terça-feira, 14 de outubro de 2008

CLIMA DE MARACA - Nem todo dia é dia santo

Com linguagem informal, João Tavares - o Dão - comenta a movimentação dos torcedores antes/durante/depois dos jogos no Maracanã.

Toca o telefone, nem lembro que horas, e era o colega paraibano Bruno Medeiros, que saiu de Sorocaba para ver o Mengão. Imagino sua ansiedade, e como eu estava com os ingressos dele, pedi mais uns minutos de sono e ele compreendeu. Passou mais tarde lá em casa, pegou seu ingresso e partiu, feliz da vida. Eu já tava me preparando também pra vazar em direção ao maior do mundo.

Arrumei uma carona com um grande amigo rubro-negro, o Ogro, que, assim como eu, tem seus rituais pré-jogo. O dele é beber lá do outro lado, na UERJ, fato esse que impede sempre de vermos a pelada juntos porque meu ponto preferido é justamente no lado oposto, o do Bellini. Ele me deixou em frente à bilheteria 5 e, às 15h30, o entorno do Maracanã já tava bombadão.

Parti em direção do Chico's animado pra pegar uma mesinha, afinal meu brother Pessoa falou que ia levar três aluninhas portuguesas pra lá, e eu, como bom turismólogo, seria com muito prazer o guia das raparigas. Lá também já tava bombadão, Fla-Manguaça fazendo seu aquecimento, galera conhecida chegando e de repente passa na rua um fusquinha todo pintado de rubro-negro. Aí, nem preciso dizer que a galera foi ao delírio né? Foi a maior festa, ninguém queria deixar o carro ir embora.

Recebi algumas ligações de que tava um tumulto danado pra entrar, que tinham separado as filas de estudantes e inteiras e já previ o pior. Mas se tu tá no inferno, abraça o capeta logo. Então parti pra minha saidera na tia Monica. Chegando lá, deu pra ver que o clima era de loucura total. Um galo, com coleira rubro-negra, tava amarrado ao isopor da tia, obra de um cliente, segundo ela. O certo é que, por esse fato, não era de muitos amigos a cara dela.

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Quando eu cheguei de frente pro Maraca, dei por conta do caos que tava aquilo. Uma fila gigantesca, que passava da bilheteria 5 pra entrar pelo lado de estudantes, e nenhuma fila pra entrar no lado de inteiras. Resultado, o que eram pra serem duas entradas virou apenas uma (ah, como eu adoro essa "ixperta" PM carioca). Cara se tem uma parada que eu não suporto é fila, aguento a do banco muito a contragosto. Se eu fico no final dela, ou até se furo na metade eu só entro na segunda etapa. Furei no gargalo e, após muito tumulto, esporros da educada PM, e ameaças de cacetadas consegui entrar faltando 10 minutos pra começar a pelada. Ah, e vocês acreditam que, mesmo depois desse perrengue todo, a PM não tava conferindo as carteiras de estudante? Pois é, só rindo pra não chorar.

Bem, não vou falar sobre o jogo porque simplesmente não jogamos, vou falar sobre nossas principais torcidas. Enquanto a Raça Rubro-Negra e a Urubuzada ficarem uma em cada ponta cantando musicas “argentinas” e a Torcida Jovem, com as músicas próprias que clamam por violência, será difícil embalar o time, ou pelo menos tentar. Aliás, a Jovem mais uma vez ficou de castigo, sem instrumentos, faixa e bandeiras. Eu não ouvi em nenhum momento dos 90 minutos uma tentativa de puxar o “tema da vitória”, canto esse que ano passado emocionou geral. Algumas poucas vezes o hino, “ó meu Mengão” e o “domingo vou ao maracanã”. A bola da vez parece ser essa babada de ovo hermana mesmo. Já foi a época que nossa torcida organizada era copiada, hoje em dia ela é que tá copiando. Saí faltando uns 5 minutos pra não me aborrecer. Alguns gritavam olé em favor do time adversário. Vaia pra jogador eu até admito, mas isso é palhaçada demais pra mim.

Lá fora o clima era de desolação, claro, mas pelo menos não vi nenhum princípio de tumulto ou de arrastões, coisas que são corriqueiras após vexames como o de sábado. O galo não estava mais lá no isopor da tia, isopor esse que dessa vez não consegui matar, aliás se tivessem mais uns cinco Dãos não matavam, geral saiu voado para suas casas, envergonhados. Acho que 90% da torcida deixou de acreditar em titulo, mas não podemos esquecer que o ano ainda não acabou, que ainda lutamos pelo menos por uma vaga na Libertadores. Agora, pra isso acontecer, temos que jogar bola porque três pontos não caem do céu.

Domingo que vem tem jogo contra o fraco bacalhau, e, parafraseando aquela música dos mineiros do J Quest: “e se quiser saber pra onde eu vou, aonde tem Mengão, é pra lá que eu vou”.

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