terça-feira, 7 de julho de 2009

Valeu, Íbson.

Por Lucas Dantas

Esse texto não é uma crítica ao já tão metralhado planejamento (ou falta de) rubro-negro. Muito menos mais uma ode à incapacidade dos dirigentes. Mas um lamento. Fico triste a cada vez que um potencial ídolo vai embora do clube, tal como Íbson está partindo nesse momento.

Não o considero craque, nem nunca o fiz, porém muitos já vestiram aquela camisa sem o ser e deixaram seus nomes marcados na história. Íbson era um ótimo jogador e se sobressaía ainda mais com o péssimo nível atual, tanto no time quanto no país inteiro. Não havia torcedor de outras plagas que o considerasse mais um. Pena que Íbson era apenas um.

Fará uma falta enorme para o time, pois pensava antes de agir. Não era um cachorro que apenas corre atrás da bola para depois devolver ao dono e correr atrás de novo. Ele tinha o cuidado de tentar entregá-la para os companheiros. Seria, com certeza, o fator de desequilíbrio que muitos treinadores desejam no seu time e que penderia a favor do Flamengo.

Íbson eu colocarei num patamar dos jogadores que poderiam ter sido, junto com Juan e Sávio. Talento de sobra os três possuem e também muita identificação com o Flamengo. Renato Augusto ficou pouco tempo para que eu pudesse ter uma idéia mais certa do que poderia se tornar.

Mas não foram porque as condições financeiras atrasadas de nosso país não foram capazes de segurá-los. Os gélidos europeus agora admiram o futebol desses talentos nascidos nos esburacados gramados da Gávea.

Enfim, o camisa 7 vai nos deixar. Mas não se engane, torcedor. Ele não foi embora agora. Foi em 2005, quando Anderson Barros o trocou por créditos em euros sob a justificativa de que “depois iria embora de graça”, para contratar reforços inúteis na época. O Íbson que estava conosco até o último jogo era outro. Era um Íbson amadurecido, europeu e caro. Muito caro.

O Flamengo fez sua parte. Uma oferta até digna, eu achei. Porém, não sei se concordaria que ela fosse levada adiante. Pode soar contraditório, pois acho Íbson um ótimo jogador e importantíssimo pro Flamengo, mas vendo o clube como está, devendo até ‘alma, esses nove milhões (quase três vezes mais do preço de venda), poderiam ser aproveitados de outra forma, como no CT, essa bandeira que sempre defenderei, pois considero pensar no futuro muito mais importante do que vangloriar o passado (viu, museu?).

Aliás, de onde viriam? Da OLK? De investidores? Engenharia financeira? Ou da venda de mais camisas, essa que parece ser a única idéia do marketing rubro-negro, como se fôssemos um bando de flagelados precisando de roupa pra vestir.

Porém, o Porto não aceitou a repetição do Pacto Colonial oferecido pelo Flamengo e ficou com a matéria-prima já lapidada. Ao invés de revender para a colônia, o fará para seus primos ricos e esnobes do Velho Continente.

Íbson ficou o quanto pode, mas agora é hora de seguir seu caminho e deixar bons momentos na lembrança. Ele respeitou o Flamengo. Não faltava a treinos, não fingia contusões e, principalmente, não criava polêmicas idiotas via imprensa. Pensava antes de falar e sabia da sua importância dentro e fora de campo. Mesmo assim, e com muito mais bagagem no clube do que qualquer jogador do elenco atual, jamais chorou pela faixa de capitão ou qualquer número que fosse na camisa. Inclusive, Íbson deu a sua ao goleiro que pegou aquele que seria seu último gol pelo time.

Íbson, vá e presenteie o mundo com seu profissionalismo, seriedade e ótimo futebol. E faça cada vez mais aqueles europeus perguntarem “mas o que esse Flamengo tem que não para de fazer jogador bom?”.

Flamengo Net

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