quinta-feira, 21 de agosto de 2008

COLUNA DE QUINTA-FEIRA - Raphael Perret

Preparem seus calmantes

Só agora, quando começa o returno, a torcida do Flamengo pode discutir a chegada de mais de meio time de reforços: Marcelinho Paraíba, Sambueza, Everton (ainda há controvérsias), Josiel, Fernando e Fernandão, além de Eltinho e Vandinho, que já freqüentam a Gávea há quase um mês.

O Tiago já foi preciso: as novidades chegaram tarde demais. Parabéns, diretoria, etc. etc. Não temos tempo para mais reclamações. Portanto, o mais importante agora é avaliar o que pode acontecer.

Tarefa difícil. Primeiro, porque muitos dos jogadores são desconhecidos. Segundo, porque mesmo os famosos, que fizeram sucesso em outros clubes, não necessariamente repetem a performance quando vestem outro uniforme (principalmente se ele é vermelho e preto). Como otimista, acredito que não fica pior do que está - um time que tem posse de bola mas não sabe o que fazer com ela quando ultrapassa o meio-de-campo. Porém, uma simples análise da situação indica um cenário preocupante.

Pra começar, voltemos ao campeonato de 2007. Depois de meter 3 a 1 sobre o Goiás no Serra Dourada, na segunda rodada, o Flamengo despencou. Sofreu cinco empates e duas derrotas. Chegou Cristian, estreou contra o Grêmio no Olímpico e perdemos. Em seguida, vencemos o América de Natal em Juiz de Fora, mas empatamos com o Corinthians no Morumbi. Ibson volta ao Mengão e, com ele, perdemos para Santos e Atlético-PR. Fábio Luciano desembarca na Gávea e faz um dos gols na vitória sobre o Náutico por 2 a 1 no Maracanã. Foi o início de uma série de oito jogos com cinco vitórias, dois empates e uma derrota.

O retrospecto no ano passado confirma que a chegada de reforços não se traduz em uma melhora instantânea. Se com apenas três jogadores novos o time demorou a engrenar, imaginem com seis. Ou, na melhor das hipóteses, com os quatro que vão disputar vagas de titulares. Na Vila Belmiro, domingo, só a entrada de Marcelinho Paraíba, que chegara da Alemanha três dias antes, sacrificou a equipe. O empate acabou sendo um resultado razoável, diante de tudo que aconteceu.

O Flamengo ainda vai passar por um período de arrumação com os novos jogadores. As circunstâncias estão, neste momento, jogando contra: enfrentaremos hoje o líder do campeonato e, dos jogos seguintes, três serão fora de casa e um será um clássico. A adaptação pode custar caro. Por isso, as mudanças no time precisam ser cuidadosas e planejadas e Caio Júnior será fundamental nesse processo. Se, por um lado, Cristian e Obina devem ser sacados urgentemente, por outro é mais salutar testar as novas peças aos poucos, para evitar o risco de perdermos jogos por causa de falta de entrosamento.

Portanto, deveremos ter paciência com as próximas atuações do time. É possível sobreviver a esse momento de trocas e testes, mas será complicado. E olha que nem discutimos a qualidade individual dos novos jogadores: enquanto Marcelinho Paraíba tem qualidades e Everton é elogiado por especialistas, Sambueza é desconhecido, Josiel é mais um artilheiro de Brasileiro (os mais recentes contratados pelo Flamengo, Dimba e Souza, saíram da Gávea sob comemorações da torcida) e não se pode esperar muita coisa da dupla sertaneja de Fernandos.

Bem, como diz nossa música... conte comigo, Mengão, acima de tudo rubro-negro.

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Mea culpa - preguei durante um tempo a escalação do Obina como titular. Fui atendido, o jogador correspondeu de início mas, agora, me obriga a fazer este pedido de desculpas por eu ter contribuído para tamanha inoperância do ataque rubro-negro nos últimos jogos. Os chutes grotescos e as jogadas incompreensíveis que construíram o folclore em torno do Obina já perderam a graça. Mas não acho que ele precise sair do Flamengo. Lembram-se das partidas em que ele foi importante? A vitória de 1 a 0 sobre o Paraná em 2005, o primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil de 2006, a vitória sobre o Goiás na volta do Sávio também em 2006, as finais do Estadual de 2008... Em todas elas, Obina entrou como substituto. Portanto, seu Manuel, aceite: você é, sim, jogador de segundo tempo.

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Pessimismo - se conquistarmos ao menos a vaga na Libertadores, já ficarei mais satisfeito do que decepcionado. Manter presença na competição é importantíssimo para experiência e maturidade, virtudes essenciais para quem almeja o título sul-americano.

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Otimismo - estamos invictos há dois jogos.

Flamengo Net

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