Haja trabalho!
No final do primeiro tempo desse jogo contra o River, fiquei um bom tempo tentando pensar em algum jogo pior do Flamengo que eu tenha assistido. Sinceramente, não consegui lembrar de nenhum não.
Dois lances foram símbolos do total estado de desencontro do time em campo: um patético chute a gol do Júnior Baiano quase que do grande círculo e uma falta cobrada para a área de antes do meio-campo. Impressionante a total falta de noção do que fazer em campo, assim como a indigência técnica que boa parte deles mostrava. Matadas bisonhas, cruzamentos horrorosos um atrás do outro, chutes que não acertariam o gol nem que ele fosse 20 vezes maior...
No segundo tempo, não foi nenhuma maravilha, mas a coisa melhorou bastante. O time, ao menos, mostrou vontade, foi pra cima e poderia ter vencido o jogo até pelos dois gols de diferença. Talvez o Cuca esteja percebendo que esses esporros no intervalo devam acontecer antes do primeiro tempo.
O Ricardo Lopes, no primeiro tempo, deu vontade de chorar. No segundo, continuou errando muitos cruzamentos mas deu uma melhorada, se apresentou para o jogo e criou algumas situações. Então, é bom esperar um pouco antes de julgar pra valer. Um defeito que vi em sua movimentação, mas que tá aparecendo mais ainda no André Santos, é vir buscar demais o jogo pelo meio. Afunila tudo e embola o time. Algo para o Cuca corrigir.
O outro estreante, o Fellype (Gabriel por quê? Tem outro Felipe lá?), me deu a mesma impressão que tive quando o vi jogar nos juniores: é um cara que não busca o jogo como alguém de sua posição devia buscar. Fica esperando a bola no pé, para aí então mostrar o enorme talento que acha que tem (e eu espero que tenha mesmo, mas ainda não deu pra perceber - há tempo pra isso). Sempre uma jogadinha de efeito, quase nunca certa. Precisa, pra começar, abaixar sua bolinha.
Entraram bem no segundo tempo o Adrianinho e, principalmente, o Emérson. Passes objetivos, alguns bons dribles e uma bola na trave. Tudo o que o Fellype não fez no jogo todo, ele fez naqueles minutinhos. Promissor (mas só isso também, prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém).
Ouvi muita gente cobrando a entrada do Bruno como titular. E aí? Aquela certeza toda, construída naqueles poucos jogos (em que ele fez três gols, é verdade, mas o Diogo ano passado fez três só na estréia), ainda existe?
E também escutei muita gente cobrando a saída do Zinho. Pois ontem ele foi o único que se salvou o tempo todo, aparecendo sempre pro jogo, dando opção para os companheiros em todo o campo e fazendo a bola correr. Acho que não vi errar um passe o jogo inteiro. Não foi nenhuma exibição de gala, mas também deu pra ver que ele não é essa inutilidade toda que pregavam. Eu até acho que ele não deva ser titular do time, quando estiver todo mundo disponível, mas ele ainda tem o seu espaço nesse elenco.
Se o jogo não serviu pra deixar ninguém otimista, acho que também não é pra criar nenhum pessimismo exagerado. Se a gente olhar em volta, vai ver que muita gente boa também penou nos jogos de ida contra times tão fracos quanto o River - e não tô falando nem só dos outros cariocas não. Além disso, foi apenas a primeira partida do Cuca, e a gente sabe que ele queria usar não apenas outros jogadores mas até outro desenho tático, e não pôde.
Enfim, há muito o que trabalhar, muita gente pra entrar e ele ainda vai aprender muito sobre o elenco. Ontem foi engraçado ver ele conversando desde o primeiro tempo com o Júnior para, no final, não colocá-lo em campo. O papo devia estar bom mesmo e ele não quis interrompê-lo colocando o cara pra jogar.
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