quarta-feira, 15 de outubro de 2008


COLUNA DE QUARTA FEIRA João Marcelo Maia

Momento Polyana

Sou um sujeito consciente e sei que sou chato. Um grande amigo rubro-negro meu, irritado com meu pessimismo demonstrado num desses campeonatos do passado, tachou-me de "torcedor do Botafogo disfarçado de rubro-negro". Por esse motivo, digamos, "psicológico", venho há tempos implicando com o desempenho no Flamengo neste Brasileiro. Mas hoje vou mudar um pouco de tom, pois eu mesmo já não aguento escrever críticas. Vejamos se funciona.

Sobre se o time pipoca ou não, Tinhorão deu sua opinião, que se assemelha a minha. É um time que não está à altura de grandes conquistas. Eu não acho que seja problema de caráter, mas de ausência de atitude vencedora. Entretanto, é bom lembrar que boa parte deste time segurou o rojão do Brasileiro do ano passado, quando tínhamos que vencer de qualquer jeito para entrarmos na Libertadores. E praticamente todos os jogos no Maracanã eram cercados de euforia desmedida e promessa de glórias futuras, exatamente como este contra o Atlético-MG. E o time segurou o tranco, como segurou na final do Estadual este ano, tranquilamente. Ou seja, talvez eu tenha exagerado.

Nosso ataque continua frágil e inconstante, é fato. Mas alguns times razoáveis estão se dando bem sem terem uma boa linha de frente. Vide Grêmio. E outros, com boa presença ofensiva, afundam e não conseguem ter uma sequência de vitórias, como é o caso do Internacional, que possui um dos melhores atacantes em atividade no Brasil. A solução é simples: assumir Paraíba como quarto homem e escalar Vandinho e mais um lá na frente. Do jeito que anda, jogamos no 3-6-1, esquema que destruiu Souza. Trocando em miúdos: é possível fazer uma campanha boa mesmo com esses aí que andam pelo Flamengo.

Sobre Toró, Jaílton e outros tipos estranhos que povoam nosso meio-campo, diria que não há time hoje no mundo que não tenha um ou dois do mesmo naipe no elenco. E como titulares. Ok, não precisamos escalar os dois ao mesmo tempo, ou posicionar o Jaílton como um terceiro zagueiro em linha com os demais. Mas não somos um time desgraçado e amaldiçoado por contarmos com esses dois jogadores. O time que lidera o campeonato parece ter uns 5 desses no elenco. Moral da história? O que parece péssimo não é tão péssimo assim.

Finalmente, o leitor deverá estar se perguntando por que diabos vim com esse papinho Polyana justamente num momento destes. Bom, talvez porque eu ache que estamos fazendo uma campanha razoável para as condições que temos e as circunstâncias que enfrentamos. Na verdade, o Flamengo está montando um time há semanas, fazendo uma espécie de pré-temporada durante o campeonato. É claro que isso se deve a uma combinação de azar e incompetência, mas é um fato. Na nossa frente, temos times que pouco perderam com as transferências e que acumulam um histórico recente no Brasileiro melhor do que o nosso. Não preciso repetir também que, de modo geral, estão em melhor situação política e econômica do que nós. O Flamengo ainda não pagou agosto!

Não acho que está bom do jeito que está e não me conformo com a seca de Brasileiros. Vou continuar a implicar e encher a paciência, até porque nunca tive confiança neste time, mesmo quando liderava com boa folga sobre os demais. Não acho que ainda possamos disputar o título de 2008, mas ainda temos espaço para fazer uma boa campanha. Talvez o Flamengo só se mova na base da pancada e da decepção mesmo.

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