quinta-feira, 31 de julho de 2008


Obrigado, KL


Normalmente posto alguma coisa apenas às terças-feiras. É o dia da minha coluna aqui nesse importante espaço. Mas após o jogo de ontem, resolvi escrever. Em cinco jogos, um time que tinha quase 80% de aproveitamento no campeonato, conseguiu apenas dois pontos e marcou meros dois gols! Ambos de bola parada! E o que é pior, sem jogar tão mal assim. Ao contrário de outros anos, o Flamengo adota uma postura ofensiva (apesar de a escalação sugerir o contrário) em todas as partidas, dentro ou fora de casa. Mas não conseguimos os resultados positivos.

Achar culpados parece fácil. A solução mais simples é jogarmos a responsabilidade em cima de nossos atacantes. Obina tem sofrido uma violenta crise de confiança. O bom baiano, que chutava bem e com violência, tem preferido arriscar passes, deixadas ou chutes colocados a la Tardelli, em vez de fuzilar goleiros. Já o paulistano sobrevive de lampejos. Mas sempre foi assim, inclusive em suas melhores fases. Maxi é um jogador razoavelmente útil, que cai bem pelos lados, mas sem uma boa presença de área. E Éder é um garoto promissor, que em um time ajustado, pode render bons frutos. Temos ainda Vandinho e Paulo Sérgio. Um outro atacante de nível seria sempre bem-vindo, mas não é apenas por conta das falhas de nossos atacantes que não temos vencido.

Poderíamos culpar os volantes. Ou o excesso deles. Se Jaílton é útil como terceiro zagueiro e tem apresentado uma significativa melhora, o mesmo não se aplica a Christian. Este parece um tanto perdido. Nem bem tem marcado, tampouco participado da criação das jogadas. Mas, por pior que seja a sua fase (já faz por merecer um banco, ainda mais depois da ótima entrada de Aírton no jogo de ontem), jogar a responsabilidade dos maus resultados em suas costas me parece demais. E Toró? Ontem, sua função era marcar Valdívia homem a homem. E durante boa parte do tempo, cumpriu bem sua missão. No lance do gol, errou feio. Deu espaço para o passe e vendeu Dininho, que, pego no contrapé, nada pôde fazer. Ta bom, mas Toró voltou ontem, esteve ausente das outras quatro partidas. Não dá para culpá-lo de nossos recentes fracassos.

Tenho visto muita gente boa criticar em alto e bom som Ibson, Leonardo Moura, Jonatas e até mesmo Juan. Ibson, de fato, não tem repetido as excelentes atuações do ano passado. Mas também não tem jogado tão mal assim. Não se esconde em campo, busca o jogo, corre pra dedéu, tenta a finalização, ajuda na marcação. Se não está em sua melhor fase, também não tem comprometido tanto assim. Jonatas é estranho. Que tem futebol de sobra, ninguém discute. Mas não consegue render. Se é falta de vontade nos treinamentos, de confiança, de uma bronca mais dura, ou do que mais for, eu não sei. Mas o fato é que trata-se de um jogador talentoso. E que a comissão técnica deveria tentar recuperar. Fisicamente e psicologicamente. Sobre nossos laterais, sem comentários. São, de longe, os dois jogadores mais manjados do campeonato. Até o time do campo de concentração de Guantánamo sabe que precisa marcar Léo Moura e Juan se quiser ganhar do Flamengo. E com quatro volantes no meio, atrás da linha da bola, falta espaço para que os dois consigam jogar. Mesmo assim, as melhores chances do time sempre saem dos pés deles. Para quem anda reclamendo muito do Léo Moura, no jogo contra o Botafogo ele deixou Obina, Éder e Juan na cara do gol. Não dá para pegá-lo como bode expiatório.

Também poderíamos jogar a responsabilidade nos ombros de Caio Júnior. Ontem, nosso técnico errou em tirar Obina e abrir Maxi e Tardelli pelos lados. Ficamos com menos gente ainda na área. Mas o fato é que temos visto o Flamengo dominar os adversários, jogo após jogo. Fomos para cima do Coritiba em pleno Couto Pereira, atacamos o tempo todo a Vitória e Portuguesa, mandamos no primeiro tempo contra o Botafogo e jogamos de igual para igual contra o Palmeiras, no Palestra. Não é justo jogarmos a responsabilidade em Caio Junior.

Sobrou quem?

O Flamengo tinha três meias de origem em seu elenco quando o campeonato começou: Renato Augusto, Marcinho e Vinicius Pacheco. Hoje não tem nenhum. Erick Flores é terceiro homem de meio-campo, mesma posição do azarado Kléberson. Vinicius foi com Deus e Rodrigo Arroz para Portugal. E Marcinho não quis ficar. Acontece. Mas não poderíamos ter vendido Renato Augusto. Pelo menos, não por metade do valor da multa rescisória. RA é o tipo de jogador que o europeu valoriza. Alto, forte, de boa estrutura, técnico, com bom arranque, jovem e de bom comportamento. Seu estilo é semelhante ao de Kaká. Se vai ser o craque que tem potencial para ser, não sabemos. Impossível adivinhar. Mas, vendemos o jogador na baixa (como se diz no mercado financeiro). Caso fizesse o campeonato que sua atuação contra o Náutico sinalizou, valeria em janeiro duas vezes mais do que vale hoje. E a desculpa esfarrapada de que “os recursos da venda de Renato Augusto serviram para isso ou aquilo...”, não cola. Ninguém é trouxa. Se a diretoria do Flamengo não tem criatividade suficiente para arranjar outro meio de conseguir recursos que não seja vender seu único meia em pleno campeonato e com o time na liderança, que peçam todos o boné.

Na minha modestíssima opinião, o responsável pelo nosso jejum atende pelo nome de Kléber Leite. Quem quiser, que atire as suas pedras. A bronca é livre!

Na terça eu volto!

Flamengo Net

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