A lebre levantada por Caio Junior já levanta polêmicas. Em entrevista coletiva depois do jogo, o técnico do Flamengo reclamou da arbitragem e da suposta falta de fair play do time adversário, ao não devolver a bola depois da interrupção da partida para atendimento a dois jogadores do Galo. Na visão de Caio, o árbitro deveria intervir. Para Renato Marsiglia, comentarista do Sportv, a decisão foi correta. Em seu blog, Juca Kfouri diz que faltou ética, sim, mas a Caio.
Bom, antes de tudo, devo deixar claro que a derrota do Flamengo pouco tem a ver com esse lance. A equipe visitante já vinha criando chances para ampliar o placar. Era questão de tempo e de precisão do finalizador.
Feita essa ressalva, volto à questão. Sempre achei que essa convenção do fair play, tal como acontece, é um absurdo. Sim, é desejável que os jogadores tenham o chamado espírito esportivo, ou seja, coloquem os valores humanitários acima dos valores estritamente competitivos. Mas é uma aberração a maneira como isso é tratado pelo esporte. Senão vejamos: as circunstâncias de jogo criam uma vantagem competitiva a favor do seu time. Em nome de elevados espíritos esportivos, sua equipe joga a bola para fora, tentando apressar o pronto atendimento médico do companheiro de profissão. Na retomada do jogo, cabe ao adversário a boa conduta de devolver a bola a você. Só que nada é previsto na regra. Invariavelmente, o que tem acontecido? A equipe beneficiada com a interrupção faz a devolução da bola em condições muito piores, por diversas vezes pressionando o adversário na saída de bola.
Na partida de ontem, é verdade que quem parou a partida foi o árbitro, quando a bola estava com o Galo. Mas numa situação em que os mineiros teriam por algum tempo clara desvantagem tática e numérica, caso o atendimento médico fosse feito fora das quatro linhas - procedimento que, no meu entender, seria o normal. Então, o que acontece? Dois jogadores machucados são atendidos, a bola pára e quando o juiz volta, dá bola ao chão, onde Paraíba ainda tira o pé. Injusto. Sim, a bola estava com o Galo, mas a vantagem circunstancial era do Flamengo, que na sequência da partida teria um dois minutos de 11 jogadores contra dez ou nove. O suficiebte para criar pelo menos uma boa chance de gol. No meu entendimento, portanto, caberia sim aos atleticanos devolver a bola ao Flamengo. Por uma questão de fair play.
Enfim, essa confusão é resultado de uma normatização caduca, que não estabelece compensações justas para o adversário claramente prejudicado com a interrupção do jogo. Cabe à International Board instituir recomendações mais claras, que normatizem corretamente essas situações.
A regra, até por omissão, pode até ser clara nesse item. Mas não é lá muito justa.
|