terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Sebastianismo

Em 1578 o rei (ou seria vice-rei?) de Portugal cresceu o olho em cima dos marroquinos e decidiu ir à guerra na África pessoalmente. Se deu mal, virou estatística lusa dos poucos reis mortos em solo estrangeiro, e como conseqüência Portugal foi anexado pela Espanha e assim ficou, sem rei, sem eira nem beira, pelos 70 anos seguintes. E a portuguesada ficou a ver navios, esperando o rei voltar a qualquer momento e libertar Portugal. Não retornou, obviamente, mas a esperança estava lá.

Bem, o nosso Rei nos levou a conquistar a América, e depois o mundo. Só que após a Sua partida nunca mais voltamos ao topo da Cordilheira dos Andes, enquanto times muito, mas muito piores e mais limitados que o Flamengo de ouro de 1981/83 chegaram lá. E estamos todos no aguardo da volta do Rei, parece a única saída para chegarmos ao topo novamente...

Pra começar, a Libertadores não existia. Ninguém falava nela, nós a colocamos no mapa. Até então eram as distantes conquistas do Santos em 1962/63 e a do Cruzeiro em 1976, que ninguém nem sabia que havia acontecido. E era muito mais difícil, apenas o campeão de cada grupo avançava às fases seguintes, debaixo de porrada de argentinos, uruguaios, colombianos, etc.. E pra completar os dois representantes (sim, eram apenas dois, o campeão e o vice de cada país) ficavam no mesmo grupo.

Em 1981 todo mundo sabe o que aconteceu, mas e depois? Bem, em 82, quando entramos direto no triangular semi-final (nessa época da fase de grupos se passava a dois triangulares de onde saíam os finalistas) por sermos os campeões de 1981, demos dois sacodes antológicos no River Plate, enfiando 3x0 em Buenos Aires e 4x2 no Maraca, mas esbarramos no Peñarol, que iria a final (novamente contra o “fraco” Cobreloa...) e seria campeão da Libertadores e do Mundial. Em 1983 depois de empatar o Grêmio na fase de grupos tivemos que fazer um jogo extra pra decidir o campeão e os gaúchos levaram a melhor, tendo depois o mesmo destino de Fla e do Peñarol nos anos anteriores. Em 84 Zicão não estava mais na Gávea, jogava na Udinese, e mesmo assim o Mengão só foi parado na fase triangular pelo Grêmio (os times do mesmo país sempre caíam juntos caso chegassem a esta fase), que depois perderia a final para o Independiente da Argentina.

Aquele timaço não conseguiu ser novamente campeão. E ainda tivemos as Libertadores de 91 e 93, quando novamente só fomos parados pelos futuros finalistas nas quartas-de-finais. Em 91 ainda eliminamos o Corinthians, que de forma vergonhosa quebrou o Pacaembu após a derrota. A participação de 2002 é pífia, não é digna de nota.

A partir daí a Libertadores ficou um saco de gatos, com meia dúzia de times de cada país, pré-Libertadores e o escambau... E os times campeões não são mais as constelações do passado, vide o Atlético –PR, São Paulo e Inter, últimos finalistas, apenas regulares. Onde está o rei deles?

Há muito vencer a Libertadores deixou de ser uma tarefa de reis.

É hora de entender que o Rei não volta mais, e é a hora de vencer de novo, mesmo com “feras” como Obina e Souza; Paulinho e Claiton; Renato e Renato Augusto; Juan e Léo Moura; Irineu e Moisés e Bruno.

Não tem mais timaço, não tem mais craque em lugar nenhum, agora é raça!
Viva Zico!
Avante Mengão!

Flamengo Net

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