terça-feira, 13 de março de 2012

Portas abertas, vírgula. Mete um interfone aí.

Adriano jogou muita bola em 2009. Numa engenhosa artimanha de Kléber Leite, Gilmar Rinaldi e o próprio jogador, a Inter de Milão acreditou mesmo que Adriano estava deprimido e liberou o cara. A depressão curou rápido e ele foi o artilheiro do Brasileiro. Voltou para a Itália e ficou deprimido de novo. Mas isso em 2010. Ele jogou bem em 2010?


Foi dito no post anterior que Adriano fez 15 gols em 18 jogos e feita uma comparação com Love. Detalhe não lembrado: Adriano era quem batia os pênaltis, não Love. Outro detalhe, Adriano pediu para ficar fora de dois jogos a fim de se preparar para o clássico decisivo contra o Botafogo. O que ele fez? Perdeu um pênalti, não jogou nada e o time foi eliminado. Nos demais jogos, era figura estática em campo. E faltou mencionar que 10 dos 15 foram no Estadual.

Não quero desmerecer o post, por favor a ideia não é essa. Opinião todos temos e principalmente o direito de expressá-las. Mas as discordâncias existem. Só não quero que pensem que eu estou tentando sobrepujar o post anterior ou desclassificá-lo. É só uma opinião contrária para debatermos.

Dito isso, segue.

Em 2009, Adriano tinha o que para tentar uma volta por cima? Além de jogar no Flamengo, ele era atacante da seleção de Dunga. O técnico realmente apostava no cara para a Copa do ano seguinte. Em forma, era capaz de barrar até Luis Fabiano. E depois de uma semana de treinos na Granja Comary, voltou voando e ajudou demais o Flamengo. Copa do Mundo, saca?

Em 2012 temos o que? Um Adriano tentando provar que sua passagem pelo Corinthians foi um engano e que os caras lá erraram em dispensá-lo? Mas isso já era dito em 2011. O Corinthians errou em mantê-lo este ano. Um salário caro para um jogador amigo dos demais até certo ponto. Ninguém iria correr por ele eternamente, ainda mais após um título conquistado sem ele. O tal gol contra o Atlético acabou sendo mais um, pois seriam campeões da mesma forma.

Lá fora ninguém o quer. No Brasil, dificilmente teria vaga em algum time com um dirigente minimamente esperto. Talvez se alguém realmente acreditasse que ele fosse se curar em Minas ou Porto Alegre, tá vai lá tentar. O caminho natural para ele é o Flamengo. Mas será que é para o Flamengo o melhor caminho?

De que um atacante visivelmente acima do peso e com outros problemas que ninguém tem coragem de explanar pode ajudar agora? O que queremos? Um filme dramático onde um jogador se arrasta em campo ao som de Carruagens de Fogo enquanto a torcida chora e grita "vamos lá, campeão! Você consegue!"? Ou queremos ganhar uma Libertadores da América?

Queremos um jogador que apareça constantemente em notícias e fofocas, verdadeiras ou não, sempre sob o escudo esfarrapado de "ele é solteiro e o que faz da vida não importa" ou "quero jogador para meter gol, não para matar casar com a minha filha"? Ou queremos ganhar uma Libertadores da América?

Lembram 2009, mas lembremos 2010 e como ele faltou a um treino que definiria sua ida para a Copa. Treino, não jogo. Era só treinar e carimbar o passaporte. E ele não foi. Lembremos de 2010, que ele não treinou, não jogou, não fez nada nem no Fla nem na Itália. E ele não estava deprimido. Se dizia feliz e foi embora porque quis. Teoricamente estava com a cabeça no lugar.

E lembro 2012. Adriano sumindo de treinos, se arrastando em campo quando raramente jogou e passando vergonha. As pessoas começaram a sentir pena dele. É um caso claro de uma pessoa que precisa de ajuda. Não de um contrato de risco que já foi oferecido "n" vezes e nunca serviu para nada. De dinheiro ele está bem servido.

Portanto, tenho uma sugestão. Se Adriano quer ir para o Flamengo, e o Flamengo quiser ajudar, então que abra as portas da Gávea e do Ninho para ele treinar separado. Fica lá, leva o próprio staff e vai treinando. O Flamengo vai observando, buscando informações e acompanhando o dia a dia, mas sem incluir o cara no grupo por muito tempo. Lógico que os jogadores conversarão entre si, mas sem participar de coletivo, treinos, concentrações e preleições. Adriano fica à parte, não participa e não recebe, só se recuperando. Alguns minutos diários de convivência e olhe lá.

Com o tempo, vai se avaliando o progresso, se houver. Bota para treinar com juniores um pouco, mas não muito para não contaminar a garotada com ideias mirabolantes de noitadas, e vai sentindo o cara. Os próprios jogadores que são amigos dele tentarão ajudar (acho) para vê-lo na equipe. Lembrando: sem pagar. O Flamengo abre as portas e Adriano tenta se recuperar como achar melhor.

Se em algum momento julgarem que ele pode ser útil, aí sim ofereçam um contrato com todas as cláusulas necessárias. E se ele quiser fazer como o Ronaldo e ir para outro lugar - o que duvido - que vá. Mas desta forma, o Flamengo não sacrifica sua Libertadores. Adriano não serve para jogar hoje e a competição acaba daqui três meses e pouco. Simplesmente não dá.

Lógico que teremos parte da torcida comentendo aquela burrice de pressionar o time enquanto ele estiver treinando. Mas isso já acontecerá no próximo jogo, se não for contratado até lá. Acontece que o Flamengo não pode pensar com a cabeça do torcedor.

Um Adriano em forma pode ser muito útil para o hepta. Mas "em forma" é muito mais do que fazer gol. Tem muito mais por trás. Lembrem daquele negócio de "quero jogador para meter gol, não para casar com a minha filha". Tem um preso que era bem dessa turma.

Flamengo Net

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