sábado, 3 de dezembro de 2011

Ídolos e Mitos

Um fim de semana inesquecível. Independente do resultado do jogo contra o time das bigodudas, os dias 3 e 4 de dezembro estão marcados por 2 acontecimentos históricos.

O primeiro é o adeus de Ronaldo Angelim ao Flamengo. Ao clube, sim. À nação, jamais. De fala mansa, calmo, e ponderado até nos momentos de nervosismo, o Magro de Aço pode ser considerado "um daqueles caras".

O gol que marcou em 6 de dezembro de 2009 brindou o amor mútuo que Angelim, torcida e clube viveram. O respeito pelo Manto, o amor ao clube, sua vontade de se recuperar para jogar, tudo isso serviu para que eu reconheça no jogador um ídolo, mas acima de tudo, um mito. 

A foto do blog - tirada pelo amigo Maurício Neves (@flapravaler) foi única, tal qual a história de Angelim no Flamengo.

O que se pode dizer mais? Simples: Obrigado, Angelim. Que Deus ilumine seus caminhos, com saúde, paz e sucesso. Você está na história do Flamengo, e no coração da Nação.

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E, em se falando de história, hoje tive uma honra única. Passei alguns minutos ao lado de Rondinelli, Andrade, Adílio, Júlio César - o Uri Geller, Nunes, Nélio, Marquinhos, Piá e alguns outros "veteranos".

Rondinelli é um dos que você passaria horas conversando. O autógrafo que ele deu em um livro me emocionou de uma forma ímpar. Eu gritei o nome dele na arquibancada. Chorei com seus gols, e com sua ausência na final de 80. E ver nele a simplicidade, a atenção com que atendeu cada um dos torcedores presentes no salão, realmente, emocionou. A paciência e o carinho dos jogadores com os torcedores que foram até a Casa do Urubu II - uma das sedes da FlaParaná -me fizeram enxergar o que difere - assim como com Angelim - o ídolo do mito. Ao chegar perto do Deus da Raça, disse: "Obrigado pelo gol de 78". Ele riu e disse: "Que isso? Nós é que temos que agradecer o carinho de vocês, torcedores.

Júlio César. De livro e Manto, parei ao seu lado. De cara, falei: "Eu sou canhoto. Quando era moleque, sonhava em ser você. E apanhava um bocado nas peladas". "Sério??? Qual o seu nome? Pô, Alexandre, que maneiro. Dá aqui o livro, vou autografar com o maior prazer." Sempre rindo, com aquela cara de ponta-esquerda moleque. "Me diz 2 coisas: a primeira, eu quero saber onde diabos você tava indo no gol do Nunes em 80. Você deu um 360 graus que até hoje choro de rir?" Seguido de uma gargalhada, ele explicou: "Eu ia ver minha mãe (depois me perguntei como alguém pode saber onde está a mãe num universo de milhares de pessoas. Ele podia). Aí, no meio do caminho, me lembrei e voltei pra comemorar com o Nunes. Eu fiquei muito maluco naquela hora". E tome gargalhadas. 

Depois questionei quem era o dono do drible "Deixa eu ver seu número". Se dele ou do Adílio. Mais uma gargalhada. "Ele fazia de um lado, e eu do outro". Deduzi que o Adílio entortava os zagueiros pra direita, e ele pra esquerda. Uma figura única. Assim como o Rondinelli, um carinho enorme com todos os torcedores. 

Andrade abraçou, tirou fotos, autografou. Adílio, idem. Ainda tirei fotos com Piá e Nunes.

A lição que tiro é que não se fazem mais ídolos como antigamente. Hoje, tem que falar com assessor, esperar pelo beltrano liberar pra 4 minutos de fotos. Os jogadores de antigamente respeitavam mais o torcedor. Os clubes, idem. Hoje blindam aqueles que "idolatramos". 

Não se tornam mitos, mas intocáveis. Inaceitável para uma torcida apaixonada como a Nação. 

Estes jogadores que hoje trajam o Manto deveriam passar por um treinamento de história. Aprender com jogadores que ganharam o título máximo da nossa história, e que se comportam como se fossem meros mortais. Aos meus olhos, são imortais. Mitos que me fizeram rir e chorar. E que, não fosse uma respirada para continuar falando, me fariam chorar novamente. Conversar com o cara que arrombou o goleiro Leão em 78, conversar com o cara que entortou os laterais direitos por anos, isso emociona, pois ali não estão jogadores. 



Está a história mais linda - nua e crua - do Flamengo que aprendemos a amar.

E nada mais digo.

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