quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

Irreversível?

O tempo destrói tudo. É com essa mensagem na tela que começa e termina "Irreversível", filme francês que gerou muita controvérsia quando foi lançado, em 2003, e que anda sendo exibido pelo canal da Tv paga Telecine, da Net.

Em "Irreversível" Garpard Noé optou por mostrar a história de trás para frente, como se cada sequência fosse montada em ordem invertida. Estrelado pela musa Monica Belucci, o filme começa no inferno parisiense e termina num cenário idílico.

Por inferno entenda-se o tempo presente; por paraíso, o passado. Um fato no decorrer da trama eclode uma série de acontecimentos vertiginosos e incontroláveis - mais não conto para não ser estraga-prazer.

O que posso dizer é que o filme é um tapa na cara. Faz você refletir. Sobre o passar do tempo que destrói organismos, vidas, relações. No passar do tempo que gira como ciclos. E nos meus devaneios veio um paralelo com o que é torcer pelo Flamengo de hoje.

Para quem teve o privilégio de ver em ação o time de 1981, ou mesmo o de 1992, é verdadeiramente traumática a experiência dos últimos anos. Como levar um extintor na cabeça.

Ora, já fomos o clube do "se deixar chegar, ninguém segura". Mística que não se confirmou contra o Independiente (95), Santos (97), San Lorenzo (2002), Cruzeiro (2003), Santo André (2004)...

Decisão no Maracanã, com time de fora, era caneco na certa. Era! Essa certeza foi implodida num fatídico 30/06.

Jogar com time pequeno, na final, era promessa de faixa no peito. Hoje conheço quem lamente o Botafogo não ter sido campeão da Taça Guanabara - afinal, seria mais uma humilhação histórica cair diante do Americano ou do Volta Redonda numa eventual final do Estadual.

O que dizer da situação ridícula em que estamos, a de ver atletas ou técnicos não mais do que medianos que esnobam o Flamengo.

Como contar aos netos que fomos lanternas da Taça Guanabara em 2005?

Como sentir saudades de imberbes promessas de ídolos que não vêem a hora de sair do clube ao primeiro aceno de dinheiro?

Os etcs ficam por conta de vocês.

Porra, a que ponto chegamos? Parece que estamos num filme que começa pelo fim, trágico e sombrio. Entáo, é assim? O tempo destrói tudo? Esse processo é irreversível?

Questões que não sei responder.

Só sei que sou Flamengo até depois de morrer. Isso, eles não vão destruir.


* A todos aqueles que enviaram mensagens de condolências, no dia 1/02, aqui no Blog, meus sinceros agradecimentos. Nessas horas vale muito o apoio dos amigos - mesmo daqueles que não conhecemos. Obrigado!

Flamengo Net

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