quinta-feira, 31 de julho de 2008

COLUNA DE QUINTA-FEIRA - Raphael Perret

À la Joel

A capa do "Extra" de ontem vaticinou: Flamengo entra em campo com o time de Joel Santana. O jornal estava certo. Não só na escalação, mas a postura tática do jogo de ontem foi muito semelhante à do Flamengo de 2007.

Com muitos volantes, nenhuma criação e um ataque ao deus-dará, o Flamengo teve que agüentar uns 20 minutos de pressão palmeirense. Se a bola passava pelos cabeças-de-área e pelos zagueiros, nossa muralha Bruno garantia um zero no placar. O outro era trabalho (?) do ataque rubro-negro. Mas sejamos justos: a culpa não foi de Tardelli e Obina. A bola mal chegava à área do Palmeiras, tamanha a quantidade de passes errados no meio-de-campo, principalmente com Juan e Ibson.

A partir dos 30 minutos, o Flamengo criou as suas melhores chances no jogo. Foi quando Leo Moura e Juan se aproximaram mais da área e conseguiram, enfim, armar boas jogadas - apesar da melhor delas ter saído de uma tabela entre, pasmem, Obina e Jaílton. O sistema defensivo estava mais consistente e pode-se dizer que o Palmeiras foi dominado no final do primeiro tempo.

Veio a segunda etapa e o Flamengo recuou demais, como nunca fizera em outro jogo como visitante. Se o time mantivesse o pique com que terminou o primeiro tempo, conseguiria o gol. Mas quem conseguiu foi o Palmeiras, num ótimo passe de Valdívia e numa falta de atenção do lento Dininho.
O Rubro-Negro continuou recuado, como se vencesse o jogo. Aos poucos, começou a ter mais posse de bola. Mas Caio Júnior demorou muito a mexer na estrutura do time. A meu ver, errou ao tirar Obina - que, aos trancos e barrancos, incomodava muito mais do que o nulo Diego Tardelli - e ao mandar o ex-são paulino e Maxi ficarem abertos pelas pontas. E quem ia ficar na área, além de Marcos e seus zagueiros?

O ramerrame se seguiu até o final do jogo: o Flamengo com a bola, e o Palmeiras no contra-ataque, bem mais incisivo do que o nosso time. A defesa rubro-negra tem que corrigir muitas coisas, mas está longe de ser a dor de cabeça que era há alguns anos. O grande problema do time é armar jogadas e colocar a bola pra dentro.

Chega a ser irônico que o Palmeiras tenha vencido com um gol de um volante, uma vez que nosso time jogou repleto deles. A diferença foi a visão de jogo de Valdívia e o poder de decisão de Sandro Silva. Enquanto isso, no Flamengo, muitos cabeças-de-área, nenhuma criação, um ataque isolado. Um jogo fora de casa, uma derrota. Ao melhor estilo Joel.

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Godói - afirmação do comentarista de arbitragem da Band, famoso por ter sido chamado de bêbado por Júnior Baiano: "A atuação do Gaciba vai depender do que ele tem como prioridade. Se for a carreira, vai fazer uma boa arbitragem. Se for na escala dos jogos, ele vai ajudar o Flamengo". É inacreditável que um ex-árbitro tenha coragem de falar isso numa transmissão de futebol. Primeiro, porque assume que existe pressão e interesses na escala dos jogos. Segundo, porque insinua um favorecimento da arbitragem ao Flamengo que não se justifica, já que há erros bizarros contra todos os times do campeonato. Ao dizer essas coisas, o ex-árbitro só dá razão ao Luciano do Valle.

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Cansaço - o time começa a dar sinais de cansaço, para nossa surpresa e decepção. O preparo físico era uma as principais virtudes do Flamengo. Bem, logo cessará a fase de jogos às quartas e aos domingos e, creio, podemos esperar um time mais vigoroso. Só não acredito que este seja o motivo dos recentes fracassos, visto que foi nesse ritmo que o Mengão jogou o primeiro semestre - e sabemos que não foi isso que eliminou a equipe da Libertadores.

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Reforços - não podemos esperar que Vandinho seja o artilheiro do campeonato quando vestir o Manto Sagrado. Mas podemos torcer para que tenhamos, enfim, um centroavante que possa botar a bola pra dentro. Não precisa ser habilidoso, nem driblar, nem abrir pela ponta-esquerda. Basta fazer gol. Além disso, está na hora de apostar em Erick Flores como armador do time. Se não vem ninguém de fora, Kleberson se machuca novamente e Ibson e Jônatas demonstram toda a sua inépcia como "maestros", a solução é apostar na base. O grande risco é queimar a promessa, já que os armadores costumam ser os jogadores mais expostos ao erro. Mas, sinceramente, se Erick é mesmo quarto homem de meio-de-campo, pior a construção das jogadas não vai ficar.

Flamengo Net

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