segunda-feira, 17 de março de 2008

A falsa "grande rivalidade"

De um tempo para cá, boa parte da mídia carioca vem tratando os encontros entre Flamengo e Botafogo como o grande clássico contemporâneo do Rio. Muitos torcedores embarcaram nessa. Dos botafoguenses, ansiosos por um pouquinho de grandeza adquirida por osmose, isso era esperado, mas muitos rubro-negros caíram nessa esparrela. Estão errados por dois motivos.

Em primeiro lugar, não existem clássicos "contemporâneos". As grandes rivalidades míticas estão gravadas nas tábuas da tradição, e não oscilam ao sabor das conjunturas. Tenho pra mim que o Fla-Flu está nesse caso, até pela perfeita antítese entre as duas agremiações, seja pelas cores, pelas origens ou pelos valores que encarnam. Ser Flamengo é uma visão de mundo oposta ao aristocratismo tricolor.

Finalmente, é preciso lembrar da verdadeira condição do Botafogo, esse Atlético-MG sem torcida. Valoroso time de expressão regional, o alvinegro carioca padece das mesmas patologias de seu similar mineiro. Embora tenha um alcance regional e suas conquistas relevantes sejam poucas e perdidas no tempo, acredita figurar no panteão esportivo nacional. Mais ainda: crê que seus fracassos são produtos de uma entidade maléfica, que supostamente o impede de ser glorioso. Auto-ilusão gravíssima. Pra piorar as coisas, o time atual do Botafogo tem a cara de seu técnico: sujeito boa-praça e bonzinho, mas cuja galeria de conquistas recentes é mais vazia do que as estepes da Mongólia.

Amigos, não há rivalidade "clássica" entre Flamengo e Botafogo. O que vejo é uma desesperada luta do alvinegro para colar sua imagem a um gigante esportivo, como forma de sugar um pouco de nossa relevância cósmica. Rubro-negro escolado não entra nessa pilha, sob risco de parecer com um Toró, chutando falsos gigantes e se exasperando à toa.

Flamengo Net

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