segunda-feira, 20 de março de 2006

A morte das Pollyannas rubro-negras

Quem lê um pouco de história sabe que, numa guerra, um dos conceitos-chave de qualquer estratégia militar é manter elevado o moral das tropas - mesmo quando a vaca parece estar indo para o brejo. Manipulação ou não, essa noção já foi responsável tanto por grandes vitórias como pela procrastinação de fracassos inevitáveis.

Nos últimos tempos quem tem tentado assumir esse papel é um tipo de torcedor muito similar à Pollyanna, personagem do clássico infanto-juvenil de Eleanor H. Porter. A menina vive de acordo com as regras do "jogo do contente" e trata de encontrar sempre o lado bom das coisas.

É o que alguns de nós vinhamos fazendo nesse tempo todo - metidos num bunker psicológico, brigando com as evidências, quase que infinitamente crédulos de que medidas pontuais possam ter um desfecho favorável. "Vai ter pré-temporada? Finalmentente teremos um time na ponta dos cascos?", "Chegou Luizão? Agora sim temos um homem-gol", "Saiu Espinosa? Agora, sim, a coisa funciona!", "Waldemar? Ele sabe lidar com as pratas da casa". Só que um dia a brincadeira perde a graça. Foi o que aconteceu ontem.

19 de março de 2006 fica para história. Não como o dia em que o Flamengo perdeu um clássico, mas como a data da morte dos otimistas incorrigíveis. Adeus Pollyanas, descansem em paz, war is over.

Flamengo Net

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