domingo, 14 de agosto de 2011

O FLAMENGO, ONIPRESENTE

(Gustavo de Almeida)

Quando a TV Globo filmar as arquibancadas neste domingo (14/08) lá no Orlando Scarpelli, eu estarei procurando, com muita felicidade, uma faixa onde estará escrito FLA-LAGES. É claro, por todo o Brasil há manifestações rubro-negras, todas de igual raça, amor e paixão, posto que somos todos devotos da mesma divindade. Mas me permitam dizer que a Fla-Lages tem alguma coisa de especial, sem desmerecer de maneira nenhuma todas as outras manifestações Brasil afora.

Foi na Fla-Lages que, à maneira de São Tomé, eu vi para crer, e vi que o Flamengo está em todos os lugares, e todo aquele lugar em que Sua Presença não é sentida tende a nos sufocar com o enxofre dos dias cinzentos. Na Fla-Lages, recebido de forma excepcional pelo Renato, que preparou um dos melhores churrascos que já provei na vida, vi a vitória sobre o Coritiba, ao lado do Renato, da Tia Vânia, do Mauricio, do Fernando, do Wanderlei e do Fábio – e me perdoem se esqueci alguém, já que, pelo estado em que fiquei depois, a cabeça já não funcionou direito. Mas o coração batia de felicidade e a minha sensação era de que eu nunca estive tão seguro antes. Ora, como não me sentiria seguro e confortável?

Ali estava o Flamengo, em toda sua onipresença, em todo seu esplendor: amigos reunidos em torno de uma causa, de milhares de histórias.

Ali estava o Flamengo, com a marra peculiar, com a confiança incomparável, que vira desilusão e volta a ser fé em questão de segundos. Era aquele Flamengo, que a gente acha que sim, que não mas que na verdade não precisava achar ou procurar – pois que está sempre ali! Era aquele Flamengo que, no fundo, a gente sabe, nem precisa ganhar mais nada para ser o Flamengo. Aliás, na Fla-Lages nós temos a nítida sensação de que mesmo que não tivesse ganho nem um título sequer em seus 116 anos de história, o Flamengo ainda seria esta divindade que nos toma o coração e a alma.

Conhecer a Fla-Lages foi quase uma epifania, uma dessas revelações que muda nosso trajeto no mundo. Lá estão as preciosidades coletadas com carinho pelo Renato ao longo de décadas: recortes, revistas, livros sobre o Flamengo, CD, DVD, VHS, camisas de todos os tipos, faixas, flâmulas, figurinhas. Uma sala inteira dedicada ao tema, com uma TV colocada em altura profissional para que vários possam torcer ao mesmo tempo.

Vi fotos de visitas à Fla-Lages feitas por Rondinelli, Adílio, Djalminha, Nélson (zagueiro de 1979), vários outros que já passaram pelo Flamengo. É como se a Fla-Lages fosse, não uma simples embaixada – uma divindade que está em todos os lugares não precisa de “embaixadas” - mas uma forma de o Flamengo provar sua existência naquela Lages tão bucólica, tal e qual Deus se manifestando na aurora boreal do longínquo Ártico ou no lamento dos tigres à margem do Ganges.

Com extrema humildade e muito carinho, o Renato me solicitou a escrever dedicatória no livro Ser Flamengo, que ajudei a escrever há uns quatro anos. Para mim, foi uma honra absurda, que eu pensava imerecida. Em seguida, me pediu um texto e uma assinatura no livro da Fla-Lages. Me senti quase que condecorado, por poder ter a honra de deixar meu nome assinado naquela monumental História flamenga.

Espero merecer voltar outras vezes à Fla-Lages, apesar do vinho derramado (não por mim, mas deixei o copo em local arriscado) na hora do gol. Ir à Fla-Lages é como tocar o Flamengo, do mesmo jeito que fazemos ao pensar nos nossos gols de outrora, nossas vitórias, nossos amigos que se foram, e nossos – afinal hoje é dia – pais, estes grandes responsáveis pela bendita herança que é Ser Flamengo.

Obrigado, Fla-Lages, e obrigado ao Flamengo por tudo. Hoje é dia de procurar vocês na arquibancada.

Flamengo Net

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