TSUNAMI
Foi uma coisa sem nenhum planejamento, foi expontâneo. De repente, como se acordando de um longo e desconfortável sono, as pessoas começaram a se sentir com o poder de insuflar a vida. A imagem que me vem à mente é a de um afogado, que tem suas funções vitais em suspenso até que vêm o sopro salvador e, a cuspir a água que lhe entope os pulmões, ele, redivivo, tosse e respira. Não está mais engasgado. Não está mais moribundo. Vive e se sente feliz. Diz-se "nasci de novo" em situações como essa. Por que tantos tiveram a mesma idéia e resolveram, só agora, tantos anos passados, tantas tristezas depois, irem se juntando nas arquibancadas, inventando novos cânticos, esquecendo velhas rixas, sorrindo e se divertindo com seu amor correspondido? Do nada. De um dia para o outro. Não havia essa perspectiva de renascimento, essa avalanche. A troca foi imediata. Empatia. Os jogadores desabrocharam, ainda mais que é primavera. Quem não corria, correu. Quem não suava, suou. Quem não vibrava, vibrou. E isso se espalhou pelo país, a fé, o orgulho, a raça, o grito. Há um momento especial flutuando no ar. Um sonho de renascimento se espalha por cada canto. Há a Timemania, há o Maracanã, há a revitalização da Gávea, qualquer que seja ela, há o Ninho do Urubú, há tantas possibilidades bem ali, ao alcance das mãos. Vamos deixar passar mais uma vez? Talvez, se não soubermos pressionar, como não vínhamos pressionando. Não o suficiente. Mas agora parece que aprendemos como se faz. A pressão pela organização, pela direito ao nosso posto de maiores e melhores. Sempre. E aprendemos como se faz para ganhar nesse sistema novo, diferente do que fez nossa história. Quem nos segura? Só nós mesmos, se deixarmos a oportunidade passar. Ouso dizer que esse renascimento vai como uma onda, um tsunami, e leva os demais clubes junto, num crescendo, e o futebol brasileiro tem a oportunidade de se redimir de tantos anos de incompetência. Mais uma vez, quem pode fazer isso acontecer é o Flamengo. Quem tiver boca para falar, que fale, grite, exija. Queremos o nosso Flamengo de volta. Nunca estivemos tão perto. Nunca foi tão possível.
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