segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009





Patrocínios do RJ

Muito bom dia meus queridos amigos rubronegros, é com muita honra e satisfação que passo a compor o quadro do Flamengonet a partir do dia de hoje! Quem por ventura já tenha me acompanhado – na condição de colunista do site FlamengoRJ – conhece minha predileção por assuntos relacionado aos negócios e ao marketing esportivo, tanto em âmbito geral quanto, é claro, aqueles relacionados ao Flamengo. Confesso que aqui na nova casa terei que redobrar esforços ao escrever sobre estes assuntos, pela quantidade de gente boa que também o faz.

Um assunto que retomo insistentemente se relaciona à desvalorização dos times do Rio e do futebol carioca como um todo - em detrimento do futebol paulista – tanto em termos de exposição de mídia quanto em valores de patrocínio, o que fatalmente acarreta resultados esportivos piores, como podemos verificar nos últimos 10 anos. Neste sentido, sempre cabem reflexões a respeito do porquê deste processo, uma vez que até o título brasileiro conquistado pelo Vasco em 2000, paulistas e cariocas se encontravam rigorosamente empatados em número de conquistas nacionais.

Neste sentido, andei fazendo uma análise a respeito das placas de publicidade dos Estaduais neste princípio de 2009. Não conheço os valores negociados por cada estadual, e creio que isto faça pouca diferença para os clubes, uma vez que se trata de uma receita exclusiva da Rede Globo, na condição de detentora dos direitos de televisionamento da maioria dos torneios. No entanto, a quantidade e o perfil dos anunciantes em cada Estadual diz muito a respeito do interesse despertado nas empresas que investem no futebol.

Mais uma vez, o parâmetro do campeonato estadual do Rio de Janeiro acaba sendo o Paulistão. Por mais importante que sejam os clubes gaúchos e mineiros, não há como negar a condição de torneios locais de seus respectivos estaduais. Por conta disto, as placas de publicidade à beira do campo nestes dois torneios são poucas, espaçadas e a maioria dos anunciantes são regionais. Como empresas de atuação nacional, consegui identificar apenas o patrocínio da Ricardo Eletro em MG, e da Pepsi e da Tramontina no RS. Cabe ressaltar o fato de a Ricardo Eletro ser uma empresa mineira, e a Tramontina, gaúcha.

Já no campeonato estadual do Rio de Janeiro, verifica-se a presença de um número bem maior de empresas de grande porte, sem lacunas ou espaços entre as placas. O problema é o perfil destes anunciantes, ao menos em uma comparação com o campeonato paulista. No Rio, consegui identificar aproximadamente 9 patrocinadores, com destaque para Bob’s, Furnas, Cimentcola, Embratel, Itaipava, CNA e a mesma Ricardo Eletro do estadual de Minas Gerais. Já em São Paulo, perdi a conta assim que cheguei ao 17º anunciante. Eram tantos que muitas vezes embaralhavam a visão, chegando a haver pouco espaço para tanto anúncio – que nem é bom. Empresas multinacionais ou de grande porte, como Gatorade, Itaú, Skol e Vivo dividiam espaço com marcas menos grandiosas, como Sawary, Camp, Overcoll e Neosaldina.

A grande questão é: dos 5 patrocínios-master da TV Globo – aquelas empresas cujas propagandas são veiculadas no intervalo da transmissão do futebol – três compraram placas de publicidade do Paulistão (Vivo, Itaú e Skol). Nenhuma optou por atrelar sua imagem ao Campeonato Carioca, nem mesmo as outras duas restantes (Casas Bahia e Volkswagen). A propósito, apenas a rede de idiomas CNA veiculou sua imagem em ambos os torneios.


Além do desinteresse despertado nos principais anunciantes do futebol nacional, salta aos olhos ainda a origem das empresas que anunciam no Rio de Janeiro, uma vez que boa parte delas ou é sediada no Rio, ou tem o mercado carioca como o seu principal – casos de Furnas, Embratel, Itaipava e Bob’s. Por fim, verifica-se a presença maciça do Estado na condição de anunciante dos clubes do Rio de Janeiro: além de Furnas, subsidiária do sistema Eletrobrás, existem ainda placas do Governo do Estado do Rio de Janeiro com a mensagem “Torça em Paz”.

Cabe ressaltar que há apenas 3 clubes patrocinados por estatais no Brasil, e os três ficam no Rio de Janeiro (Flamengo/Petrobrás, Botafogo/Liquigás, Vasco/Eletrobrás). Não vejo nenhum mal nisto, desde que sejam empresas que atuem no livre mercado concorrendo com empresas da iniciativa privada. Mas a configuração dos patrocínios no Rio de Janeiro parece beirar um exagero, principalmente quando os valores negociados são superdimensionados – caso do patrocínio Vasco/Eletrobrás, arquitetado pelo governador do estado do RJ, vascaíno fanático. Sendo assim, este excesso de patrocínios estatais, acompanhado por um bom número de anunciantes locais, dá a impressão de que o que rola é uma “forcinha” das instituições para os clubes, quando o intuito deveria ser exclusivamente o retorno de exposição proporcionado pelos mesmos.

Este suposto desprestígio do futebol carioca gera uma situação antagônica, posto que o Campeonato Carioca continua sendo o maior torneio estadual do Brasil. Conforme já explicitei em colunas anteriores (http://www.flamengorj.com.br/coluna.asp?codColuna=554), as vendas de pacotes de pay per view do Cariocão sempre superaram as do Paulistão (em 2008, foram 186 mil x 176 mil pacotes). E o torneio do Rio, no ano de 2008, foi veiculado para 40% da população brasileira (ante 25% do Paulistão) e para 34% do PIB nacional (ante 37% do Paulistão). Esta última análise pode ser vista na seguinte coluna: http://www.flamengorj.com.br/coluna.asp?codColuna=362 . Em 2009, segundo consta, a TV Globo veicula o Campeonato Carioca para nada menos do que 19 estados brasileiros, além do fato de a Band ter obtido os direitos de televisionamento do torneio.

Por tudo isto, não falta audiência ao campeonato estadual do Rio de Janeiro. Também não falta interesse, muito menos charme. Mas a falta de credibilidade que os clubes possuem no mercado faz com que grandes empresas desistam de se associar aos mesmos. A falta de transparência que emana da diretoria da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, idem. E a falta de qualidade dos espetáculos - que faz com que mesmo os campeões cariocas cheguem ao Brasileirão apenas para fazer figuração – pode ser colocado como mais um fator a afugentar investidores.

Sempre há o que fazer, e um pequeno princípio de moralização do futebol carioca se iniciou recentemente. Mas ainda estamos longe, muito longe de atingirmos um nível de excelência que nos faça voltar ao lugar que sempre nos foi de direito: o topo da cadeia alimentar do futebol pentacampeão mundial.

É isso meus amigos, me perdoem por me alongar tanto! Um abraço!

E-mails para a coluna: viniciuspaiva1@yahoo.com.br (provisório)

Flamengo Net

Comentários