só foram assim porque se deixou chegar a tal ponto. Isto não os tira a responsabilidade, mas como muito já se falou, as causas de tanto descrédito, tantos vexames, tantos desrespeitos ao Flamengo passam pela excessiva permissividade tolerada pela diretoria. Há anos o Flamengo deixou de ser uma associação desportiva sem fins lucrativos, para se tornar um verdadeiro balcão de negócios, refém de empresários e contratos leoninos à instituição. Quando exatamante, é difícil precisar. Mas é fato que já no ano do seu centenário, havia na Gávea uma estrutura que seria a responsável por um longo período de jejuns, vexames e tabús desfavoráveis, a acompanhar a rotina rubro-negra. Lá se vão 17 anos sem um título Brasileiro...
Daqui a pouco assistiremos mais depoimentos de jogadores ao fim de um jogo. Em caso de mais uma derrota rubro-negra, vão os jogadores do Avaí dizer: "- É um grande resultado, contra uma excelente equipe, de tradição, com grandes jogadores...", enquanto seus pensamentos dizem algo assim: "Coitado daquele que HOJE não ganha do Flamengo..."
Mentiras, mentiras e mais mentiras...
Quanto mede uma hipocrisia? Tamanho eu não sei. Mas no caso do Flamengo, já dura pelo menos uns 15 anos...
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