terça-feira, 19 de junho de 2012
Alfarrábios do Melo
Saudações
flamengas a todos.
Enquanto
o time vai capengando em campo, começa a ser discutida a situação
de alguns dos medalhões cujo contrato se encerra agora no final do
ano. De uma forma ou de outra, Renato, Kleberson e Leonardo Moura
estiveram meio que na berlinda essa semana. Aliás, com a contusão
do capitão, começam a ser dadas oportunidades mais concretas ao
jovem Wellington Silva, egresso do Resende, numa contratação que se
reveste de mais uma aposta em um nome pouco conhecido, nesses tempos
de dinheiro escasso.
É
uma política que pode dar resultados interessantes, se usada com
critério e moderação. Nomes recentes como Aírton e Willians foram
garimpados dessa forma, e ambos tiveram passagens vitoriosas. Outros
nomes que compõem equipes campeãs também vieram a custo
(relativamente) baixo, e souberam superar o descrédito inicial,
construindo carreiras sólidas. É de alguns desses que começo a
falar essa semana.
Boa
leitura.
ZÉ
CARLOS (1984-1991, e 1996-1997)
Chamou
a atenção pelas boas atuações no modesto Rio Branco-ES (que
chegou a derrotar o Cruzeiro no Mineirão), no Brasileiro-1984.
Contratado pelo Flamengo como terceiro goleiro, ascendeu ao posto de
titular após a saída de Fillol e uma contusão de Cantarele, já no
ano de 1986. Seu impressionante reflexo, aliado à descomunal
envergadura (era chamado de Zé Grandão), rapidamente o fez cair nas
graças da torcida e da crônica. Viveu seu melhor momento no
Brasileiro de 1987, com atuações antológicas que o levaram à
Seleção Brasileira. Saiu em 1991, retornando ao clube em 1996, sem
o mesmo brilho (ficaria por um ano). Campeão Estadual, Brasileiro e
com passagem em Copa do Mundo, Zé Carlos é um dos maiores goleiros
da história do Flamengo.
CHARLES
GUERREIRO (1991-1995)
Não
chegou a ser propriamente barato, pois veio trocado pelo volante
Ailton e pelo meia Toninho (ex-Portuguesa). Mas chegou à Gávea
completamente anônimo, e suas credenciais não animavam, com
passagens por Paysandu e Guarani. Alguns mais atentos ainda se
lembravam de um belo gol marcado contra o Botafogo, e pouco mais se
sabia de Charles. No início, atuando como volante, pouco empolgou,
mas sua passagem no Flamengo ganhou uma guinada quando passou a ser
improvisado como lateral-direito, posição que já se tornava um
problema crônico na equipe. Apesar da nítida deficiência técnica,
Charles rapidamente caiu nas graças do torcedor, por conta de seu
futebol extremamente voluntarioso e aguerrido, além de aplicado
taticamente. No Flamengo Charles viveu o melhor momento da carreira
(chegou à Seleção Brasileira), sendo importante nas conquistas do
Estadual-91 e do Penta Brasileiro em 1992. Permaneceu na Gávea até
1995, quando começou a perambular por outras equipes, sem jamais
repetir o sucesso flamengo.
MARINHO
(1980-1984)
O
Flamengo foi jogar em Londrina pelo Brasileiro de 1979. Jogo duro,
empate (1-1) e uma atuação de gala de Marinho que encheu os olhos
de Cláudio Coutinho. Assim começava a se desenhar a contratação
de zagueiro, que não demorou a se firmar na equipe, barrando nomes
como Nelson e Luís Pereira. Muito bom no jogo aéreo e detentor de
uma técnica invulgar (embora sujeito a esporádicos apagões),
chegava com enorme facilidade à frente, tendo marcado gols
históricos e decisivos (Atlético-MG, na Libertadores-81 e Santos,
no Brasileiro-82, ambos nos minutos finais). Titular da maior equipe
da história do Flamengo, ganhou tudo o que disputou e chegou à
Seleção Brasileira. Começou a perder espaço com a chegada de
Cláudio Garcia (que preferia Figueiredo), e foi negociado com o
Atlético-MG em 1984.
RONALDO
ANGELIM (2006-2011)
Chegou
ao Flamengo em 2006, credenciado pelo ótimo Brasileiro do ano
anterior, onde chegou a ser indicado o melhor zagueiro da competição,
defendendo o Fortaleza. Mas Angelim demorou a se firmar, vítima da
bagunça administrativa em que o rubro-negro andava mergulhado.
Preterido com Ney Franco (que escalou Irineu, Moisés e Thiago
Gosling), quase foi negociado, mas voltou a ganhar chances com Joel
Santana e cresceu assustadoramente de produção ao lado do
experiente Fábio Luciano. Bastante técnico e com ótimo
posicionamento (impecável no jogo aéreo), Angelim foi protagonista
na conquista de vários Estaduais, de uma Copa do Brasil e do Hexa
Brasileiro em 2009, quando chegou ao ápice da carreira ao marcar o
gol do título. Caminha para a merecida aposentadoria (atualmente
defende o Barueri), e já garantiu lugar reservado na memória da
Nação Rubro-Negra.
JORDAN
(1952-1963)
Após
despontar no São Cristóvão, Jordan chamou a atenção dos grandes
da capital, mas preferiu o Flamengo, seu clube de coração. Atuando
como médio pela esquerda, lateral-esquerdo ou zagueiro,
notabilizou-se pela primorosa técnica com que efetuava desarmes e
dava sequência à saída de bola da equipe. Em diversas entrevistas,
foi apontado por Garrincha como o seu marcador mais leal. Jordan
formou com Jadir e Dequinha uma das mais célebres linhas médias da
história flamenga, e teve trajetória longa e vitoriosa no
rubro-negro, conquistando Cariocas (foi titular absoluto no timaço
do segundo tri), o Torneio Rio-SP de 1961 e vários torneios
nacionais e internacionais. Antes de Júnior, era considerado o
melhor lateral-esquerdo da história do clube e por muito tempo foi o
recordista de atuações pelo Flamengo. Deixou o rubro-negro em 1963,
após desentendimento com Flávio Costa, mas, mesmo relativamente
novo, preferiu encerrar a carreira, pois não admitia a hipótese de
defender outras cores.
Semana
que vem: meio-campo e ataque.
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