domingo, 17 de maio de 2009


Nosso Mundo é Flamengo
Júlio César, Orgulho da Nação

Escrito por Thiago Gonçalves*

Para tentar minorar a raiva e a decepção que esse ataque está dando, vou mudar de assunto.
Hoje vou falar sobre um grande rubro-negro no exterior que, neste domingo, deverá tornar-se tetra-campeão italiano: Júlio César.
Júlio César surgiu no time principal em 97, no segundo jogo das semi-finais da Copa do Brasil, tendo que substituir Zé Carlos no decorrer da partida. Vencemos esse jogo e nos classificamos para a final contra o Grêmio. Um fato curioso de que me recordo é que Júlio César tinha que apresentar autorizações dos pais para poder viajar com a equipe, visto ser menor de idade.
No fim de semana a seguir, Júlio César fez a sua estreia como titular e logo num Fla-Flu. A partida não nos correu da melhor maneira, pois perdemos por 2x0, mas a nível individual Júlio César foi um destaque - tendo inclusive defendido um pênalty cobrado por Alcindo. Desde cedo percebia-se a sua qualidade e notava-se que teríamos um grande goleiro no futuro. Mais tarde, Júlio César falaria o seguinte sobre esse jogo:
“- Foi na minha estréia, com 17 anos, em um Fla-Flu do Campeonato Brasileiro de 1997. Fiquei o tempo todo sonhando em ouvir a torcida gritando o meu nome. O Flamengo perdeu, mas defendi um pênalti.”
Júlio César permaneceu na Gávea até o fim de 2004 tendo conquistado a Copa Mercosul em 99, o Tri-Estadual da virada do milênio, a Copa dos Campeões em 2001 e o Campeonato Carioca de 2004.
Em 2005 Júlio César rumou à Itália, mas como a Inter já tinha esgotada a cota de estrangeiros no time, ele não pode ser registrado. A Inter então propôs duas alternativas ao goleiro: ou seria emprestado a um time no Brasil por 6 meses ou seria emprestado para um clube italiano de menor dimensão. Júlio César escolheu a segunda opção, pois viu que esses 6 meses em terras italianas seriam muito úteis no processo de adaptação a um novo país e uma nova cultura.
Foi então emprestado ao Chievo e, em meia temporada que lá esteve, jogou apenas dois jogos. Mas como a Inter já sabia do seu valor, na temporada seguinte levou-o para Milão e ele passou a ser reserva do idolatrado Toldo, goleiro da seleção italiana durante alguns anos. Na época falava-se que Toldo estaria de saída da Inter e que Júlio César seria o seu substituto, mas tal não ocorreu e Júlio César teve que disputar com Toldo a vaga de titular.
Apesar da importância de Toldo para o clube, o treinador Roberto Mancini decidiu dar uma oportunidade para Júlio César na temporada seguinte. O que aconteceu todos sabemos: o goleiro agarrou a titularidade, destacou-se a nível interno e internacional, hojé é titular da Seleção e sem dúvida um dos melhores goleiros do mundo.
Júlio César já disse que não pensa, num futuro próximo, voltar ao Flamengo. É natural, porque está vivendo o seu melhor período da carreira e é na Europa que ele consegue o reconhecimento mundial. Mas uma coisa ele nunca escondeu: a sua vontade de um dia ser dirigente do clube de coração, e talvez até mesmo presidente do Flamengo. Ele foi um dos que sofreu com a estrutura que o Flamengo apresenta nos últimos anos, por isso imagino que tenha conhecimento de como é o caos em que o Flamengo se encontra metido hoje em dia e se mesmo assim pensa em ser dirigente do clube quando acabar a carreira, acho que é um pensamento de louvar.
Nesta tarde de domingo, a Inter tem tudo para tornar-se tetra-campeã da Itália. Para isso basta vencer o modesto Siena, jogando em casa, na presença dos torcedores neoazurri que estarão loucos pela vitória. Esse título não é do Flamengo e claro que por mais importante que seja, uma vitória por 1x0 ontem sobre o Avaí teria me deixado muito mais feliz, mas dá-me gosto de ver um rubro-negro de coração, formado para o mundo do futebol no Flamengo, triunfando no exterior apesar de todas as dificuldades. Principalmente um goleiro, que tem que ultrapassar o preconceito europeu que julga que o Brasil só sabe formar jogadores do setor ofensivo.

p. s.: Nem é preciso esperar pelo jogo: com a derrota do Milan para a Udinese por 2x1, a Inter conquistou o tetracampeonato por antecipação no sábado mesmo.

*Thiago Gonçalves, 25 anos, residente em Braga (Portugal), é formado em Engª da Computação Gráfica e Multimédia, e escreve também no Mundo Flamengo (www.mundoflamengo.com)

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