É aquela coisa: Você tem um desafio enorme, gigantesco pela frente. Aí aparece uma solução meio inesperada, que praticamente lhe cai no colo. Não que seja inevitável, mas em 99% das vezes a pessoa (a) relaxa, porque vê seu principal problema teoricamente resolvido e ( b ) começa a se achar “o cara” ( independente de gênero, friso bem ), porque deu aquela sorte e acha que se aconteceu uma vez pode ou deve acontecer de novo. É até natural, faz parte da natureza humana, mas cobra seu preço depois.
Não me lembro se alguém contestou a parceria com a Traffic, que resultou na vinda do R10. Lembro que desde o começo, aqui no BLOG, muitos cobraram a transparência dos termos dessa parceria, mas não a parceria em si ou a conveniência de ser com essa empresa. Não importa. Nós não fomos eleitos para dirigir o clube. Nós não somos aliados de pessoas que estão nesse meio há décadas e que teriam obrigação de desconfiar, pesquisar e se cercar de todas as garantias de que esse era o caminho mais certo a tomar. Tudo indica, que não era. A Traffic tem problemas, planejou mal, fez compromissos que não tinha certeza de que poderia honrar e agora quer dividir esse prejuízo com o Flamengo. Essa é uma conseqüência perversa do contrato com a TV ter aumentado tanto.
O mais preocupante é que entramos numa espiral de fatos que afetam uns aos outros e que afetam o futuro de curto e médio prazos do clube. A confirmação com R10 depende do novo contrato, que depende de abrirmos novas concessões para uma empresa que não vai bem e que pode gerar outras conseqüências que vão afetar clube, time e torcida. Disso depende o patrocínio máster e também a paz interna no time, que tem desafios que se tornam cada vez mais difíceis, em função das circunstâncias que o próprio emaranhado de causas e efeitos vai criando.
É cristalinamente claro, pelo menos para mim, que o futebol do R10 é diretamente proporcional à regularização de sua situação. Ele cresceu após o período de adaptação ao país e ao clube e imediatamente após começarem os problemas com a Traffic começou a declinar. Não vai melhorar se seu problema não for resolvido, estou convencido disso. Ele sempre vai negar, vai cumprir seus horários e obrigações, mas não vai brilhar. Pode, mas não vai.
Mas “o cara” acha que vai dar tudo certo, porque é o ungido, o iluminado. Não se preocupa com as conseqüências que afetem a vida após as eleições, do clube ou da política. Não vê que há más notícias na mídia, que podem afetar as futuras negociações com fornecedor de uniforme, patrocinadores e até com a TV. Insiste que tudo vai acabar bem, porque...bem, porque “Papai do Céu” escolheu sua “figura ímpar” para brilhar. E ajuda a turvar ainda mais o horizonte com essa confusão que ajudou a criar, irresponsável e alegremente.
Não temos o direito de nos curvar ao pessimismo. Temos que fazer o que estiver ao nosso alcance para ajudar a corrigir isso. Mas que tem um cheiro de que vai dar merda, ah isso tem.
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