quinta-feira, 4 de setembro de 2008

COLUNA DE QUINTA-FEIRA - Raphael Perret

Cadê os volantes?

Apesar dos claros progressos do time, do reencontro com a vitória fora de casa e com a volta dos gols (até o início dos jogos de hoje somos o melhor ataque do campeonato), o Flamengo ainda não consegue demonstrar a segurança de uma equipe que disputa título ou, no mínimo, vaga para a Libertadores. O panorama é bem melhor daquele exibido há um mês, mas ainda tomamos sustos desnecessários.

Não pode o Flamengo jogar contra os dois “enses” e tomar quatro gols. Não vou adicionar nada ao que já foi escrito e dito sobre o Fla-Flu. Peguemos apenas a partida contra o Figueirense.

O primeiro tempo, se não foi de domínio total, foi sob controle rubro-negro. O Flamengo atacou quando pôde e fez os gols com uma certa tranqüilidade. A defesa esteve segura, embora o Figueirense conseguisse chegar perto da área algumas vezes. A marcação no meio-campo estava recuada e permitindo o avanço alvinegro. Entretanto, o Flamengo era mais vertical e esteve muito perto do gol de Wilson. Marcelinho Paraíba e Leo Moura infernizavam. E até de longe ameaçavam, como no chute de Leo do meio-de-campo. Falcão, na transmissão da Globo, previa que o jogo de ontem poderia entrar “negativamente” para a história do Figueirense. Tinha razão.

Caio Júnior trocou Kleberson por Aírton no intervalo. Acreditei que era uma boa mexida, pois o apoiador estava jogando muito atrás, um pouco sumido, e o jovem volante poderia ampliar a proteção aos zagueiros.

Que nada! O Flamengo passou a ser dominado por aquele timeco de Santa Catarina, cada vez mais próximo da área. O contra-ataque rubro-negro parava facilmente na intermediária do Figueirense. A criação era nula. Ainda bem que o tempo passou, o Figueira ficava consciente de sua inapetência, Sambueza cadenciava o jogo, Ibson saíada linha de frente da defesa para ajudar na armação e o time voltou a ter o controle. Tanto que chegou ao terceiro gol. Mas é claro que ainda dava tempo de tomar o segundo gol de um dos piores times do campeonato.

Enfim, mais uma vitória, e longe do Maracanã. Parece que o meio-de-campo e o ataque estão se resolvendo. Há oito jogos o Flamengo sempre marca um gol, e nestes fez mais de um em quatro partidas. Agora, o problema é a proteção aos zagueiros.

Apesar das recentes falhas de Bruno (que ontem, a meu ver, não ocorreram), a defesa em si tem atuado bem, mas anda sobrecarregada com o buraco formado na intermediária rubro-negra. Se Caio Júnior corrigir esse posicionamento – porque volantes temos aos montes, sendo que Toró, Aírton e Ibson são os melhores neste momento – teremos, enfim, um time equilibrado. Como se dizia antigamente, do goleiro ao ponta-esquerda.

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Destaques individuais - LEO MOURA foi irretocável nos dois jogos contra os “enses”, e seu gol ontem deu brilho à sua atuação. A torcida louvou EVERTON e SAMBUEZA contra o Flu. Achei que o ex-Paraná teve atuação mais consistente no domingo, e até por isso foi mais marcado ontem. Mesmo assim, criou perigo. Já o argentino jogou menos tempo, mas nas duas partidas deu passes para gols decisivos. Seu estilo sereno e objetivo me agrada. MARCELINHO PARAÍBA foi excelente no primeiro tempo, mas no segundo foi mais lento, prendeu a bola além da conta e desperdiçou contra-ataques. Sua titularidade, porém, é inquestionável. VANDINHO, no pouco que jogou, causou muito mais estrago ao adversário do que Obina e Maxi juntos. Precisa ser escalado urgentemente. ANGELIM foi zagueiro (primoroso!), lateral e atacante. Atuação perfeita. E IBSON voltou muito bem ao time, jogando em sua verdadeira posição, a de volante que rouba a bola e parte pra frente.

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Bola de Ouro - todo ano a Placar entrega a Bola de Prata aos 11 melhores jogadores do Campeonato Brasileiro (um goleiro, dois laterais, dois zagueiros, dois volantes, dois meias e dois atacantes). A revista dá notas aos atletas em todas as partidas do torneio. Aqueles de melhor média são os premiados. O que obtiver a maior nota ganha a Bola de Ouro. Neste momento, o troféu máximo iria para o nosso canhoto Juan, empatado com o goleiro Victor, do Grêmio. Leo Moura também é o melhor lateral-direito, lutando pelo bi (ganhou a Bola de Prata em 2007). Com quatro Bolas de Ouro, o Flamengo é o time que mais ganhou o prêmio (junto com Inter, São Paulo e Santos): duas vezes com Zico (1974 e 1982), uma com Renato Gaúcho (1987) e outra com Júnior (1992). É a hora de buscar a liderança isolada. Acompanhe os candidatos aos prêmios.

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Eliminatórias - um saco parar o Campeonato Brasileiro pra acompanhar essa seleçãozinha sem-vergonha, capitaneada por um técnico bruto e movida por jogadores alheios à importância de seus papéis. Alguém ainda torce, com paixão, pelo Brasil?

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De grão em grão - já estamos invictos há seis jogos. Foram 12 pontos em 18, aproveitamento de 66,7%. É um desempenho melhor que o do Palmeiras, vice-líder, em todo o campeonato. Logo, não há mais tempo para fase ruim.

Flamengo Net

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