Arremedo de análise
Comentar o quê numa hora dessas? Com dois minutos de jogo, o time estava completamente desmontado. Impossível fazer qualquer análise muito profunda do esquema montado pelo Andrade. Jogamos sem Ibson e Felipe, e Júnior Baiano (que, a bem da verdade, vinha jogando bem) saiu expulso no início. O resto do jogo foi só o Atlético-MG administrar...
Estamos em 22o lugar, tendo pela frente o Botafogo. Jogaremos com uma zaga reserva, contra um adversário regional que sempre apronta nos jogos contra o Flamengo . Ao torcedor, só resta se agarrar aos embates contra o Coritiba e Cruzeiro, e rezar por pontos nos jogos fora de casa. O clássico de domingo tornou-se absolutamente crucial. Perder é segundona, empatar é vê-la de perto, e vencer é nadar abraçado aos destroços, vendo o farol a algumas milhas.
Como disse, acho que do Andrade dá pra dizer que fez opções infelizes. Se Júnior cansa, por que não começar com ele e entrar com outro no início do segundo tempo -- caso seja necessário? Depois da expulsão do Baiano, seria melhor sacar de imediato o Zinho (ainda mais num jogo com um a menos) e colocar um zagueiro. Se segurássemos o segundo gol, não seria criado o clima de "jogo ganho" que se apossou dos dois times logo após o "Mexerica" (sic) fazer de cabeça.
Gostaria de sentir uma raiva imensa, e direciona-la contra dirigentes e jogadores. Não consigo. Só sinto tristeza. Gostaria de entregar os pontos, mandar tudo para aquele lugar e não ter mais contato com Flamengo até segunda ordem, ignorando olimpicamente gozações e manchetes humilhantes. Mas não consigo, e certamente não é por falta de espírito crítico, como já evidenciei em crônica anterior. Simplesmente vou me martirizar até o final, acompanhando tabelas, fazendo cálculos e sofrendo na televisão ou na arquibancada. Estou com uma péssima intuição, como todos, mas algo me impede de desistir. Aliás, o que signficaria "desistir"? Ignorar o Flamengo até que ele voltasse de forma digna à primeira divisão? Não conseguiria.
Nesta hora, aferro-me a Nelson Rodrigues. Lembro da crônica em que fala da camisa do Flamengo se erguendo sozinha, tal qual uma "Bastilha inexpugnável". Não precisa ser uma Bastilha, que aliás foi derrubada. Se for o que ela costumava ser,mesmo nos momentos mais medíocres, já está de bom tamanho.
domingo, 14 de novembro de 2004
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