domingo, 13 de março de 2011

Os "clássicos" da vida
Texto extra, por Hermínio Corrêa

Toda véspera costuma ser angustiante.

Não sei se com isso fujo à normalidade do ser humano, mas a noite anterior a qualquer coisa importante na minha vida costuma ser terrível.

Durmo pouco, cismo ser vigia das horas que não passam até me entregar ao sono, torcendo para que chegue logo o momento da grande emoção.

No dia seguinte me levanto, confiro o relógio e penso: “É hoje!”

Depois de um banho para despertar, começo a me arrumar e me questiono: “Irei com o Manto?”

Não sei o porque da dúvida. Sem ele sempre me sinto mais um. Mas com ele, me sinto um soldado armada pronto para qualquer batalha. E se o dia promete mais uma alegria, porque não me vestir a caráter?

Me arrumo. Cogito uma refeição qualquer antes de sair, mas a essa altura a fome já foi engolida pela expectativa.

Pego o carro. O caminho para o grande palco das emoções certamente seria tranqüilo, mas não hoje, dia em que quero chegar logo. São os sinais que teimam em fechar na minha vez, ou o caminhão que fechou o cruzamento ou ainda aquela rua que me leva quase que diretamente à porta, logo hoje por algum motivo está com desvio.

Faz parte. Imagino que seja fruto de minha tensão.

Eis que chego. Demoro, encontro uma vaga de estacionamento. E respiro: "Cheguei".

Sou daqueles que quando perdido, se encontra sem precisar de ajuda. Mas dessa vez, não sei porque, perguntei: “ Por onde entro amigo?”

Qual minha surpresa ao ouvir: “Com essa camisa, tá liberado. Passe aqui”. Era a deixa para me sentir em casa. Aliás, onde um Flamenguista não se sente em casa? Ser Flamengo é ser maioria.

E entro. Caminhando altaneiro, peito estufado, Manto envergado. “É hoje, e vai ser Flamengo!”

Há os que olham e invejam, temem essas cores, sabem o peso por trás de um “CRF”. Sei que nessas horas, alguns se questionam: “Porque não tive essa honra de nascer Flamengo?”

Outros mais, reverenciam. Não precisa necessariamente ser Flamengo para saber que o “Flamengo, é o Flamengo”. Olham, respeitam, compreendem.

Graças à Deus tenho um pai abençoado, que me instruiu no bom caminho. Não tenho problemas de estima ou de afirmação. Ao contrário, em meu Rubro Negrismo chego a ser arrogante, ainda que reconheça que ser Flamengo em essência é ter a humildade do gari geraldino, aquele mesmo que você vê nas imagens sorrindo sem dentes, debaixo de chuva, grudado em seu radinho, devidamente trajado em vermelho e preto.

Quantas vezes não me emociono em saber que nosso Flamengo é assim, de povo humilde.

Enquanto reflito nessas questões, a hora avança. Nem percebo que todos estão reunidos, em uma mesma expectativa, até que... “prííííííííí”!

E o Grande Juiz da vida trilha seu apito.

Foi assim em 20/04 com o nascimento da minha primeira filha, Giovanna.

Foi assim ontem, 12/03, com o nascimento da minha segunda filha, Luiza.

E esse é o jogo da vida.

Normalmente, é o Flamengo quem traz grandes alegrias pra minha vida, como sei que traz à vida de todo Rubro Negro. Mas me impressiono, comigo mesmo, em como não me permito deixá-lo de fora mesmo quando não é ele a razão.

Digo a vocês que hoje durmo o bom sono daqueles que cumprem sua jornada: Minhas princesinhas Já nasceram Flamengo.

E assim, desde o berço, já deixo aberta uma das portas de felicidade para a vida delas.

Saudações Rubro Negras, sempre!

Flamengo Net

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