segunda-feira, 12 de março de 2012

Portas abertas para o Imperador



*O Blog da FlamengoNet tem como uma de suas premissas a pluralidade de opiniões. Nosso dever é criar a discussão, a polêmica e, why not, soluções. O texto abaixo é de autoria de Rodrigo Rötzsch, amigo da casa, e favorável à volta de Adriano para o Flamengo.

Antes de mais nada, uma pequena introdução sobre o autor deste texto.  Não tenho qualquer ligação com nenhuma torcida organizada ou movimento pró-Adriano nem qualquer simpatia pela gestão Patricia Amorim. Sou apenas um torcedor rubro-negro de quase 30 anos que viveu no dia de 6 de dezembro de 2009 o seu momento de maior felicidade na relação com o Clube de Regatas do Flamengo e atribui grande responsabilidade por essa felicidade a Adriano Leite Ribeiro, também conhecido como Imperador.

Primeiro, é forçoso reconhecer que Adriano é um jogador para lá de problemático. É óbvio que suas passagens pela Roma e pelo Corinthians foram fracassos retumbantes. É patente que ele se esforçou muito menos do que deveria para reverter essa situação.

E aí chegamos ao meu primeiro argumento: não devemos julgar o Adriano pelo que ele fez ou deixou de fazer em outros clubes. Por esse critério, ele jamais deveria ter sido contratado em 2009. O Adriano que nós aceitamos era um Adriano, que, lembremos, tinha fugido da seleção e desistido do futebol. Antes mesmo dessa desistência, já havia sido eleito duas vezes, em 2006 e 2007, o Bidone D’Oro, ou pior jogador da Série A do Campeonato Italiano. Racionalmente, não havia nenhum motivo para a sua contratação. Então para os que dizem que o Adriano de 2012 está longe do Adriano de 2009, eu respondo que o Adriano de 2009 também estava longe do seu auge, e nem por isso deixamos de contratá-lo, e nem por isso deixou de dar certo.

Os detratores de Adriano citam ainda um suposto fracasso no ano de 2010 como argumento contra sua volta ao clube. Mas esse suposto fracasso não resiste a uma análise mais detalhada. Vagner Love, recentemente exaltado em seu regresso, tinha como principal cartel seu retrospecto de 23 gols em 29 partidas de 2010, o que dá uma média de 0,79. Pois bem: Adriano, no mesmo período, marcou 15 gols em 18 partidas, ou 0,83 de média. Ou seja: superior ao fantástico desempenho de Love, mas visto como um fracasso. Isso sem contar que boa parte desses gols foram marcados em clássicos locais e em 3 dos 4 confrontos decisivos na Libertadores. O Flamengo fracassou na Libertadores apesar de contar com Adriano, e não por causa disso.

É claro que há um grande risco de a contratação de Adriano dar errado. Mas aí é que eu faço a pergunta: e se der errado? Será apenas mais uma aposta errada entre tantas que fizemos, o clube não irá acabar por causa disso, nem nossa dívida se tornará mais impagável do que já é. É um risco? É. Mas se der tão certo quanto em 2009, não terá valido a pena corrê-lo?

Claro que o ideal seria que Adriano firmasse o chamado contrato de risco, ou de produtividade, recebendo só se jogasse um número x de partidas e fizesse um número y de gols. Também seria melhor se ele não recebesse um salário astronômico. Não há como não concordar com essas premissas, e creio que isso é perfeitamente negociável.

Acho que ao fechar as portas terminantemente para Adriano, a torcida incorre no mesmo erro do qual acusamos a presidente Patricia Amorim: maltrata seus ídolos. Não dar uma chance para Adriano, para mim, é atitude na mesma linha de expor Zico a uma investigação comandada pelo Capitão Léo e deixá-lo sair do clube, demitir Andrade por não ganhar um Campeonato Estadual ou encostar Pet por seis meses treinando separado na Gávea antes do jogo de despedida.

Adriano precisa de uma segunda chance. Vocês dirão que ele já teve até bem mais de duas. Não no Flamengo. No ano passado, o Flamengo lhe negou a segunda chance. É hora de corrigir o erro.

Afinal, como disse um jornalista rubro-negro no Twitter nesta tarde, “ele nasceu ali, gosta dali e jamais foi feliz em outro lugar”. Nem nós fomos tão felizes recentemente quanto em 6 de dezembro de 2009.

Rodrigo Rötzsch, 29, é jornalista e rubro-negro



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