quinta-feira, 12 de junho de 2008

COLUNA DE QUINTA-FEIRA - Raphael Perret

Precisamos de reforços para o Brasileirão?

Escolhi um tema perigoso para minha estréia no Blog da FlamengoNET. Meu primeiro texto tem grandes chances de colar em mim a imagem de chato, mala ou algo do tipo. Afinal, num momento tão bom - e raro - que o Flamengo vive, quem esse cara pensa que é pra apontar a necessidade de reforços para a equipe?

Mas o Flamengo não pode errar de novo. Quantas vezes o clube entrou no Brasileiro, botando banca de campeão estadual ou de time favorito e não ficou nem entre os oito primeiros do principal campeonato do país? E não é só por causa deste início animador que podemos fechar os olhos e acreditar cegamente que, com este elenco, o sexto título brasileiro está no papo. Não, não está.

Ao longo dos próximos seis meses, teremos que enfrentar obstáculos, como perda de jogadores na janela do mercado europeu, contusões, suspensões por cartão (falo mais sobre isso no fim do texto), cansaço. Fora o crônico mal dos salários atrasados. Ter um elenco extenso e qualificado é a melhor arma para enfrentar tantas dificuldades. Maior variedade significa maior número de opções na hora de escolher o jogador mais adequado para suportar a pressão.

Extenso, o plantel já é. Qualificado? É hora de analisar.

GOLEIROS - podemos ir direto ao banco de reservas, já que temos em campo o melhor goleiro do Brasil. Diego é bom, mas não inspira confiança. Como goleiros dificilmente desfalcam um time, podemos passar ao próximo item. Mas não custa experimentar um goleiro para revezar o banco com Diego.

LATERAIS - Léo Moura e Juan desesperam qualquer adversário. Seus reservas, nem tanto. Luizinho, na direita, até jogou bem quando preciso este ano. Egídio deixou a desejar. Fala-se que um dos dois titulares pode sair. Um lateral-esquerdo mais experiente cairia bem no elenco.

ZAGUEIROS - região do campo em que o Mengão está mais bem servido. Fábio Luciano e Ronaldo Angelim formam uma das melhores defesas do país. Dininho foi uma boa contratação e Thiago Sales é o nosso zagueiro-artilheiro. Leonardo? Hum... Como terceira opção, já está bom.

VOLANTES - lembram-se do início do ano? "Pra quê tantos volantes?!". Colace e Gavilán já se mandaram e Jaílton, toda a Nação Rubro-Negra espera, aturará o ostracismo durante muito tempo (para o sempre? Seremos tão iluminados?). Ibson está praticamente fora da Gávea (se ficar, será ótimo, tende a melhorar com a cabeça em paz). Sobram o talentoso e presunçoso Jônatas, o eficiente Cristian, o versátil e cada vez mais competente Toró e o imprevisível Kleberson. Como Caio Júnior tem escalado três deles nos jogos, independentemente do esquema, seria prudente agrupar mais dois volantes. As soluções podem vir da própria Gávea, com Aírton e Rômulo (já se recuperou?). Mas eu contrataria alguém com experiência.

MEIAS - posição carente no Flamengo e em quase todos os clubes brasileiros. Marcinho está jogando cada vez mais, armando jogadas e finalizando. O problema é que é o único. Renato Augusto não se firma e temo que esteja se tornando uma nova versão do Pedrinho, sempre às voltas com contusões. As outras opções são jogadores improvisados, em geral um volante, o que não dá! Aposta-se no jovem Erick Flores, tomara. Uma contratação de peso cai bem. Mas reconheço que a oferta é pouca.

ATACANTES - o Flamengo até vem fazendo muitos gols, mais pelas jogadas coletivas e organizadas, em que todos participam (em 2007, todos os titulares fizeram gol em todos os jogos, menos o Bruno, o que ele pode resolver este ano). Os atacantes ajudam taticamente, mas não são decisivos. O artilheiro do time no ano é Marcinho. Souza fez 24 gols em 18 meses de Flamengo. Diego Tardelli marca os seus, mas quando está a fim. Obina... bem, Obina é Obina. E Maxi volta a ter chances com Caio Júnior. Em quantidade, estamos bem servidos. Em qualidade, falta poder de decisão. Ou se contrata um artilheiro de verdade, ou torçamos para que o equilíbrio do time permaneça e o volume ofensivo permita que mais jogadores façam gols.

Como se vê, nem é preciso um investimento pesado para complementar a equipe - o que pode mudar de figura caso o time perca jogadores no meio do ano, o que acho até improvável. No cenário do futebol brasileiro de hoje, não há muitos times muito melhores que o do Flamengo. Mas, por via das dúvidas, seria bom garantir um elenco de maior qualidade e dar-nos a chance de acreditar, sem fantasias, no hexa brasileiro. Com muita emoção, sem grandes sustos.

Ou vocês acham que estou exagerando e, com o time atual, o Flamengo já é favorito ao título nacional?

***

Cartões - Quando o Flamengo jogou em Montevidéu e tomou aquela piaba de 3 a 0 para o Nacional, a imprensa caiu de pau no time por causa do "desequilíbrio" dos jogadores. O destempero e o pito se repetiriam após a derrota do time misto para o Botafogo na Taça Rio. Ao todo, quatro jogadores foram expulsos nestas duas partidas.

Pois a prudência pede que o setor psicológico do clube entre em ação logo neste início do campeonato, antes que Caio Júnior comece a mudar o time todo jogo porque tem sempre um atleta suspenso. Já são seis jogadores pendurados com dois amarelos. Entre eles estão o goleiro Bruno e os atacantes Marcinho e Souza. É hora de enquadrar os jogadores e dar fim ao histórico paternalismo que tanto mal fez ao Flamengo.

***

Tá bom, tá bom, o Souza levar três cartões amarelos não é exatamente um problema.

***

Desfalque - Uma pena a saída do preparador físico Ronaldo Torres, no fim do mês. Lembram-se quando os jogadores do Flamengo enfrentavam times de fora do Rio há três, quatro anos? Na etapa complementar, os adversários corriam e os rubro-negros se arrastavam. Ronaldo Torres acabou com isso. O time, desde a já histórica arrancada de 2007, voa, inclusive nos acréscimos do segundo tempo. Sem falar que o preparador físico ajudou o Flamengo a ter atuações sensacionais na altitude, contra o Cienciano e o... ugh... América do México. Espero que o substituto mantenha a filosofia de treinos de Ronaldo Torres e o time continue oxigenado do início ao fim dos jogos.

Flamengo Net

Comentários