Hexa? Só se for agora
Vamos fazer um balanço da semana?
Jogo contra o Palmeiras: perdemos de 1 a 0 e Ronaldo Angelim sai machucado. Voltamos ao Maracanã, enfrentamos o Cruzeiro, tomamos um 2 a 1 de virada e Diego Tardelli quebra o braço, ficando inativo até o ano que vem. Antes do jogo em Goiânia, torcedores – de algum outro time carioca, certamente – vão à Gávea, atiram um rojão nos jogadores e fazem um furdunço extremamente oportuno, durante um momento de crise. Então entramos no Serra Dourada, fazemos 1 a 1, mesmo com Vandinho e Dininho saindo machucados, pressionamos e tomamos o gol aos 46 do segundo tempo. Pra fechar, um novo mico para a famosa lista de contratações malsucedidas: o uruguaio Morales desiste de vir ao Rio depois de assistir às cenas abomináveis de terça-feira passada.
O saldo semanal é de três derrotas, vários jogadores no estaleiro, a sétima colocação e o risco de cair pra oitavo dependendo dos resultados de hoje. Ah, e mais: vamos para o último jogo do primeiro turno do Brasileiro talvez sem defesa (Fábio Luciano suspenso, Dininho e Angelim machucados) e com um ataque de causar... ataque de riso no adversário, que deve ser Maxi e Paulo Sérgio (Obina suspenso, Vandinho machucado).
Pois é. Deve ter sido a semana mais desesperançosa do Flamengo no ano. Nem na derrota para o América houve sete dias tão negativos. Procurar culpados? Até podemos fazê-lo. Os jogadores? Não, têm sido briosos, valentes, mas suas limitações técnicas, principalmente dos volantes, que agora precisam armar jogadas, são evidentes. Alguns estão, simplesmente, em má fase, e já sabemos de seu potencial. O técnico? Embora tenha errado muito nos últimos jogos, não tem muito o que fazer com o elenco cada vez mais reduzido e não merece ter a cabeça a prêmio - principalmente depois de ter sido tão apoiado pela torcida. A diretoria? Talvez. Outro dia foi elogiada, mas agora me parece muito tímida e pouco habilidosa em trazer reforços. E o Flamengo, que no início do campeonato era considerado como um dos times que passariam incólumes à janela do meio do ano, foi, disparado, o que mais perdeu nesta etapa.
Está bem, achamos um bode expiatório. Mas e aí? De que isso adianta? Reclamar e chorar, apesar de ser papel do torcedor, significa sucumbir à emoção e cegar-se, em vez de pensarmos em soluções. E, a meu ver, elas passam por: contratação de jogadores, teste de variações táticas para suprir as deficiências, busca pela tranqüilidade nos treinos.
A maré de azar se reflete na quantidade de problemas médicos do elenco do Flamengo. Acontece. Mas já passou da hora de ganhar. Não é possível que um time que era o primeiro lugar tenha degringolado tanto com a saída de jogadores como Marcinho e Souza (Renato Augusto não conta, não jogava com regularidade). Temos duas rodadas interessantes e propícias para seis pontos: Atlético-PR no Maracanã, apesar dos desfalques, e Santos, uma baba, na Vila Belmiro. Aliás, vencer o Peixe lá, fato inédito na história do Flamengo em jogos pelo Brasileiro, pode ser um marco da nossa arrancada.
Prefiro acreditar que se trata de uma longa e péssima fase. Mas, como diria o ex-ministro, até que nem tanto esotérico assim: também acredito que as decisões para corrigir os defeitos precisam ser concretas, racionais e rápidas.
Se fizermos a mesma campanha do returno do ano passado, podemos chegar ainda bem longe. Lembremos que, em 2007, partimos da zona do rebaixamento, tivemos mais jogos a cumprir e alcançamos a terceira posição. Agora, a arrancada pode começar da sétima colocação. A liderança é o limite. Ainda dá tempo.
Mas tem que ser agora.
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Estúpidos - pior do que atirar rojão em treinamento é permitir que um grupo de marginais entre no clube; é ter qualquer relação, amadora ou profissional, com esse tipo de gente; é reunir-se com um bando de energúmenos que intimidam e criam um ambiente nocivo e caótico. A grande dúvida é: os imbecis eram vascaínos, tricolores ou botafoguenses?
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Goiás - algumas observações e conclusões da derrota de ontem:
1- Com dois laterais, dois zagueiros e quatro volantes, é imperdoável que um jogador como Iarley, numa cobrança de escanteio, fique livre como ficou no primeiro gol. Não sei dizer se é incompetência ou suicídio. Só sei que é inadmissível.
2- Como pode um time que voava no primeiro semestre cair tanto de rendimento no preparo físico? Todos os times passaram a jogar mais vezes, o elenco era extenso (ok, agora nem é tanto) e, neste momento, os jogadores ficam esbaforidos na metade do segundo tempo.
3- Por que o técnico substitui o ataque aos 43 minutos do segundo tempo, quando o time já demonstrava cansaço desde muito antes? Não que o jogador que entrou fizesse muita diferença em termos de qualidade, mas pelo menos daria mais gás ao time.
4- Leo Moura está mal, é vaiado sem parar, mas é macho: foi bater o pênalti, correndo o risco de se desgraçar de vez. Fez o gol. Pode não estar num bom momento, mas não foge da raia.
5- O mesmo digo de Ibson. Nem se compara ao arisco jogador de 2007, mas o volante pede a bola e sempre tenta alguma coisa. Esforça-se, mas, infelizmente, armar jogadas não é com ele.
6- Vamos falar sério? Maxi é muito fraco.
7- Juan precisa confiar mais nas jogadas individuais. Mesmo quando corta pro meio, causa perigo. Pra variar, foi o melhor do Flamengo.
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