segunda-feira, 29 de junho de 2009
Ao Maestro, com carinho
29 de junho, aniversário de Júnior, data cívica da Nação. Não há presente que retribua a Júnior todo o bem que ele nos fez. Júnior está no projeto, na fundação, nas vigas e no concreto armado do Maior Flamengo de Todos os Tempos. E daquele Flamengo puro-sangue que só existe no coração de todos nós, daquele Flamengo que um dia há de se organizar para ser tão imenso quanto o nosso amor, Júnior é o código genético.
Talvez seja essa a definição mais justa. A gente vive dizendo: Júnior tem a cara do Flamengo, Júnior é a nossa alma, Júnior tem pele rubro-negra. A gente diz isso porque lembra do começo em 1974, lembra de Júnior peitando todo o time do Grêmio no Olímpico em 1982 e lembra do Maestro do pentacampeonato. Lembra de tanta coisa e ainda vê um golaço como o de ontem, no Fla-Flu de masters. Façamos o seguinte: para o bem da Nação, agora a definição é essa. Júnior é o DNA do Flamengo.
Maestro, obrigado por tudo. Não temos mais nada a te oferecer porque já te oferecemos um lugar na eternidade. Assim, ao invés dos desejos tradicionais aos aniversariantes, quebraremos o protocolo. O desejo é para o Flamengo. Tornamos público que este escriba e os abaixo-assinados nos comentários desejamos, para todo o sempre, que o Flamengo tenha a feição, a honradez, a grandeza e a pele rubro-negra de Leovegildo Lins da Gama Júnior. O Capacete. O Vovô Garoto. O Mister Futebol. O DNA do Clube de Regatas do Flamengo.
Parabéns, Maestro.
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Segue abaixo um texto que publiquei aqui mesmo no blog, em 2004. É sobre o último Fla-Flu de Júnior como profissional. Uma aula de rubro-negrismo.
Apenas um retrato na parede
Eu comprei uma foto do arquivo de um grande jornal do Rio. Não posso mostrá-la aqui, comprei apenas a imagem, sem os direitos para divulgá-la. E, desde que recebi a foto, não parei de pensar nela. É do último Fla-Flu do Júnior, em 1993. Três a dois para o Flamengo, de virada. O terceiro gol saiu no final do jogo: bola alçada na entrada da área, Gaúcho subiu contra o beque tricolor e escorou para trás, até Júnior, que matou no peito e emendou sem deixar a bola cair. Um gol de sonho.
Faz onze anos, mas a lembrança é atual como um gol perdido por Jean. Eu estava a bordo do ônibus da empresa Santo Anjo, linha Lages-Tubarão, tentando ouvir o jogo através das ondas curtas. Foi assim que o Fluminense abriu dois a zero, aumentando o desconforto da viagem. No final do primeiro tempo, já nas ondas médias, ora na Globo, ora na Tupi, Paulo Nunes descontou. E o segundo tempo foi todo pela Tupi, de melhor sintonia na altura da Serra do Rio do Rastro. Encurralamos o Fluminense. O empate saiu em cabeçada de Gaúcho, perfeita, no ângulo esquerdo. Vinte e cinco minutos do segundo tempo, Luís Penido narrava e eu ouvia a torcida ao fundo, meu Mengão, eu gosto de você.
Cantei ao mundo inteiro, a começar pelos outros passageiros do ônibus, a alegria de ser rubro-negro. O Penido disse: - Sobe Gaúcho, escora de cabeça, Júnior matou no peito, bateu, guardou!, gol!, gritei sozinho e incompreendido. Gol de quem?, alguém perguntou, do Júnior, respondi, do Flamengo, vamos ganhar o Fla-Flu!
Puta merda, disse um secador; fica quieto!, disse outro; mas Mengo!, gritou alguém do fundo do ônibus; quanto tá?, perguntou outro rubro-negro; e logo éramos quatro rubro-negros ouvindo o rádio, e Júnior disse ao final do jogo, isso aqui é o Flamengo.
Era o Flamengo. A foto que eu comprei mostra a comemoração do terceiro gol. Júnior está à beira do fosso da geral, às suas costas estão Nélio, Marquinhos, Gaúcho, e à sua frente centenas de torcedores ensandecidos, braços estendidos em direção ao jogador que mais vezes vestiu o Manto Sagrado. Os outros torcedores rubro-negros da foto sorriem, trocam abraços, e os tricolores estão saindo, cabisbaixos. Mas é ao grupo que estende os braços em sua direção que Júnior se dirige, ele está puxando a frente da camisa com a mão esquerda, e com a direita aponta para o escudo. Parece dizer aos torcedores, isso aqui é o Flamengo, e agora vejo que um torcedor levou as mãos à cabeça, outro gira a camisa no ar, mas quase todos estendem os braços e têm as mãos espalmadas e parecem dizer sim, Júnior, isso aqui é o Flamengo, nós somos o Flamengo!, e eu não consigo parar de pensar, era o Flamengo. Vou emoldurar a foto e ela vai virar – parafraseando Drummond – apenas um retrato na parede. Mas como dói. Era o Flamengo.
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