COLUNA DE QUINTA-FEIRA - Raphael Perret
Momento de transição
Jaílton, Cristian, Ibson e Toró no meio, Maxi e Souza no ataque. Este foi o setor de meio-campo pra frente do time-base do Flamengo que saiu da zona de rebaixamento em direção à classificação para a Libertadores, vencendo quase tudo no Maracanã, no Brasileiro de 2007.
Jaílton, Cristian, Ibson e Jônatas no meio, Diego Tardelli e Souza no ataque. Este foi o setor de meio-campo pra frente do time do Flamengo nas duas derrotas seguidas no Brasileiro de 2008, depois de perder Marcinho e Renato Augusto para o exterior.
Então, por uma certa "lógica", podemos dizer que Marcinho e Renato Augusto foram fundamentais na campanha que deixou o Mengão na liderança neste ano, e que Jônatas e Tardelli são piores que Toró e Maxi e, por isso, devem ser os culpados pelos dois resultados negativos? Não, não podemos sofismar e cair nesse simplismo absurdo.
O meio-campo de 2008, assim como o do ano passado, tem muitos volantes. Mesmo com Jônatas, mais talentoso que Toró, o time pareceu, diante de Coritiba e Vitória, mais perdido do que o normal. Em 2007, Ibson conseguia cumprir a função de armador. Mas estava em fase exuberante. Hoje, num momento pior, não tem correspondido. Falta claramente um meia de ligação com o ataque. Kleberson poderia ser uma opção se não ficasse tanto no estaleiro (oh, Deus, seria a volta do chinelinho?). Erick Flores é uma promessa, mas não pode ser queimado entrando no primeiro tempo de um jogo amarradíssimo em pleno Maracanã. Para solucionar este problema, a bola está com a diretoria. Que poderia aproveitar o ensejo e marcar dois gols: trazer, além de um meia, um atacante mais decisivo.
Ora, até ontem, o Flamengo tinha marcado 27 gols, dos quais somente 5 foram feitos pelos atacantes. Por mais quadrada que seja, a bola ainda chega ao setor ofensivo, mas pouco incomoda os goleiros. Souza e Obina estão numa fase assustadoramente ruim. Maxi não tem seqüência de jogos. Éder só agora tem alguma chance no time. Diego Tardelli deu uma nova definição às palavras "irregularidade" e "irresponsabilidade".
As perdas de Marcinho e Renato Augusto são lamentáveis, mas não são o fim do sonho do hexa (toc, toc, toc). Embora seja necessário reforçar o elenco – o que foi diagnosticado aqui há muito tempo - o time tem muitas opções e cabe a Caio Júnior encontrar a melhor formação. Talvez, neste momento de transição, tenhamos que abrir mão de alguns pontos. Todos recuperáveis.
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Se liga, Flamengo – quer dizer, AINDA recuperáveis. Daqui a pouco é a metade do campeonato e convém refazer uma boa gordura. Por enquanto, os adversários estão ajudando (se o Grêmio perde hoje, a diferença na liderança terá, acreditem, aumentado em relação à última rodada: ê sorte!). Mas, agora, o bicho pega: Botafogo, Palmeiras fora, Cruzeiro no Maraca, Goiás, em recuperação, fora, Atlético-PR no Maraca, Santos na Vila, onde nunca ganhamos (ainda vou escrever sobre isso), e a dupla Grêmio (Rio) e Inter (Poá). Agora é que acabou a moleza. Ganhar só um ponto contra Coritiba, Vitória e Portuguesa foi um vexame. Porém, sigamos em frente.
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Portuguesa - quando vi Diego Tardelli escalado como meia, acreditei numa postura interessante do Flamengo, mesmo tendo como responsável pela armação das jogadas um atleta que prende muito a bola e demora a tocar. No primeiro tempo, o time jogou bem e criou muitas chances. No segundo, deu uma recuada, mas ainda levava algum perigo. Até a atitude idiota, inacreditável e imperdoável do ex-são paulino. O problema dele nunca foi a bola. É a cabeça. E, de jogadores vazios e problemáticos, um time que quer ganhar o Brasileiro não precisa de jeito nenhum.
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Portuguesa II - Souza está com a marca de um balãozinho aplicado por jogo. Espetacular. Uma pena ele não ter essa média no quesito "número de gols". Jaílton, que vinha subindo de produção, voltou a ser aquele jogador que todo mundo quer ver longe da Gávea. Com efeito, a Lusinha produziu muito mais perigo do que Coritiba e Vitória. O único alento é ver o Flamengo lutar pela vitória, mesmo com um jogador a menos, amedrontando o time adversário, que mesmo em vantagem numérica comemora um empate em casa contra o Rubro-Negro da Gávea.
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Juan - A cada jogo, fico com mais medo. Mais medo de perder o melhor lateral-esquerdo do Brasil. No contra-ataque que deu origem ao pênalti, pensei quão maluca foi sua rápida decisão de iniciar um contra-ataque pela direita. Mas foi lá que ele criou a última chance - desperdiçada por Ibson - da vitória.
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Superstição – já que a diretoria está tão preocupada com esoterismo, é bom botar na cabeça dos jogadores a importância de ser campeão do turno: na era dos pontos corridos, quem ganha a primeira fase do campeonato sempre conquista o título.
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Pra fechar – Felipe à parte, o Flamengo não vai nem fingir que se esforça em contratar um reforço pro meio ou pro ataque?
quinta-feira, 24 de julho de 2008
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