Velhos erros
E o Flamengo mostrou, contra o São Paulo, que ainda não aprendeu a jogar um campeonato de pontos corridos. Era um jogo em que, após o revés do Cruzeiro, uma derrota não mudaria em nada a posição da equipe. Mas uma vitória valia muito. Ficaríamos três pontos à frente do Cruzeiro, seis do Palmeiras e dez do São Paulo. Dificilmente o título será de outro time. Entramos com uma postura cautelosa, com Christian em lugar de Jonatas e fomos facilmente marcados pelo São Paulo no primeiro tempo. Até quando vamos repetir velhos erros como esse? No segundo tempo, perdendo, fomos pra cima. Empatamos, falhamos, reagimos, mas não o suficiente. Jonatas não é Pelé. Está longe disso. Às vezes irrita com a sua aparente dispersão, tem defeitos na marcação e parece estar sempre fora de forma. Mas tem um passe preciso, sabe armar o jogo e está sempre bem colocado para receber a bola. Christian é um burocrata. Por inúmeras vezes, no primeiro tempo, o time esbarrava na marcação do São Paulo, tinha que voltar a bola e nosso volantão, sem a menor inspiração, tocava a bola para o lado ou para trás. E o que mais me espantou foi nosso treinador cismar em mexer no meio-campo depois do inapelável 5 a 0 sobre o Figueirense na semana anterior! Como muito bem disse Zico, “o medo de perder tira a vontade de ganhar”. E nós desperdiçamos, em casa, a chance de abrir 10 pontos de vantagem sobre o São Paulo.
Nesse jogo, outro fato me chamou a atenção. Como levamos gols nos jogos que perdemos! Fomos derrotados cinco vezes neste ano. Levamos, com nossos reservas, de 4 a 1 do Fluminense, apanhamos do Nacional do Uruguai por 3 a 0, duas vezes do Botafogo (3 a 2 e 3 a 0), do América do México (3 a 0) e agora do São Paulo, por 4 a 2. Em muitas destas partidas, jogamos com um meio-campo recheado de cabeças-de-área. Sinal de que o número de volantes não é garantia de um meio-campo compacto. O São Paulo deu aula de como marcar. Muricy faz com que seu time empurre o adversário para os lados do campo. Então, dobra a marcação. Para quebrar esse ferrolho, a rapidez na virada de jogo é essencial. Mas esperar isso de Toró ou Christian é um pouco demais.
Seguimos na liderança e temos tudo para manter a ponta no domingo, contra o Ipatinga, mas seria muito bom se Caio Júnior revisse o tape dos jogos contra Figueirense e São Paulo. Toró, machucado, não deve jogar. Que entre Jonatas em seu lugar, com o recuo de Christian para a cabeça-de-área. Para ganhar seus jogos, e, conseqüentemente, o campeonato, o Flamengo precisa jogar para frente. Sem medo. E sem repetir os erros de sempre.
Até terça.
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